Capítulo 16: Uma briga só atrapalha.

 A presidente tá aqui! Será que ela veio me dar uma advertência por causa daquela vez em que eu tava correndo.

 A presidente, junto da vice-presidente e mais dois membros do conselho, entram na sala do clube, eles vão em direção do presidente John. A presidente chega e cumprimenta ele:

 - Caramba, por que o conselho tá aqui?

 - Será que aconteceu alguma coisa.

 Um grande murmúrio começa com essa aparição repentina do conselho, todo mundo tá bem curioso sobre isso:

 - O que você acha que tá rolando? - o Mike surge do nada e me pergunta.

 - Sei lá, vai ver a gente quebrou alguma regra da escola ou coisa assim.

 - Isso não é bom, a peça já tá atrasada, mais problemas só vão piorar a situação.

 Depois de tanto trabalho, tem essa agora, dependendo do que o conselho fizer, todo o nosso esforço vai ser perdido... Se bem que, eu acho talvez esse não seja o caso:

 - Mesmo que sendo uma pessoa muito irritante, a presidente é uma pessoa legal, ela não é o tipo de pessoa que atrapalharia o esforço de tantas pessoas sem ter um bom motivo.

 O meu comentário espanta o Mike:

 - Hã? De onde veio isso? Pensei que você odiasse a presidente.

 - Odiar é uma palavra muito forte, eu e ela só temos personalidades muito diferentes.

 - Suspeito.

 - Atenção pessoal!

 O presidente John chama a atenção de todo mundo clube, isso logo depois de conversar com a presidente. Talvez isso tenha a ver com o que eles estavam discutindo:

 - Eu tenho uma ótima notícia pessoal! O conselho estudantil se ofereceu para ajudar na produção da peça! – diz o presidente John.

 De início, todos ficaram surpresos, mas logo todo mundo começa a vibrar, alguns até mesmo a aplaudir. Pra falar a verdade, o conselho estudantil não tem tanta gente assim a ponto de fazer muita diferença, isso tá mais pra um apoio psicológico. E funcionou muito bem:

 - A partir de agora, eu e outros membros do conselho vamos nos dedicar a ajudar o clube de teatro, peço a cooperação de todos – diz a presidente bem alto para todos ouvirem.

- Uuhhhhuuu, o conselho vai nos ajudar!

 - Viva o conselho estudantil!

 - Eles são demais!

 O Mike fica visivelmente surpreso:

 - O conselho vai ajudar? Juro que eu não esperava por essa – ele diz.

 - Viu? Eu disse a presidente é uma pessoa legal- eu digo em um tom triunfante.

 - Tá, tá, mas como você descobriu que ela é uma pessoa legal? Em?

 - Por motivos estranhos, eu e ela temos passado bastante tempo juntos ultimamente, acho que depois de um tempo, eu acabei entendendo ela um pouco.

 - Hm, resumindo, você tem passado muito tempo admirando a presidente, tá apaixonado? - ele diz isso com um tom de deboche.

 - Vai se ferrar! Você devia se preocupar mais com a sua vida amorosa, do jeito que as coisas estão, a peça vai acabar sem você e a Aurora trocarem uma palavra.

 O rosto dele fica vermelho de raiva na hora, eu cutuquei na ferida:

 - Me chamou? - a Aurora aparece nada! Assombração!

 - Eh, nós só estávamos discutindo sobre como sua irmã é legal – eu digo tentando disfarçar.

 - Falando sobre a minha irmã, é? - ela abre um sorriso esquisito pra mim.

 Acho que tem um mal-entendido aqui, mas isso eu resolvo depois. Agora que eu reparei, o Mike ficou quieto de novo, ele ficou todo tímido. Eu achava que ele era de boa, mas esse cara é uma criança. Isso pede um apoio de um amigo:

 - Aproposito Aurora, o meu amigo Mike aqui me disse que tem interesse em atuação, se importa levar ele com você pra ele ver os ensaios?

 - Hã? - ele ficou surpreso.

