Não é possível, por que a presidente? Eu pensava que ela tinha trabalho no conselho estudantil ou coisa do tipo, então por que ela tá aqui? Se me disserem que ela tá me perseguindo, eu acredito:
- Ahh, você tá de castigo também presidente? Você não tem trabalho no conselho?
- Eu me senti mal por ter chegado atrasada, então eu me voluntariei para ajudar, como forma de me redimir.
Uma pessoa integra, eu devo admitir:
- Já o trabalho no conselho, como não tem muito o que resolver hoje, eu consegui encaixar isso na minha agenda.
- Hum, saquei. Os papeis que a gente deve organizar são esses.
Eu aponto para o Evereste de papel ao meu lado, ela vai até eles e pega um para lê-lo, depois ela olha para a pilha de papéis que eu já mexi, eu sinto um ar de desprezo nos olhos dela:
- Algum problema? – eu pergunto.
- Você está aqui desde o fim das aulas?
- Bem, sim.
- Que quantidade ridícula, com o tempo que você teve, eu já teria feito o dobro disso.
- A é? Se é tão fácil, senta aí e faz o seu! - já perdi a paciência, mas quem pode me culpar?
O olhar da presidente fica igual ao de ontem, quando ela deu uma surra naqueles trombadinhas. Será que ela vai me bater também? Mas eu também não costumo recuar, então eu encaro ela de volta.
Depois dessa troca de olhares, ela senta em uma cadeira do outro lado da mesa e começa a mexer os papeis. No fundo do meu coração, eu sei que esse arranjo não vai dar certo, esse é o pior arranjo possível.
Dois minutos depois.
Confesso, eu falei besteira, que bom que é a presidente, ela disse que fazia esse trabalho duas vezes mais rápido que eu, mas pelo que eu posso ver, tá mais pra três vezes mais rápido.
Ela parece uma máquina, eu tô impressionado, não acredito que isso tá acontecendo, dessa vez a presidente é a minha sorte, meu trunfo, minha salvadora.
Com a presidente junto comigo o trabalho ficou bem mais fácil, depois de uma meia hora a pilha já tava quase na metade, nunca pensei que veria se Evereste de papel cair dessa forma:
- Se apresse Finn! Parece uma tartaruga! - ela diz isso pra mim do nada.
Ok, ok, confesso que eu posso não estar dando tudo de mim nesse trabalho, mas fala sério! Parece que é só eu elogiar essa garota que ela já me dá um motivo pra odiar ela de novo. Como eu não quero que ela fique puxando a minha orelha, eu comecei a dar os meus 100% nesse negócio, ela vai ver quem é a tartaruga aqui!
Pelos próximos minutos, eu fui dando o meu máximo. Eu percebia a presidente me olhando de canto de olho de vez em quando, talvez ela estivesse vendo se eu estou trabalhando, mas como eu tô dando duro, ela não tem do que reclamar.
Meia hora depois.
Sei que eu disse que eu não gosto dela, mas ficar tanto tempo em silêncio assim com alguém me incomoda, então é hora de puxar assunto:
- Presidente, você tem algum Hobbie ou coisa parecida?
- Não estamos aqui para conversinhas.
Tá! Esquece, eu nem queria conversar com ela mesmo.
A gente voltou pra esse silêncio desconfortável, mas eu percebi que ela parecia meio inquieta agora. Eu quis perguntar o que ela tinha, mas eu tenho certeza de que se eu fizer isso ela vai dizer algo como, “não é da sua conta” ou “eu disse que não estamos aqui para conversinhas”, então eu escolho ficar quieto, de uma boca fechada não sai besteira:
- Tem algo entre você e a minha irmã? - ela perguntou.
Eu não entendo essa garota:
- “Não estamos aqui para conversinhas” presidente – eu digo com um sorriso sarcástico.
Fica bem obvio que agora ela ficou brava, ela me olha como se fosse voar na minha garganta, eu não sei o porquê dessa raiva, eu só repeti a frase que ela disse antes.
Depois de me encarar por uns segundo, ela volta a trabalhar, talvez ela tenha entendido o meu ponto, mas como eu disse, eu não me sinto confortável em silêncios constrangedores, então dessa vez eu vou dar o braço a torcer:
- Sobre a sua pergunta, não. Eu e a Aurora não temos nada, naquela hora ela só achou o meu celular no chão e me devolveu, foi só isso.
- Ah... Foi só isso? Que bom.
- Por que você não perguntou isso pra ela? Vocês se dão bem pelo que eu ouvi falar.
- Nós nos damos bem, mas ela tem um hábito de mentir para mim quando ela faz coisas que ela sabe que vão me irritar, principalmente depois de que eu virei presidente.
- Coisas que te irritam? Ela falar comigo te irrita?
- Não me entenda errado, é só que ela tem um péssimo gosto para homens, então eu sempre tento ficar perto para garantir que ela não seja enganada.
Sinceramente, eu não sei se ela me ofende de proposito ou se ela só é uma tapada mesmo, mas ao mesmo tempo que eu me ofendi, eu também me simpatizei, como um irmão de menina, eu entendo bem o que ela diz:
- Sério? A Aurora passa uma impressão de ser tão esperta.
