Capítulo 9

Depois do café da manhã, levei meu companheiro para o treino com minhas crianças, assim que chegamos todos correram até mim.

- Senhorita Azula! – Todos me abraçaram e eu os abracei também.

- Olá, meus queridos alunos! – Nos soltamos do abraço em grupo e eles olharam para Alec.

- Senhorita Azula, quem é esse senhor?

Afastei-me deles e segurei a mão de Alec. – Crianças, este é meu companheiro, o rei Alfa Alec Ashnoth.

Todas as crianças o olhavam surpresas, como se não pudessem acreditar que ele era o rei Alfa. Aproximaram-se dele para lhe perguntar coisas e notei que Eliam e Azuma não estavam ali. Normalmente, Aron ou Elliot os traziam cedo, mas hoje eles não estavam. Estava prestes a me conectar com Aron para perguntar, quando vi Jace vindo com as crianças. Assim que me viram, correram até mim.

- Senhorita Azula! – Os dois se agarraram às minhas pernas e eu me abaixei para abraçá-los. – Como estão meus alunos favoritos?

- Muito bem! Meu pai nos trouxe hoje porque o tio Elliot e o tio Aron estão ocupados com suas companheiras.

- E elas são iguais! Como isso é possível, senhorita Azula? Como podem existir duas pessoas tão iguais? – Azuma me olhava confuso, procurando uma explicação.

- É que elas são irmãs gêmeas. Elas nascem ao mesmo tempo e nascem idênticas.

- Então elas fazem aniversário no mesmo dia, assim como o tio Aron e a senhorita Azula?

- Exatamente, querido. Nós somos gêmeos, nascemos ao mesmo tempo, mas não somos completamente iguais, embora sejamos parecidos.

Eliam olhou para trás e viu Alec parado com as outras crianças. – O rei Alfa veio com você?

- Sim, ele quis me acompanhar, então eu o trouxe comigo. Vocês querem ir cumprimentá-lo?

- Sim! – Os dois responderam ao mesmo tempo. – Vão então. – As crianças foram até onde Alec estava e eu levantei o rosto. Podia sentir o olhar de Jace em mim o tempo todo enquanto eu falava com as crianças, então eu sabia que ele estava me observando.

- Alfa.

- Azula. – Ele deu um passo em minha direção e eu dei um passo para trás.

- Já pode se retirar, Alfa. Eu posso levar as crianças quando terminarmos.

Ele pareceu pensar por um momento e finalmente disse: – Vou ficar. Gostaria de ver.

Eu não entendia por que ele queria ficar, mas ele era meu Alfa, eu não podia recusar. Apenas concordei e me virei. Fui em direção às crianças. Senti seus passos atrás de mim e seu olhar fixo em meu corpo. Mas que diabos estava acontecendo com Jace ultimamente? Tínhamos vivido em paz nos evitando e agora ele queria aparecer em todos os lugares onde eu estava?

- Crianças, todos em seus lugares, vamos começar.

As crianças foram cada uma para o seu lugar e o treino começou. Eu os treinava principalmente em força, estratégia e luta. Eles ainda eram crianças e não tinham seus lobos, mas era sempre bom prepará-los para o futuro. Essas crianças eram o futuro desta matilha e eu queria ter certeza de que seria um futuro seguro e próspero. Durante todo o treino, Jace ficou ao lado de Alec, os dois em silêncio, sem dizer nada, apenas observando o treino. Embora, acima de tudo, me observando. Fiquei desconfortável a maior parte do tempo e agradeci à deusa quando chegou a hora de irmos embora.

- Até logo, crianças. Cuidado!

Aproximei-me de Alec e as crianças já estavam com Jace.

- Isso foi maravilhoso! Você é uma ótima professora, nota-se que você nasceu para ser uma Luna. As crianças da matilha parecem tão à vontade com você. – Apenas sorri com seus elogios e segurei sua mão.

- Já podemos ir. Eles não precisam de mim até mais tarde.

Estávamos prestes a nos virar e ir embora quando todo o meu corpo ficou em alerta.

Ladinos.

O elo mental se abriu e ouvi todos gritando. Forcei-me a tirá-los da minha mente. Alec me abraçou rapidamente.

- Temos que ir, minha Luna!

Afastei-me de seu abraço. – Não. Tenho que ir buscar as crianças.

Corri na direção para onde as crianças tinham ido. Elas sempre iam sozinhas para casa porque todas moravam perto de onde treinávamos. Corri o mais rápido que meus poderes sagrados me permitiam e cheguei quando vi as crianças correndo em minha direção. Abaixei-me, olhando para todos elas. Não faltava nenhuma.

- Deem as mãos! Temos que nos abrigar rápido! – Corri para a primeira casa que vi. A porta foi aberta rapidamente pela dona e todas as crianças entraram correndo. Já tínhamos praticado essas manobras antes, para o caso de algo acontecer. Não era muito comum sermos atacados, mas estávamos sempre em alerta. Quando a última criança estava entrando, um lobo marrom apareceu correndo em nossa direção. Mudei o mais rápido que pude e me joguei nele antes que ele chegasse à criança. Garras e dentes cravando em minha pelagem. Agarrei-o pelo focinho e o mordi até ouvir seus ossos se quebrarem. Seu corpo caiu inerte no chão. Virei-me para a porta e todas as crianças estavam seguras. Senti o elo mental se abrindo.

- Azula, onde você está?

- A duas quadras do campo de treinamento. Acabei de proteger as crianças.

- Você tem que vir para a casa da matilha, Azula! Eles nos cercaram!

O alerta disparou em meu corpo e eu corri, corri rápido e forte, até a casa da matilha. Quando estava chegando, dois lobos se aproximaram de mim. Lutei contra os dois com garras e dentes, destruindo seus corpos rapidamente, e segui meu caminho. Cheguei à casa da matilha para testemunhar um massacre. Os lobos da matilha lutavam com um bando de mais de 100 lobos. Isso não podia ser verdade.

Comecei a destruir lobos com garras e dentes. Minha pelagem ficou vermelha de sangue, parecia que eles não acabavam nunca. Percebi que todos tentavam se aproximar do mesmo lugar e, quando olhei para a entrada da casa, lá estava o lobo de Jace. Mas atrás dele estavam as crianças. Minhas crianças estavam em perigo. Um lobo negro de uma altura colossal lutava e matava todos que se aproximavam de Jace. Quando nossos olhos se encontraram em plena batalha, eu soube. Aqueles olhos vermelhos como sangue, aquele era meu companheiro. Num descuido, um dos lobos atacou meu companheiro, jogando-o para o lado, e se aproximou de Jace. Corri em direção a eles, mas eles nos cercaram. Agarrei um de um lado e Alec agarrou outro, mas ainda restava um. Jace não podia se mover enquanto protegia as crianças, eu tinha que chegar até lá, não podia deixar que os machucassem. Foi quando aconteceu, como em câmera lenta, o lobo de Elaine apareceu, sua pelagem prateada banhada em sangue. Parou na frente deles e seus olhos se fixaram naquele lobo. Os dois ficaram se olhando sem se mexer. Então o lobo se afastou e um homem alto de cabelo castanho olhou para ela, hipnotizado, e então, de seus lábios, ele pronunciou as seguintes palavras:

- Companheira.

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