Levi Narrando
Nove anos. Nove anos desde que nossos destinos se entrelaçaram de uma forma que nunca imaginei. Eu, Levi, o rei dos vampiros, me vi capturado por uma paixão impossível, uma paixão que cresceu sem que eu pudesse evitar. A mulher que eu amava, Nalanda, nunca foi minha. Ela jamais seria.
Por mais que tentasse, por mais que eu me esforçasse, havia algo em sua natureza que me deixava à margem, como uma sombra que não conseguia tocar a luz. Ela me recebia com simpatia, com uma gentileza que eu apreciava, mas eu sabia que jamais veria nela o que eu via. Não era um amor mútuo. Eu a via de uma maneira que ela jamais poderia me ver.
Os primeiros anos foram os mais difíceis. As flores que eu lhe entregava, as mensagens que eu deixava, cada gesto de carinho era recebido com um sorriso educado, mas com a distância de quem sabia que jamais poderia retribuir. Eu, que conquistei impérios, que derrotei inimigos implacáveis, me via impotente diante de uma mulher que parecia não precisar de nada de mim, além de uma amizade, que eu não sabia como manter sem a dor crescente de saber que ela nunca me veria como eu a via.
É estranho como o tempo pode ser cruel. Com o passar dos anos, as flores se tornaram algo comum entre nós, como se eu estivesse tentando marcar meu território, esperando que, em algum momento, ela fosse perceber algo mais. Chocolates, presentes, jantares, pequenos gestos. Eu estava tentando, e, de algum jeito, ela parecia sempre disposta a aceitar, mas sem nunca me dar mais do que isso. Um agradecimento simples, um sorriso que não se estendia além de uma cortesia. Eu estava me apaixonando cada vez mais, e ela estava permanecendo distante, como se essa distância fosse necessária para que ela pudesse respirar.
Acho que meu maior erro foi acreditar que, em algum momento, ela veria em mim o que eu via nela. Mas, com o tempo, a verdade foi se tornando clara. Eu não era o que ela desejava. Eu era apenas um amigo. Um amigo com um coração partido que insistia em entregar pedaços dele, esperando que ela os aceitasse, mas ela nunca o fez.
Hoje, ao entrar na sala dela, como faço todas as tardes, eu carregava mais um buquê de flores. Lilás, dessa vez. Eu sabia que ela gostava das flores silvestres, e eu não queria mudar a tradição. Levava sempre as mesmas flores, os mesmos gestos, como se o repetir dos mesmos rituais pudesse fazer com que ela sentisse algo por mim.
Ela estava lá, como sempre, sentada à mesa de trabalho, rodeada por papéis, seus olhos fixos no que parecia ser um relatório importante. Ela não me notou ao entrar. Não que isso me surpreendesse, eu estava acostumado com isso. Eu era invisível para ela, e isso machucava mais do que qualquer espada. A dor de ser invisível diante da pessoa que você ama era um peso que eu carregava dia após dia.
Eu a observei por um momento, como sempre fazia, tentando decifrar seus pensamentos. Eu sabia que ela estava cansada, que o peso do reino e das responsabilidades a afetava profundamente, mas havia algo mais em seu olhar. Algo que eu não conseguia entender. Era como se ela estivesse em outro lugar, longe, talvez distante até de mim. Isso me confundia. O que ela queria de mim? Que espaço eu tinha ali, além de um amigo que queria mais?
Com um suspiro, fui até ela. "Nalanda", eu disse, tentando não deixar que a melancolia em minha voz fosse óbvia. "Tenho algo para você."
Ela olhou para cima, e eu vi aquele sorriso. Um sorriso que parecia tão sincero, mas ao mesmo tempo, tão vazio de qualquer sentimento além da obrigação. Era um sorriso educado, nada mais. Ela olhou para o buquê de flores que eu tinha nas mãos, e seus olhos se suavizaram por um segundo, antes de ela estender a mão para pegá-las.
Nalanda: Obrigada, Levi — ela disse, sem muito entusiasmo, mas com a mesma cortesia de sempre.
Eu assenti, forçando um sorriso. Ela não entendia o quanto isso doía. Cada palavra dela, cada olhar distante, cortava como uma lâmina afiada. Mas eu não podia desistir. Não ainda. Não quando meu coração batia por ela com uma força que não podia controlar. Não quando os gestos, tão pequenos para ela, significavam tudo para mim.
Eu: Como foi o seu dia? — perguntei, tentando disfarçar a dor em minha voz. Eu sabia que ela tinha se dedicado ao trabalho, mas queria ouvi-la falar. Queria que ela me visse, ao menos um pouco.
Ela suspirou, e seus olhos se levantaram de novo, mais uma vez fugindo do meu olhar.
Nalanda: Normal. Você sabe como é… sempre a mesma rotina.
Normal. Sempre a mesma rotina. Eu poderia até entender, mas a verdade era que eu estava me cansando disso. Da normalidade. Da falta de algo mais. Da falta de mim. Eu não sabia quanto tempo mais conseguiria continuar assim, sendo apenas o amigo que ela tanto precisava. Ela nunca me veria como algo mais. Isso era algo que eu tinha que aceitar.
Eu me aproximei, mais uma vez, forçando um sorriso.
Eu: Se você mudar de ideia… — comecei, mas parei. Não sabia o que mais dizer. As palavras nunca pareciam certas quando se tratava dela.
Ela me olhou, e algo em seus olhos me fez parar. Talvez fosse a tristeza, ou a compaixão, ou talvez a culpa. Eu sabia que ela não queria me magoar, mas a verdade era clara demais para ser ignorada.
Nalanda: Levi, eu… — Ela parou, como se ponderasse suas palavras. Ela não queria me machucar, eu sabia disso. Mas as palavras que ela não dizia eram mais dolorosas do que qualquer coisa que ela pudesse expressar.
Ela desviou o olhar, e eu soube que, naquele momento, eu era nada mais do que um fantasma no reino dela.
Eu: Eu sei — disse, minha voz baixa, quase inaudível. — Eu sei, Nalanda. Eu só… queria que você soubesse que sempre estarei aqui, se precisar de mim.
Ela apenas assentiu, e naquele instante, eu soube que nada mudaria. Talvez, com o tempo, eu aprendesse a viver com isso. Mas naquele momento, minha alma estava marcada por algo que eu não conseguiria apagar. Eu amava Nalanda, e ela nunca me amaria de volta. E, por mais que eu tentasse negar, essa verdade se tornava mais evidente a cada dia.
Saí do escritório com as flores em minhas mãos, mas o vazio dentro de mim parecia ser maior do que qualquer buquê poderia preencher. Eu não sabia o que o destino ainda preparava para nós, mas uma coisa era certa: nossos destinos estavam cruzados, de uma forma que eu não compreendia, mas que talvez fosse a única maneira de suportar a dor.
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Atualizado até capítulo 84
Comments
Elisa Araújo
não é só confuso é outra parte sinceramente a história estava maravilhosa mas não sei o que está acontecendo parece que a autora se perdeu no caminho. não estou conseguindo entender mais 😞 acho que vou parar tá difícil de ler
2025-04-06
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Vânia Vieira
Que raios de amor ele se diz sentir, que vê o objeto amado servindo como escravo por anos e não tentou tirá-la da escravidão?! Pra que flores quando lhe é negada a liberdade. Este realmente não sabe nada de amor!!!
2025-03-19
1
Jocilene Santos
ta tudo confuso
2025-04-14
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