 A Aurora parece ficar animada com ideia:

 - Claro, eu te levo, também vou te apresentar para os atores do clube, só me espera aqui, eu tenho que conversar algo com a minha irmã.

 Ela se afasta de nós e vai até a presidente. O Mike fica animado com isso tudo, mas também um pouco assustado. Ele me segura pelo braço e fala:

 - De onde você tirou essa história de eu ter interesse em atuação?

 - Eu disse que você tem interesse, não que quer virar ator, tudo que você tem que fazer é ir com ela e jogar um charminho pra cima dela. Aproveita a chance que eu tô te dando.

 - T-Tem certeza que isso é uma boa? - ele me pergunta meio envergonhado, esse cara é uma moça!

 - Confia no pai aqui rapaz! Já te botei em alguma furada antes?

 - Já, várias vezes.

 - Ou seja, significa que tenho experiência em trapalhadas, e essa experiência tá me dizendo que isso vai dar certo.

 Pela cara que ele fez agora, acho que ele não tá botando muita fé no meu plano. Gente ingrata é osso:

 - Pronto, vamos indo Mike? - a Aurora voltou.

 - C-Claro.

 Sem dizer mais nada, ele fica ao lado dela e os dois caminham juntos, antes de sair da sala, o Mike olha pra trás e me faz um “beleza”, eu pude ver nos olhos dele, a gratidão. Eu também faço um “beleza” pra ele. Boa sorte meu amigo:

 - Pra onde está olhando Finn? – a presidente aparece do nada.

 - Eh... Ah, tô olhando pra aquilo – eu aponto pra parede.

 - Para a parede?

 - A tinta é muito bonita.

 - Você é estranho.

 Olha quem fala. Agora que eu reparei, eu não sabia que eu e a presidente tínhamos tanta intimidade pra falar assim de forma tão casual:

 - E então, por que vocês vieram ajudar? - eu pergunto pra satisfazer minha curiosidade.

 - O conselho reconheceu que essa peça é algo que vale a pena investir, ela vai ser uma homenagem aos que vão se formar esse ano, sem falar que vários membros do conselho têm amigos aqui.

 - No seu caso, a Aurora, né?

 - É, você entende rápido - isso soa como um elogio.

 Droga, com esse “elogio” dela, eu me lembro do cinema, finalmente a vergonha bateu. Meu rosto cora levemente. Ela me olha no rosto e percebe isso em mim, estranhamente, ela vira a cara, mas eu percebo nas orelhas dela, que ela também corou.

 Maldito toque de mãos. Alguém me tira daqui! Isso tá muito constrangedor:

 - My lady - amém!

 - Eh... Edward - é nítido o descontentamento dela na voz.

 - Por acaso você veio aqui para me ver? - folgadinho em.

 - Eu vim em nome do conselho ajudar o clube, não tem nada a ver com você! - ela diz de forma brusca.

 A aura de metido dele parece se enfraquecer por um instante, ele recua um pouco parecendo surpreso, pelo visto, ela deu um dano crítico nele. Você consegue! Vai com tudo presidente:

 - Eh... Preciso ir ao banheiro – diz a presidente.

 É o que? Vai fugir logo quando tava começando a ficar bom. A presidente vai embora e me deixa sozinho com o Ed que parece meio desconcertado. Agora eu tô sozinho com esse idiota, alguém me salva:

 - Aí Ed! - um cara fala com uma voz irritada, graças aos céus.

 Um cara se aproxima e fica de frente pro metidinho, o cara tá visivelmente bravo, ele encara o Edward de um jeito mortal, como se fosse acabar com ele:

 - Quando é que o roteiro vai ficar pronto?! - ele pergunta em um tom irritado.

 - Hum, Francis, escuta aqui, não se apressa a arte, eu...

 - Não me interessa! Eu quero saber quando o roteiro vai ficar pronto! - o cara grita.

 A atenção de todos é roubada com esse grito repentino. Gente, que mico:

 - Se você não consegue terminar a droga do roteiro, então deixa outro fazer – diz o Francis, acabei de ouvir o nome dele.

 - Desculpe, mas eu duvido que tenha alguém aqui capaz de completar o meu roteiro.

