Capítulo 5: Nós dois de novo.

Trrrrriiiiiiiimmmmm – o sinal do horário de almoço.

Bem, depois dessa manhã complicada e algumas aulas bem chatas, é hora do almoço. O Mike acabou tendo que ir ao banheiro antes de comer, então eu vou pra cantina sozinho.

A minha fome tá grande, então eu tô com pressa, eu fui me levantar, mas aí eu percebi que o meu celular não tá no meu bolço, caramba! Mais essa agora pra piorar o meu dia:

- Isso aqui é seu?

Eu me viro e vejo uma garota segurando o meu celular, mas o que mais me espanta é a garota que está com o meu celular. É a Aurora, a irmã da presidente:

- Ah, sim, é o meu celular, obrigado, onde ele tava?

- Eu o achei caído no chão, acho que ele deve ter caído do seu bolço quando você entrou se rastejando hoje cedo.

- Você viu aquilo? É, não foi o meu melhor momento.

- Hahaha, eu achei engraçado na verdade, foi um bom jeito de quebrar a tenção no início das aulas.

Ela é tão gente fina, eu entendo por que o Mike gosta dela:

- Eu também quero aproveitar essa oportunidade para te agradecer por ter ajudado minha irmã ontem - ela diz.

- Ela te contou sobre isso? Bem, não foi nada.

- E me desculpe se ela tem te causado problemas ou coisa do tipo, é que ela leva o posto dela muito a sério.

- Hum, ela e eu... nos damos bem eu diria – confesso, uma mentira na cara dura.

- Sério? Que bom, vocês são amigos?

- Ah, eu não iria tão longe, eu diria que eu...

Nessa hora todas as minhas interações com a presidente começaram a passar na minha mente, todas as vezes que ela me ferrou, me esnobou e me zombou:

- (...) Diria... que respeito ela.

- Hum, bem, isso já me deixa feliz, ela não tem muitos amigos então...

- Vamos logo Auro – voz da presidente.

- Maninha? - disse a Aurora se virando e vendo a sua irmã lá na porta.

- Auro? Isso é um apelido? - eu perguntei.

- Não te interessa, vamos logo Aurora – disse a presidente.

Pelo amor, ela nem parece tentar fazer um esforço pra ser agradável. A presidente me encarou com uma cara feia e saiu andando:

- Ah, por que isso maninha? Desculpe por ela, tchau.

A Aurora se despediu de mim e foi atrás da irmã pentelha, eu não consigo acreditar que elas são irmãs, a Aurora é tão boazinha, já a presidente é um porre.

Se bem que ela pareceu mais irritada hoje do que o normal, talvez ela goste de ser a irmã mais velha protetora, se bem que eu não sei qual delas é a mais velha. As duas estão no mesmo ano, então talvez sejam gêmeas:

- Ainda tá aqui?

O meu raciocino é interrompido pelo Mike que voltou do banheiro:

- Hã? Voltou por quê? - eu perguntei.

- Eu esqueci o meu celular na mochila. E você, ainda não foi pra cantina por quê?

- Ah, eu... - se eu disser que tava de conversinha com a Aurora, tem uma boa chance de ele ficar bolado comigo – (...) tava procurando o meu celular, que nem você.

- Hum, tá. Vamos pra cantina logo, o pessoal deve estar esperando a gente.

- Beleza, vamos que eu tô com fome.

Mais pra frente no tempo, algumas horas depois, chega as 16 horas, hora de ir pra casa ou ao menos era pra ser, mas hoje eu tô de castigo, de novo, então eu vou ter que ficar depois da aula, DE NOVO!

A pior parte vai ser contar pra Helen que eu não vou poder ir pra casa com ela hoje também, ela já tá brava por causa de ontem. Será que o fato de eu não estar de castigo por causa de uma briga melhore um pouco as coisas?

Depois que o último sinal tocou, assim como ontem, eu fui a entrada, contar pra Helen que hoje ela também vai embora sozinha. Assim como ontem, eu chego e ela tá no portão me esperando, conversando com a Mia e a Mai, ela parece feliz.

Talvez a conversa saia melhor do que eu tô esperando:

- Oi maninha.

- Hum, chegou cedo hoje também, não vai me dizer que está de castigo hoje também.

Na mosca! Eu fico quieto, sem saber o que dizer, ela fica brava na hora:

- Você só pode estar brincando, né? - diz ela com uma voz furiosa.

- Se serve de consolo, não foi por causa de uma briga dessa vez... haha...

- Caramba em Irmão da Helen, você é um delinquente mesmo – diz a Mia.

- Eu faço o que poço haha – eu digo isso tentando mudar o clima.

A Helen vira as costas pra mim e vai embora sozinha, essa frieza dela comigo doeu:

- Não se preocupa Finn, vamos acompanhar ela até em casa – diz a Mai. Ela é tão gente boa.

- Deixa com a gente, irmão da Helen.

- Obrigado vocês duas.

