(6) "Laços de Proteção"

Derek

O dia amanheceu com os pássaros cantando e a luz do sol nos iluminando. Levanto-me rapidamente e, após minha rotina matinal, sigo para verificar se todas as minhas solicitações foram atendidas.

Ao sair de casa, vejo Dylan organizando várias caixas com suprimentos, entre legumes e outros alimentos. Mais à frente, uma garotinha-lobo corre em minha direção, segurando algo em suas pequenas mãos.

— Aqui está, senhor alfa. Espero que a outra garotinha goste. Eu ajudei minha mãe a fazer. Fiz com muito entusiasmo — diz ela, sorrindo ao me entregar um boneco de lobo feito de tecido.

Abaixo-me, sorrindo, e acaricio a cabeça dela.

— Tenho certeza que ela vai adorar. Obrigado, pequenina.

Ela assente e sai correndo, com um sorriso radiante no rosto. Olho para o boneco na minha mão e dou um pequeno sorriso. Nisso, Dylan se aproxima, dizendo:

— Está tudo pronto, Derek. Mas devo confessar que alguns lobos não gostaram nada de levar as coisas. Eles dizem que são caçadores, não burros de carga.

Suspiro profundamente, respondendo:

— Eles não precisam gostar mesmo. O que interessa é que cumpram o que ordenei.

Dylan me observa enquanto caminhamos pela tribo, nos preparando para levar as coisas para Siena.

— Você sabe que se apaixonar por essa humana não terá volta, não é? Quando o coração de um lobo escolhe sua companheira, você é leal a ela até o fim.

Olho para ele e dou um leve sorriso, batendo meu ombro no dele.

— Relaxa, eu sei como funciona. Só quero ajudá-las mesmo — digo, tentando disfarçar um nervosismo que parece crescer dentro de mim.

Ele olha profundamente para mim, parecendo avaliar minhas palavras, e assente, logo mudando de assunto:

— Aliás, você acha que a alcateia recebeu bem o seu discurso de ontem à noite sobre as garotas?

Minha mente volta para a cena em que reuni toda a alcateia e anunciei que duas humanas estariam sob minha proteção dentro do nosso território na floresta negra.

Volto a olhar para ele seriamente e respondo:

— Acredito que sim. Houve certo espanto e receio, mas eles sabem que não podem fazer nada contra minhas ordens. E parece que alguns aceitaram bem a situação — digo, observando o boneco em minha mão.

Dylan suspira profundamente e diz:

— Certo. Espero que saiba realmente o que está fazendo e o que está colocando em risco.

Assinto para ele e digo:

— Sei sim. Agora, vamos deixar de conversa e levar logo essas coisas.

Nos preparamos rapidamente. Carregando algumas caixas, transformo-me novamente em lobo, sentindo a mudança familiar e poderosa. As caixas são amarradas ao meu corpo de forma segura, e começamos a travessia pela caverna até chegarmos ao outro lado. A caverna é úmida e escura, mas conheço cada centímetro dela. Atravessamos a cortina de água e emergimos na floresta negra.

E assim, corro velozmente em direção à cabana, sentindo a familiaridade do caminho. Essa cabana foi construída por mim mesmo, um refúgio temporário sempre que precisei estar deste lado da floresta. Ao chegarmos, ainda é cedo, e o sol apenas começa a despontar no horizonte. Provavelmente, elas ainda estão dormindo.

Dylan se transforma primeiro, vindo até mim para retirar a caixa. Em seguida, assumo minha forma humana, pegando a caixa e caminhando até a porta. Dou uma batida forte na madeira, o som ecoando pela clareira. Ouço um resmungo do outro lado.

A porta se abre lentamente, revelando Siena com seus longos cabelos desgrenhados e uma expressão de sono. Ela pisca algumas vezes, tentando se recompor apressadamente, passando os dedos pelos cabelos numa tentativa de controlar os fios rebeldes.

Por um momento, ficamos apenas nos olhando. Quebrando o silêncio, digo:

— Eu trouxe algumas coisas.

Ela engole em seco, surpresa, e responde apressada:

— Não precisava se preocupar. Mas eu agradeço, eu...

Entro na cabana, interrompendo-a:

— Não precisa me agradecer, garota...

Me detenho ao perceber que o interior da cabana está limpo e arrumado. Os móveis rústicos foram cuidadosamente posicionados, e a poeira que antes cobria tudo foi completamente removida. Siena, notando minha reação, diz um pouco sem jeito:

— Eu tomei a liberdade de limpar. Estava um pouco empoeirado.

Suspirando, coloco a caixa no chão e digo:

— Está tudo bem. Ficou muito bom.

Ela assente, um leve rubor colorindo suas bochechas. Antes que pudéssemos continuar a conversa, a garotinha se levanta do tapete onde estava dormindo, esfregando os olhos.

Pego o boneco de cima da caixa e me ajoelho à sua frente, entregando-o com um sorriso:

— Isso aqui foi presente de outra garotinha para você. Foi feito com muito carinho. Espero que goste.

Os olhos dela brilham ao ver o boneco e ela pergunta, com uma alegria evidente na voz:

— É mesmo para mim?

Sorrio e assinto:

— Sim, é seu.

Ela pega o boneco, apertando-o contra o peito. Seus olhos se voltam para Siena.

— Olha, Sie... Ele é fofinho, tão macio e lindo... Eu amei! — diz, empolgada.

Siena e eu rimos ao mesmo tempo, um momento de leveza compartilhado entre nós. Nos entreolhamos, um pouco sem jeito. Siena se apressa em dizer:

— É realmente muito lindo, pequena. Estou feliz por você.

Enquanto a pequenina se ocupa com seu novo brinquedo, Siena olha para mim, seus olhos refletindo gratidão e uma ponta de curiosidade. Antes que ela pudesse dizer algo, Dylan, que havia ficado em silêncio até agora, aproxima-se com mais uma caixa.

— Aqui estão os suprimentos. Vamos garantir que vocês tenham o que precisam por enquanto.

Siena olha para as caixas, claramente emocionada. Ela abre uma, revelando frutas frescas, legumes e pães. Seus olhos se enchem de lágrimas, mas ela rapidamente pisca para afastá-las.

— Não sei como agradecer... — murmura ela, sua voz embargada pela emoção.

— Não precisa agradecer, Siena. Vamos cuidar de vocês. — Minha voz é firme, mas há um toque de suavidade, que não consigo esconder.

Dylan e eu ajudamos a organizar os suprimentos, e enquanto trabalhamos, não posso deixar de notar como Siena se move pela cabana com uma graça determinada, tentando manter a compostura apesar de tudo o que passou.

— Derek... — Ela começa, hesitando um pouco. — Por que está fazendo isso? Por que nos ajudar assim?

Paro por um momento, olhando para ela. As palavras me faltam por um segundo, mas então respondo, com sinceridade:

— Porque vocês precisam de ajuda. E porque sinto que é a coisa certa a fazer.

Ela me olha profundamente, como se tentasse ler algo além das palavras. E, por um breve momento, sinto uma conexão mais forte do que qualquer palavra poderia expressar.

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