 - Como é? - o Francis já tá serrando os punhos.

 - Ei! Ei! Vocês dois, chega disso – o presidente se põe entre eles.

 - Você não termina o roteiro, não deixa outras pessoas ajudarem, desrespeita os veteranos, atrasa tudo, sem falar que você é tão arrogante que não permite que a gente mude nem mesmo uma frase da sua droga de roteiro!

 - Meu roteiro não é uma droga seu sem cultura!

 - Chega! - o tom do presidente ficou grave e autoritário.

 Não deve ser normal o presidente perder a calma, porque nessa hora, todo mundo se assustou e um silêncio enorme caiu sobre o lugar, o clima ficou tão pesado que dava pra cortar com uma faca:

 - Mesmo que tenhamos perspectivas diferentes, todos nós queremos a mesma coisa, fazer uma peça incrível. Eu entendo que vocês tenham suas desavenças, mas brigar não vai nos levar a nada agora.

 As palavras do presidente ecoam por todo o lugar, esse cara é realmente incrível, ele conseguiu resolver tudo com um discurso. Eu achei o discurso meio brega, mas por ser ele que tá falando, isso acaba nem importando:

 - Ele tá atrapalhando... - diz o Francis.

 - O que? - pergunta o presidente.

 - Ele tá atrapalhando! Esse moleque arrogante chegou aqui se achando o bambambam, mas tudo que ele faz é nos atrapalhar! Ele ignora todo mundo! Não termina a droga do roteiro e atrapalha todo mundo!

 - Ei, calma lá Francis... – o presidente tenta acalmar ele.

 - Nós, os mais novos, estamos fazendo essa peça pra mostrar nossa gratidão pelo seu apoio e o apoio dos outros veteranos, todo mundo aqui se sente assim, mas esse cara chegou e começou a avacalhar tudo com esses ideais idiotas dele.

 - Já chega Francis! Mesmo que eu fique feliz com toda essa gratidão, eu não quero ver o pessoal clube brigando!

 De uma forma bem imponente, o presidente novamente toma o controle da sala. O Francis recua um pouco, parece que essa treta acabou.

 A plateia que tá assistindo tudo isso começa a comentar, pelo que eu consigo ouvir, alguns estão elogiando o presidente, mas a maioria só tá xingando o Edward, acho que a opinião do Francis é a da maioria.

 Mesmo que sejam em sussurros, tá obvio que o Ed (apelido que eu acabei de me apropriar) tá ouvindo, acho que eles estão fazendo isso de propósito:

 - Idiotas - o Ed diz pra todos ouvirem.

 Ele tira de baixo da camisa um monte de folhas de papel. Ele entrega essas folhas pro presidente:

 - Podem ficar com o roteiro. Ficou claro pra mim que vocês são um bando de idiotas que não reconhecem minha genialidade.

 - Hã?

 Nem preciso dizer que todo mundo ficou pistola na hora. Pra que mandar uma dessas? Eles já tão bravos com você, não piora as coisas:

 - Não preciso estar em um lugar onde não posso aflorar o meu talento. Eu desisto do roteiro, terminem por mim ou joguem fora. Boa sorte pra vocês, agora que eu saí, vão precisar.

 - Hã? Edward, espera! – diz o presidente John.

 Sem olhar pra trás, ele sai da sala e ninguém, além do presidente, tenta parar ele. Acho que pessoal do clube quer dar é uma surra nele. Não esperava que ele tivesse um ego tão frágil, ele nem tentou se defender, só largou de mão e foi embora:

 - Presidente, agora nós temos que escolher um novo responsável pelo roteiro – diz o Francis.

 - Espere, temos que tentar falar com...

 - Não temos tempo pra isso presidente! Precisamos do roteiro pronto logo.

 Coitado do presidente, ele claramente quer ir atrás do Edward pra resolver as coisas, mas ele também não pode se dar ao luxo de ignorar a opinião dos outros membros. Pelo jeito, as coisas vão ficar ainda mais difíceis nessa peça. Que merda!

 Continua...

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