Elas correram atrás da Helen e começaram a acompanhar ela, fico feliz que a minha irmã tenha boas amigas. O complicado vai ser eu pensar em um jeito de fazer ela ficar de boa comigo de novo, mas eu penso nisso em outra hora.

Depois dessa interação nada agradável com a minha irmã, eu comecei a andar até a sala dos professores, o lugar onde eu vou ajudar a professora com papelada dela. No caminho eu acabei passando ao lado dos campos da escola, onde os clubes de esportes ficam depois da aula:

- Aí! Finn!

Na hora eu reconheço a voz, é o Jonny, ele faz parte do clube de futebol:

- Tá indo na sala dos professores? - ele pergunta.

- Não, tô indo jogar peteca mané!

- Vixi, tá estressado pelo jeito.

- E como não estar, ontem eu fiquei de castigo, hoje eu fiquei de castigo, minha irmã tá brava comigo e meu avô com certeza vai me obrigar a participar do treino no horário da noite, sendo que eu não gosto de treinar a noite!

- Falta de sorte, se quiser eu posso ver o seu horoscopo Finn – uma voz que eu não reconheço vinda ao fundo.

Eu me viro pra ver e vejo uma garota se aproximando de nós, lembrei, ela é uma das ajudantes do clube de futebol. Parando pra pensar, eu não lembro o nome dela, mas eu acho que vai pegar mal se eu perguntar:

- Ler o horóscopo dele? Tá com tanto tempo livre assim, em Charlie? - o Jonny disse o nome dela, sorte grande.

- Eu poderia dizer o mesmo de você Jonny, o treino mal começou e você já está de bobeira – ela responde em um tom cínico.

O Jonny dá uma risadinha e ela um sorriso. O Jonny é sempre tão cabeça quente, mas com ela, ele parece tão relaxado. Hum, talvez esteja roloando algo entre eles que eu não saiba:

- Mas e então Finn, quer que te diga o seu horóscopo?

- Foi mal, talvez depois, se eu me atrasar agora tem chance de ela dobrar o castigo.

Eu dou um tchau apressado e saio correndo pra chegar na diretoria:

- Ei, Jonny, você sabe o signo do Finn?

- Ainda tá nessa?... Tá, ele é de touro, se eu me lembro bem.

- Hum, deixa eu ver no meu aplicativo – ela pega o celular – bem, eu não sei muito bem os detalhes, mas tá escrito aqui que hoje ele vai ter um grande encontro.

- Encontro? Tipo, romântico?

- Essa parte não está muito específica. Esse encontro pode ser tanto pelo bem quanto pelo mal, ele precisa abrir a mente e se preparar, dependendo de como se reagir, ele vai encontrar ou um pote de ouro ou um monte de cocô.

- Cocô? Tá escrito isso aí?

- Não, mas foi isso que entendi.

- Hum, se você tá dizendo.

Em pouco tempo eu cheguei na sala dos professores, a professora tava sentada na mesa dela tomando um café, eu fui me aproximar pra dizer um oi, mas:

- Ah, você chegou, aqueles documentos ali, quero que os organize, separe elas por tópico, depois os organize por data e em ordem alfabética – ela nem disse oi, grossa.

Ela aponta pra um lado e eu olho, misericórdia! É uma pilha, não, é um Evereste de papel:

- É... essa pilha? Ela é... bem grande.

- Por isso mesmo é bom você começar logo, daqui a pouco uma pessoa vai chegar para te ajudar enquanto eu estou fora? Agora trabalhe.

- Pera aí, você não vai ficar aqui?

- Eu apenas estava te esperando para te dizer o que fazer, eu tenho um compromisso agora, a sua ajuda vai chegar daqui a pouco. E nem pense em mexer em algo além daquela pilha, essa sala tem câmeras.

- Entendido senhora.

A porta abre e ela sai, a porta fecha e agora eu estou preso nessa sala, sozinho com um monte Evereste de papel. Sem escolha, eu aceito o meu destino, me sento na mesa, a contragosto eu começo o meu trabalho.

É tanto papel, eu vou catalogando as folhas e dividindo elas, pequenos montes de papel começam a se formar ao meu lado, mas sempre que eu vou pegar um novo papel, eu vejo essa montanha que não parece diminuir, pelo amor!

Mas ao mesmo tempo em que eu trabalho, eu penso em quem deve ser essa certa ajuda que a professora mencionou, provavelmente é alguém na mesma situação que eu, uma pessoa que chegou atrasado ou cometeu algum outro vacilo.

Depois de alguns minutos de tortura por sulfite, eu já tô começando a ficar impaciente, esse trabalho é muito chato. Antes eu tava receoso que a pessoa que vem me ajudar fosse algum trombadinha ou coisa do tipo, mas a essa altura eu nem ligo mais!

O som da porta abrindo. Finalmente:

- Oi, eu vou te ajudar hoje.

Sem pestanejar, eu me viro para olhar o meu salvador, com um brilho nos olhos, eu olho para este ser iluminado e... é a presidente... Tá de sacanagem! De novo essa história!

Continua...

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