- Ela é esperta pra muitas coisas, mas pra outros tipos de coisa ela é uma tapada.
Acho que essas irmãs são muito mais parecidas do que eu pensei haha:
- Sei como é, eu também tenho uma irmã.
- A Helen do primeiro ano, não é?
- Como você sabe?
- Eu fiz uma pesquisa sobre os potenciais valentões da escola, isso também incluiu o seu grupo de amigos, no meio da pesquisa eu acabei descobrindo sobre a sua irmã.
A forma tão natural que ela joga essas ofensas no ar e nem parece perceber poderia ser fofa, se não fosse um porre:
- Entendi, justo. Deve ser difícil ser a presidente, do jeito que eu sou preguiçoso, não consigo me imaginar em um cargo que dá tanto trabalho.
Ela franze a sobrancelha, como se ela tivesse achado esquisito algo que eu falei:
- Eu falei algo esquisito?
- Não, é que você disse que é alguém preguiçoso, mas pelo que eu posso ver o seu condicionamento físico é bem acima da média - ela diz isso me olhando de cima a baixo, sem nem ficar constrangida.
- Ah, é que o meu avô tem uma academia junto com uns velhos amigos, ele dá aulas de caratê e boxe, desde pequeno ele me obriga a participar, depois de um tempo isso acabou virando hábito pra mim.
- Hum, isso também explica o porquê você ser tão bom de briga.
- Tá, tá, mas e você. Pelo que eu pude ver ontem, você também tá longe de ter um físico mediano.
- Minha situação é parecida com a sua, treino caratê e taekwondo desde pequena.
Pera aí, só uma coisa, pela primeira vez eu e a presidente estamos tendo um papo normal, tirando uma alfinetada ou outra que ela me deu, nós dois estamos conversando normalmente. Que grande acontecimento:
Som da porta abrindo:
- Como vocês estão indo? - a professora Agnes voltou.
- Estamos indo bem, em breve vamos terminar – eu respondo.
- Se apressem com isso, esse é um documento importante.
Que mulher folgada, me bota pra fazer o trabalho dela e ainda vem me cobrar, se ela tá com tanta pressa, ela devia sentar aqui e ajudar:
- Entendemos senhorita – responde a presidente, ela fala de um jeito tão formal.
A professora fecha a porta, nos deixando sozinhos de novo:
- Temos que nos apressar – dia a presidente.
- Não acho que é pra tanto, não falta tanto assim, podemos fazer de boa.
- É que eu preciso voltar aos meus afazeres no conselho, mesmo que não tenha muito trabalho, eu ainda não me sinto bem jogando as minhas obrigações nas costas dos outros.
- Ah, entendi, então pode deixar que eu ajudo.
Quando eu digo isso, ela sorri por segundo, isso me deixa satisfeito, mesmo que essa situação de agora seja meio frustrante, já que a gente tava finalmente conversando como pessoas normais.
Só que eu simpatizei um pouco com essa conduta dela, então ajudar virou a minha prioridade nesse momento. Eu sou um cara muito legal, fala verdade.
Eu fico feliz em dizer que depois de aproximadamente uma hora e meia, nós conseguimos destruir o Evereste de papel, depois de muito esforço, suor e lagrimas a nossa missão foi cumprida.
Nós terminamos com os documentos, então só arrumamos as nossas coisas e trancamos a sala com a chave que a professora nos deixou:
- Como você tem trabalho no conselho, pode deixar que eu devolvo a chave pra professora – eu proponho isso porque eu sou um cara legal.
- Hum, ok. Obrigada.
- Presidente, só mais uma coisa.
- O que?
- Será que o dia de hoje pode ter feito você perder a vontade de me dar uma advertência por causa de ontem?
Tá bom, sei que eu posso tá sendo meio cara de pau, mas um homem tem que fazer o que um homem tem que fazer:
- Acho que... mesmo que estando errado, ontem você só quis me ajudar e eu tenho que reconhecer isso.
- Sério?
- E por nós estarmos fora da escola no momento da briga, a minha autoridade como presidente não valeu de nada naquela hora. De um ponto de vista objetivo, eu também só estava brigando, isso significa...
- Significa que...
É agora! Ela vai me deixar sair de boa! Ela vai me deixar sair de boa! Eu vou me safar:
- Significa que nós dois devemos ser punidos pelo que aconteceu ontem! - ela diz.
- É o que?!
- Nós dois erramos, portanto nós dois seremos punidos!
- Presidente! - grita um membro aleatório do conselho que surgiu do nada - está tendo uma discussão entre os membros do conselho estudantil! Você tem que vir ajudar!
Com o chamado de um dos membros do conselho, a presidente sai correndo para ajudar, sem nem me deixar um tchau aliás, me deixando sozinho com a minha confusão.
Eu não sei o que pensar, ao mesmo tempo que eu admiro a integridade dela, eu tô irritado por ela ter que me levar junto. Eu só quis ajudar, isso é um crime por acaso? Que mal eu fiz a Deus?
Continua...
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Atualizado até capítulo 51
Comments
Lara
kkkkkkkkk
2024-09-22
1