Arrastei-a para a sala de jantar e deixamos os rapazes lá fora. Quando chegámos, ela parou e virou-se para me olhar.
- Obrigada pelo que fizeste por mim ontem, Azula.
- Não tens de agradecer, minha Lua. A minha lealdade está sempre contigo.
Ela sorriu tristemente. - Ontem foi um dia devastador para mim, mas pelo menos descobri algo que me fez feliz.
Ela olhou para mim com os olhos marejados e um sorriso. - Tu amas-me.
Ela disse-o como uma afirmação, como se estivesse a afirmar que eu a amava e não podia negá-lo.
- Nunca disse que não amava. És a minha Lua.
- Tu afastaste-te e eu pensei que já não me amavas. Vi tantas vezes como me evitavas, como cada vez que eu chegava a algum lugar, tu procuras qualquer desculpa para ires embora. Cheguei a pensar que me odiavas, mas não sabia porquê e...
Ela continuou a falar com os olhos marejados e eu senti-me culpada. Eu tinha-me afastado para que eles fossem felizes, mas continuei a magoá-la enquanto me magoava a mim mesma. Não sabia qual era o plano da Deusa da Lua para me juntar com o namorado da minha melhor amiga, mas sabia que ela nos tinha magoado a todos e eu tinha sido cúmplice disso. Eu ouvia-a tagarelar e tagarelar sobre o passado e eu precisava de acabar com aquilo. - Minha Lua, a sério que não quero falar sobre isso. Só tens de saber que nunca deixei de te amar e que só queria que fosses feliz.
Ela sorriu e abraçou-me, afastou-se e puxou-me pelo braço para a sala de jantar. A comida já estava servida e ela foi chamar os rapazes. Sentei-me no lugar ao lado do meu companheiro quando ele chegou e se sentou. Ele pegou na minha mão e beijou-a carinhosamente. Comemos num silêncio agradável. Era a primeira vez em 6 anos que não me sentia desconfortável na mesma sala que o Jace e a Elaine e talvez fosse porque ao meu lado estava o meu companheiro, o meu verdadeiro companheiro.
- Alfa Jace, gostaria de falar sobre o ataque de ontem. Investigaste alguma coisa?
O Jace levantou o rosto e olhou para ele. Os seus olhos pareciam dois buracos negros. Parecia que não tinha dormido a noite toda e eu senti-me culpada. De certeza que todos tinham estado a trabalhar a noite toda e eu a dormir tranquilamente com o meu companheiro.
- Claro. Quando acabarmos, vamos ao meu escritório e falamos.
Depois de terminar o pequeno-almoço, fomos para o seu escritório e lá estavam o Aron e o Elliot.
- Princesa. – O Aron agarrou-me nos seus braços rapidamente. - Estás bem? Estava preocupado. Ontem desapareceste de repente e eu não sabia se estavas bem. Meu Deus, sou um irmão horrível! Corri a ver como estava a Lisa e não fui procurar-te. Desculpa, desculpa.
- Não, pelo amor de Deus, Aron, calma! Está tudo bem. Tens de cuidar da tua parceira. O Alec cuidou de mim. Estou bem, tudo está bem. - Ele afastou-se do meu abraço e olhou-me nos olhos.
- Tens a certeza?
- Claro, calma! Como estão a Lisa, a mãe e o pai?
- Estão bem. Ficaram em casa, estão encantados com a Lisa. Já lhe contaram todas as histórias embaraçosas das nossas vidas.
Abri os olhos, surpreendida. - Não me digas isso! Todas?
Ele acenou com a cabeça com a mesma cara de horror e vergonha que eu devia ter.
Ouvi o Alec rir e ele puxou-me para ele, colando-me ao seu corpo.
- Também gostaria de saber quais são todas essas histórias que fazem as tuas bochechas ficarem vermelhas assim. Em breve, iremos a casa dos teus pais.
Olhei para ele com terror e vergonha só de pensar em todas as coisas parvas que os meus pais, especialmente a minha mãe, lhe contariam sobre mim.
- A minha mãe já contou às meninas sobre a patrulha noturna.
Todos olhámos para o Elliot, que estava vermelho. Era engraçado ver o sempre sério Elliot com o rosto vermelho. O Aron começou a rir-se e o Elliot riu envergonhado.
