voltando ao vilarejo

Hoje Marisa me ligou e parecia aflita, eu não entendi ao certo o que ela queria, mas me deixou muito angustiada o tom da sua voz, fui até a sala e meu marido estava lá com o irmão.

Gente, virão a Sami? - perguntei e os dois me olharam.

O que houve? Ela está dormindo- falou meu cunhado e meu marido se aproximou.

A Marisa vai fazer uma besteira, ela me ligou se despedindo, preciso ir até lá- falei e vi Julian se aproximar, eu estava com medo, mas a preocupação era maior, e se ela tentasse contra a própria vida? Eu não suportaria saber que não prestei algum socorro.

Não vou te levar lá, é perigoso, o Banin e o Arnaldo não foram pegos, não posso colocar sua vida em risco, eu mando alguém lá- ele falou e eu neguei.

__ Fernando, Marisa foi abusada sexualmente pelo pai, ela não confia em homens, apanha todos os dias e é presa emocionalmente, além de viver a falta de coisas básicas assim como todas nós vivemos, por favor, sei que a minha vida para você é importante, não me negue isso- falei e pareceu tocar seu coração, ele se amaldiçoou, mas aceitou, Julian disse que iria junto, vi meu cunhado arrumando homens e subi para me vestir, coloquei um moletom e fomos para o carro, partimos em direção ao vilarejo de jato para ser mais rápido, não levamos 30 minutos e chegamos lá, o pessoal do vilarejo me olhou como se eu fosse um ET e eu queria me esconder, nunca gostei de chamar atenção, mas nesse momento eu precisava salvar minha amiga, eu sabia onde era sua casa e fomos direto para lá, quando eu cheguei Julian abriu a porta e não estava preparada para a cena que se desenrolava a minha frente.

Fernando...

Ao chegarmos à residência da garota, notamos que tudo estava arrebentado, havia sangue na sala e na cozinha.

Luna gritou pela amiga e foi em direção ao quarto, seu grito ecoou e corri com os homens para o quarto, a cena a frente faria qualquer um ficar com raiva, Marisa estava sentada na cama com uma faca na mão, usava apenas uma camiseta e o pai estava na cama inconsciente, aparentemente sem vida e só com uma cueca, Minha mulher puxou a amiga para um abraço sem se importar com o sangue, Julian se aproximou e tirou a faca de sua mão, tirou seu casaco e cobriu ela, a menina parecia em choque e assim que se deu conta da situação chorou copiosamente:

Eu não podia aceitar, eu não podia deixar, não foi minha culpa- ela chorou e a amiga abraçou ela forte.

Vamos sair daqui, vem, vamos tomar um banho, eu não vou te deixar aqui- ela falou e eu não queria, mas tive que deixar ela se ausentar de mim, me aproximei e constatei que o verme ainda estava vivo, podia matar ele com minhas próprias mãos, mas senti que Julian queria fazê-lo.

Julian?, não sei o porquê, mas quer fazer isso?- perguntei.

Quero muito, mas sugiro salvar sua vida primeiro, como vou torturar alguém que já está morto, preciso que se recupere e quero arrancar cada parte do seu corpo, falarei com a filha e se ela quiser pode escolher a tortura perfeita- ele falou e assenti, pedi aos homens que o levassem com um carro até o nosso galpão e o mantivessem vivo, só então depois meu soldado faria as honras.

Fui até a porta do banheiro e pedi que o soldado limpasse tudo, bati na porta e minha mulher abriu enrolada em um roupão, ela apoiava a amiga com um abraço e me disse:

Não posso deixar ela aqui, por favor, Marisa pode ficar la em casa ou em um hotel, só o tempo de se estabelecer- ela falou e Julian se aproximou falando:

Eu assumo a sua proteção, pode ficar na minha casa, não se preocupe Luna, eu sei da importância dela para vocês- ele disse e a menina negou.

Não, não ficarei com ninguém, eu vou embora daqui- ela falou vindo a si.

Não precisa ficar conosco, mas temos um hotel que você pode ficar, algum lugar que ninguém saiba o que aconteceu com você- naquele momento era uma conversa entre eles, e eu não sabia se tinha ou não algo rolando ali.

Marisa, não é seguro que fique aqui sozinha, aceite a proposta e fique no hotel então, ou um de nossos apartamentos, ninguém vai julgar a sua decisão ou te criticar, e caso alguém falte com respeito será punido com a morte- ele falou e ela aceitou.

Não quero incomodar ninguém, então fico no apartamento, acho mais seguro, só preciso pegar minhas coisas, não sei se tenho coragem de entrar lá e olhar o meu pai morto.- falou e respondi.

Seu pai não está ali, cuidamos de tudo, pegue o que achar necessário, Julian ficará aqui com você e te ajudará a ir até o jato que está aguardando- falei e ela assentiu, olhei para ele que entendeu que logo teríamos uma conversa longa.

Porque não esperamos lá? - Luna perguntou.

Não tem nada na sua casa que quer pegar, pensei em te levar para seu pai ver que está bem- falei e ela puxou o braço parando.

Não quero ver o meu pai, ainda não estou pronta, e preciso entender o que você disse que precisava me contar sobre minha mãe e meu pai, lembra? - ela tocou no assunto que venho investigado, não tive nenhuma prova das coisas que ele falou sobre a história do Romano, preciso de contato com a governanta essa semana e descobrir essa história, mas ela não foi encontrada ainda.

Não vou te obrigar a ver o seu pai, mas acho que faria bem para você fazer isso, e outra coisa, não falaremos nada sobre a história da sua amiga para Sami, ela pode passar mal e afetar o bebê- falei e ela concordou, fomos caminhando e atraindo olhares, ela parecia se sentir mal ali, então a perguntei:

Não gosta daqui?

Não, minhas últimas lembranças aqui foram ser arrastada na frente de todos e levar um tapa na cara, ninguém nunca fez nada por mim e diversas vezes meu pai recebeu pedidos de casamento e sexo para mim, são homens nojentos e mulheres submissas e coitadas, quero distância dessa gente- ela disse.

Assim a levei até o jato e sua amiga já estava lá, entramos e ela sentou ao seu lado.

Para não assustar a Sami, você não conta nada, nós também não contaremos, quando ligar faz de conta que tudo está normal, assim que o bebê nascer faremos isso- ela disse e a amiga concordou, ai nos preparamos e seguimos em direção a nossa mansão, deixaríamos ela no apartamento e por hora teríamos esse assunto resolvido.

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