Grávida

Don?  Desculpe a demora, estávamos estabilizando sua esposa e fazendo exames- falou o médico

como minha mulher está? — Perguntei aflito

Sua esposa teve muita sorte Don, ela levou um tempo para recuperar a consciência, após a cirurgia, quebrou a perna, um braço e bateu a cabeça gravemente, está tendo lapsos de memórias antigas que não sei se não são ilusões que seu cérebro criou, chora muito falando em abandono, mas graças a Deus conseguimos salvar ela e o bebê- o médico falou.

A palavra bebê foi um susto enorme, afinal a menos de 30 dias eu odiava o fato de ter que casar, lidava ainda com o fato do Marco ser o traidor que quer a minha esposa e tinha toda a situação da Antonella.

Minha mulher está grávida? Perguntei surpreso, mas muito alegre.

__ Sim Don, provavelmente duas semanas mais ou menos, estes lapsos de memória é o que me preocupam, ela fala em ser abandonada ainda criança e chora sem parar, como isso pode prejudicar o bebê, agora no início queria que fossem ver ela para entender o ocorrido- Falou o médico

  Fomos imediatamente atrás do médico.

Estranhei o fato de chorar por ser abandonada, me senti mais uma vez culpado, afinal eu a abandonei lá no internato, com a terapia havia avançado muito com os traumas dela, mas podia ter reacendido o medo 😱.

Entramos no quarto e minha mulher estava deitada com os olhos vermelhos.

__ Oi pequena! Estou aqui e não vou sair do seu lado, -falei beijando sua mão.

__ O médico disse que estou grávida Enrico, mas se nos matarem como matarão meus pais, e se não o resgatarem como fizeram comigo- ela estava falando coisa com coisa, confusa eu pensei.

__ Meu amor, seus pais não estão mortos, você está aqui comigo e nossa família. — Tentei acalmar ela, meu peito doía muito em pensar no seu sofrimento, olhei para o meu pai e ele me olhou de um jeito estranho como se precisasse me falar algo e apontou para a rua.

Olhei para a minha esposa que devido aos remédios, estava já apagada e pedi que minha mãe ficasse com ela, sentia que tinha algo por trás dessa história e iria sim descobrir, certeza que meu pai sabia de algo sobre isso, pois sua cara o entregou imediatamente.

   __ O que foi pai? Porque tenho a impressão que está me escondendo algo?- Perguntei já irritado

    __ Meu filho você era apenas um adolescente quando saiu comigo e com alguns soldados para uma missão em Londres, fomos te ensinar a cobrar algumas dívidas, estávamos em negociação com o avô da Bela, chegamos no local que tinham nos passado ser um ponto do inimigo, e tinha um casal de usuários lá, eles estavam maltratando uma bebê pequena e muito linda, chegamos no local e vimos um cara prestes a abusar dela que por Deus, não tinha seus 3 anos, você nunca tinha matado ninguém e aquilo te deixou furioso, eu fui atrás dos pais já mortos em outro cômodo, e a menina estava com aquele verme, não me recordo se mataram eles e iam matar ela- meu pai falou e eu não queria entender, mas no fundo...

  __ eu me lembro disso, pai, o que tem?- Cortei ele aflito, começando a juntar as peças.

  __ Me deixa terminar filho, quando voltei para o lugar que a bebê estava, você estava com ela no colo e uma arma na cabeça do infeliz, descarregou seu pente nele, vingou o ato horrível que ele planejava fazer, você jurou proteger aquela menina então fomos até o capo e fechamos a negociação, ele perguntou pela menina em seu colo e contamos a história, ele pediu para ficar com a menina que dariam a um casal ótimo que precisava de filhos, mas que primeiro cuidariam do bem-estar dela, desde que ele cuidassem da menina eu aceitava, você não queria, queria cuidar e proteger aquele anjinho, mas aceitou, sua esposa no mesmo instante pegou a menina e se afeiçoou, foi um sentimento maternal e eu percebi isso, te olhei e ordenei que entregasse a menina aos dois, e assim você fez, saímos de lá com uma boa negociação e a menina ficou segura, você pegou carinho por ela e ficou um pouco agarrado nela, afinal ela chorava com todo mundo, essa menina meu filho, ela foi adotada pelo filho do antigo capo que sua mulher não tinha filhos, esse homem hoje é capo de Londres, alguns anos depois eu soube que ela era a menina salva pelo meu filho, a sua Bella, meu filho foi por isso aceitei a proposta de negociação do seu casamento porque lá atrás vocês foram ligados pelo próprio destino- fiquei em choque com o que ouvi, eu lembro da história, a menina não queria nenhum colo, só acalmava comigo, não acredito que ela é a menina que rejeitei e tranquei lá.

   Olhei para o meu pai abismado,

Aquela bebê tão fofinha é a Isabely? Minha Bela? Por que não me contou isso antes, pai? Porque escondeu isso de mim, você deveria ter me contado, não vê que mudaria tudo?- falei furioso

Achei que era o que deveria ser feito, agora cuide de sua mulher e filho, e vamos logo para casa!

     Meu pai erguei a capa do antigo Don, mas sabia que ele estava se sentindo mal com isso.

Voltei para o quarto e minha esposa estava acordada com a enfermeira olhando sua pressão, minha mãe e Antonella olhavam tudo atentamente.

__ Filho vou levar a sua mãe e a Antonella para casa e ir ajudar o Pietro com aquela bagunça.- falou meu pai e eu assenti ainda puto, agora cuidarei dela e depois que meus sogros chegarem, terão que contar para ela.

    Nos despedimos sem muito sentimento, afinal fiquei puto da vida com a mentira, e logo fui em busca de arrastar a cama para grudar em minha esposa e aproveitar nosso tempo juntos, como estava cansado acabei dormindo e ela também.

Acordamos com a enfermeira trazendo meu café e o da minha esposa, pelo menos seria mais fácil para nós.

  __ Mi amore como está? Dói muito? - perguntei beijando sua mão.

  _ doer não, é desconfortável, o braço coça um pouco, mas o remédio é bom demais, por tirar tanto a dor.

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