Capítulo 18 Planos para a volta triunfal

Mariana- Mas o que dizem é que era o irresponsável, aquele que só vivia em farra e não levava a vida a sério.

Henrique- A vida eu não levava mesmo não, pois pensava que o dinheiro não era tudo, que tínhamos que aproveitar também, por isso eu estava sempre na balada e depois que fiquei noivo da Angélica, aí mesmo que saíamos muito, qualquer oportunidade eu estava a viajar curtindo.

Mariana- Eu não tive muitas oportunidades de divertir-me, herdamos a fazenda e tínhamos que trabalhar muito para que não a perdêssemos, pois, meu pai não é um bom administrador. Tenho um irmão que também não tem tato para o negócio, ele apenas vive a tentar agradar o meu pai, mas sei que ele não é feliz vivendo assim.

Henrique- Cada um vive aquilo que escolheu, ninguém é obrigado a viver só porque o outro quer que viva de determinada maneira.

Mariana- Eu concordo, mas conhecendo o meu pai, entenderia por meu irmão ser assim.

Henrique- Tudo bem. Eu só não entendo porque eles faziam diferença entre você e os outros. Porque só você era maltratada?

Mariana- Eu também não entendo, longe deles e da influência que exerciam sobre mim, pensei em duas possibilidades, a primeira é de eu não ser filha deles e a segunda da minha mãe ter sido violentada por algum capataz. Mas penso que isso seria monstruoso demais para eles esconderem de mim, né?

Henrique- Não duvide de nada, existe possibilidade para tudo. Eu vou mandar investigar a sua vida, se quiser.

Mariana- Eu quero, preciso entender o porquê de ser tão odiada dentro da minha própria casa.

Henrique- Vamos entrar? Preciso descansar a minha coluna.

Mariana- Vamos sim! já está a cair a noite, precisamos agasalhar-nos, pois, apesar do verão, as noites aqui são geladas.

Henrique continuou se recuperando, começou a andar de muletas, aprendeu a respeitar ainda mais a Mariana, via nela uma mulher forte, companheira, que não tinha medo de enfrentar todos os desafios impostos pelas condições físicas do seu" marido por contrato". Não sei se existiria uma mulher além dela, que conseguisse enfrentar tudo com simplicidade e companheirismo.

Henrique às vezes se pegava a olhar e admirando ela, muitas vezes teve que se lembrar de que amava apenas a Angélica. E em como estaria ela, se estaria a pensar ou esperando por ele. Como gostaria que Angélica tivesse ficado junto dele, no lugar de Mariana, se fosse Angélica ali, ele não precisaria se lembrar de que é noivo e de que precisava melhorar pra votar para ela, pois os dois poderiam viver o resto das suas vidas ali, naquele pedaço de paraíso.

Mas ele sabia que restava agora pouco tempo para poderem voltar para o Brasil e enfim poder retomar a sua vida de antes.

Mariana- No que está a pensar? Faz tempo que está perdido nos seus pensamentos.

Henrique- Estou a pensar que a minha recuperação está maravilhosa, já não preciso mais da cadeira, em breve não precisarei mais das moletas, o dia da nossa partida está se aproximando e você terá a sua liberdade, para viver da melhor maneira possível.

Mariana- Estou com um friozinho na barriga, só de pensar em voltar, não sei como vai ser, não sei se após tanto tempo o Ricardo ainda lembra de mim, se ainda me espera.