(9) "O Instinto do Lobo"

Siena

Já é noite e, após colocar Jasmine para dormir, me sento na porta da cabana, enrolada em um manto por conta da brisa fria. Minha mente vaga para Derek novamente, lembrando da maneira abrupta como ele saiu e daquele uivo agoniado que ecoou pela floresta. Será que foi ele?

— Derek... — sussurro, olhando para a escuridão da floresta.

Por que estou sentindo essas coisas estranhas? É como se eu ansiase e necessitasse dele ao meu lado. Sinto um calor que parece irradiar pelo meu corpo, uma sensação nova e intensa que não consigo compreender completamente. Meus pensamentos se embaralham, e meu coração bate acelerado, quase como se estivesse tentando me dizer algo que minha mente ainda não entendeu.

A escuridão da floresta parece mais viva do que nunca, cada sombra e cada som se destacam de maneira quase hipnótica. Respiro fundo, tentando acalmar meu coração agitado. Talvez seja a adrenalina do que passamos, ou talvez seja algo mais profundo, algo que eu não consigo evitar.

Enquanto estou perdida nesses pensamentos, ouço um leve farfalhar nas árvores próximas. Minha respiração para por um momento, e meu corpo se tensa, mas logo relaxa ao ver uma figura familiar emergindo das sombras.

— Derek? — chamo, minha voz quase um sussurro, mas cheia de alegria por vê-lo novamente.

Ele se aproxima, os olhos brilhando intensamente na penumbra. Seus passos são silenciosos, mas decididos, e quando ele finalmente está próximo, vejo a preocupação em seu rosto.

— Você está bem? — pergunta ele, a voz grave, mas suave, cheia de uma preocupação genuína.

— Sim, estou — respondo, tentando esconder a confusão em meu coração. — E você? Eu ouvi um uivo mais cedo assim que você saiu apressado... foi você?

Ele hesita por um momento, os olhos analisando os meus, antes de responder.

— Sim, fui eu. Estava... liberando algumas tensões.

Sinto uma ponta de alívio e ao mesmo tempo uma onda de preocupação por ele.

— Então foi por isso que você saiu daquela maneira abrupta? — digo me levantando e me aproximando dele.

Observo então o exato momento em que ele tapa seu nariz com uma cara de pânico e me diz:

— Fique onde está! Não se aproxime mais.

Meu coração acelera, meu peito subindo e descendo. Sem conseguir me conter, ignoro seu pedido e me aproximando lentamente digo:

— O que está acontecendo, Derek? Por que estou sentindo coisas estranhas em relação a você? Eu sinto um calor estranho irradiar por mim.

Ele então arregala os olhos e, com o nariz ainda tapado, sua voz sai abafada:

— E você ainda me diz isso... não complique mais as coisas, Siena. Você nem imagina o quanto estou me segurando.

Paro a poucos passos dele, minha confusão e curiosidade se misturando com uma preocupação crescente. Seu olhar é intenso, cheio de um conflito que parece estar à beira de explodir.

— Segurando o quê, Derek? — pergunto suavemente, tentando entender a intensidade do momento.

Ele fecha os olhos por um momento, respirando profundamente, antes de falar:

— Segurando meu instinto, Siena. O instinto de um lobo que encontrou sua companheira. Você não entende o que isso significa para mim. O quanto é difícil controlar isso, especialmente quando você está tão perto.

Minha mente fica em branco por um instante, processando suas palavras. O calor que sinto, a conexão inexplicável entre nós... tudo começa a fazer sentido. Mas a intensidade da revelação é avassaladora.

— Companheira? — repito, quase sem voz.

Ele apenas assente, os olhos brilhando com uma mistura de desejo e dor. Sinto meu coração bater ainda mais rápido, uma mistura de medo e curiosidade se enraizando em mim.

— Derek... eu não sei o que dizer.

Ele dá um passo para trás, tentando criar uma distância segura entre nós.

— Não precisa dizer nada, Siena. Vou encontrar uma maneira de lidar com isso.

Concordo com a cabeça, entendendo a seriedade de suas palavras, mas ainda sentindo a força da conexão entre nós. Enquanto ele se afasta, a noite parece ainda mais silenciosa, carregando o peso das emoções não ditas e das revelações inesperadas.

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