- A Missi e a Lissi não param de falar sobre isso desde que lhes contaram.
- A Missi e a Lissi, é assim que se chamam as tuas companheiras?
O Elliot olhou para mim, surpreendido. Era a primeira vez que eu lhe dirigia a palavra para algo que não fosse da alcateia em anos.
- Sim, é assim que se chamam, Missi e Lissi. São as irmãs do Rei Alfa, o teu companheiro. Estão ansiosas por te conhecer. Tenho-lhes falado de ti... bom, a minha mãe já se encarregou de lhes contar quase tudo sobre nós. - O Elliot falava apressado e nervoso, como se, ao calar-se, este momento fosse evaporar-se.
- É verdade, são minhas cunhadas e eu nem sequer as cumprimentei! Meu Deus, que falta de educação a minha!
O Elliot riu-se, emocionado. - Calma, pequena, elas entendem. Elas sabem que és Beta desta alcateia e que estás muito ocupada. Em breve, vais conhecê-las.
Eu sorri para ele e ele sorriu. - Parabéns, Elliot, por encontrares as tuas companheiras.
- Igualmente para ti... Azula.
O meu nome nos seus lábios foi como um sopro de vida para o meu coração. Há tantos anos que não o ouvia e, vendo-o sorrir para mim, senti como se tivesse sido ontem que nos reuníamos no quintal da minha casa para conversar, que ele me carregava aos ombros quando o meu irmão preguiçoso se cansava, como se tivesse sido ontem que éramos amigos.
O Jace pigarreou e falou. Não tinha reparado que a sala tinha ficado em silêncio depois da nossa pequena conversa.
- Bom, vamos falar sobre o ataque. O que descobriste, Aron? – Vi ramo-nos todos para ele, voltando ao que era realmente importante: a segurança de todos.
- Os rebeldes que nos atacaram têm uma alcateia perto daqui. Eles nunca tinham cruzado os limites, mas há uns dias vimos uns carros a chegar lá. Não demos muita atenção porque não achámos que fossem suspeitos. Temos vivido em paz há muito tempo, por isso não suspeitámos. Esses carros saíram no dia seguinte e, suspeitamente, dias depois, atacam a alcateia.
- Pela forma como atacaram, era óbvio que vinham atrás de ti.
- Talvez pensassem que, se te matassem, podiam apoderar-se da alcateia.
- Sim, aquele lobo... - O Aron fez uma pausa ao falar daquele lobo, o companheiro da Elaine. - Ele ia atrás de ti. Nem sequer se tinha apercebido das crianças. Eles iam atrás de ti.
- E pela forma como todos fugiram quando ele correu, devemos assumir que ele é o líder dos rebeldes.
- Já ouvi falar sobre isso. - O Alec falou e todos olharam para ele. - Uma alcateia de rebeldes que funciona como uma alcateia normal. Eles autodenominam-se os EYLIT. O seu líder era um Alfa que perdeu a sua alcateia num incêndio. Um laboratório que eles tinham explodiu, incendiando mais de metade da alcateia. O fogo espalhou-se rapidamente. Tudo isto aconteceu enquanto ele estava em viagem. Diziam que ele estava à procura de alguma coisa, mas ninguém sabe o quê. A dor tornou-o selvagem, ele fugiu e desertou o seu título, tornando-se um rebelde. Uma mulher rebelde encontrou-o ferido na floresta e cuidou dele. Desde então, ele tem vivido como um rebelde e conseguiu tornar-se o seu líder. Ele era o antigo Alfa da Alcateia da Lua Prateada, Ronald Akistan.
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Atualizado até capítulo 80
Comments
Ana Regina Fernandes Raposo
GLARO QUE SIM . TANTO O ALFA QUANTO A LUNA SABIAM, PORISSO O REMORSO.
2025-03-15
0
Marcia Cristina Carneiro
é agora como fica será que ele vai revindicar A sua companhia A verdade tem que ser revelada pelo alfa que feis essa besteira 14/11/24/
2024-11-15
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Claudia Claudia
quando são companheiros destinados eles sabem no mesmo instante como essa Luna não sabiá , sabia sim só não se incomodou era conveniente se ela não era a companheira do Alfa ela jamais questionou quem poderia ser
2025-02-23
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