Cap.08 O HOMEM DE GELO

Maximilian Campbell

Cheguei em casa mais cedo, o que não gosto nem um pouco, detesto sair da minha rotina. Odeio imprevistos, mas o meu pai, não vem me ver a tanto tempo, que quando eu soube que chegou, mesmo sem avisar, tive que vir para casa e desmarquei o jantar com a Jennifer. Ela não gostou nem um pouco. Mas eu não ligo, depois dou uma joia, levo para a cama e está tudo perdoado. E o prazo dela já está vencendo mesmo.

Já tenho que procurar por outra para substituí-la, os três meses de “namoro “ já está chegando ao fim. 

Não fico com mulher alguma depois de três meses. Não depois daquela desgraçada que matou a minha filha. 

As mulheres são todas interesseiras. Aceitam qualquer coisa para serem sustentadas por um homem rico. Agora fico com uma mulher por três meses. Mas sou generoso na hora da despedida. Assim evito aborrecimentos. E esclareço tudo antes de começar qualquer coisa. Elas são avisadas para não criar expectativas de ganhar um anel.

Pedi uma mulher em casamento uma vez, mesmo não amando, afinal esse tipo de amor nem existe mesmo, mas mesmo assim pelo bem do filho que ela estava carregando, eu a pedi em casamento, e quando estava faltando só um semana para o casamento, recebi uma ligação do hospital para onde ela foi levada depois de tirar a vida do meu filho deliberadamente. No hospital fui informado que era uma menina. Não sentirei esse tipo de dor novamente. 

Entro em casa procurando o meu pai e não o vejo. Lupe também não está a postos, como eu gosto. Agora vou sair procurando todos por essa casa enorme? Isso é ridículo! 

Subo e vou tomar banho entro no meu quarto e esse cheiro de lavanda novamente. Eu ia reclamar para a Lupe quando comecei a sentir esse perfume no meu quarto, mas o cheiro me conquistou. Ele é tão suave, como a brisa do mar, mas é doce como um jardim. Não sei se mudaram a fragrância dos produtos de limpeza ou se o perfume é da nova camareira. Mas eu gostei e me acostumei a dormir com aquele aroma pairando pelo ar.

Tomo o meu banho, visto-me com um agasalho cinza e desço para encontrar o meu pai.

O vejo sentado na sala com um copo na mão. 

Max_ Boa noite! Como vai?

Daniel _ O que há com você? Nós não nos vemos a meses e é assim que você me cumprimenta? Como se eu fosse um desconhecido sentado na ante sala do dentista?

Max _ Pai, por favor. 

Daniel _ Por favor, o que?

Max_ Sem drama!

Daniel _ É drama querer um abraço do próprio filho?

Max _ Já vi que não terei sossego até ter te abraçado. 

Daniel _ É o mínimo que eu espero de você. 

Ele se levanta e eu o abraço. Eu amo o meu pai e estava com saudades dele, mas não gosto de me sentir emotivo. Todas as vezes que eu o abraço, lembro-me dele me abraçando, tentando me explicar porque a minha mãe nos abandonou. 

Eu tinha apenas sete anos nessa época e me lembro de sair para ir à escola com o motorista e ela estava como sempre nos jardins das rosas, sorrindo me abraçou com o mesmo amor de sempre e me beijou desejando uma boa aula. Estava a alguns passos a frente quando ela me chamou e disse que me amava, soprando um beijo. E foi a última vez que a vi. 

Quem diria que naquele mesmo dia ela fugiria com um amante? 

Meu mundo caiu. O mundo que eu conhecia, uma casa cheia de amor e harmonia que, na verdade, nunca existiu. O meu pai foi enganado, eu fui enganado. O mundo é um lugar frio e cinzento. 

Hoje sou considerado por muitos como Homem de gelo. Mas não me importo. Prefiro o gelo no meu coração do que a dor.

Max_ O que te trouxe aqui? Cansou de Nova York?

Daniel _ Na verdade estava com saudades de você. Faz muito tempo que não nos vemos. Soube que foi a Las Vegas. 

Max _ Ah! Entendi. Falou com o seu suposto amigo.

Daniel _ Ele me ligou a semana passada, diz que fez uma proposta irrecusável para você e você recusou. 

Max _ Era tão irrecusável que dava para ver a intenção da maracutaia por debaixo de tudo. Aquele cara é um pilantra! Estava acompanhado por uma garota de programa que tinha idade para ser a sua neta. Falta de vergonha total. 

Daniel _ Ele sempre foi meu amigo e era também o meu sócio não se lembra?

Max_ A melhor coisa que o senhor fez foi comprar as ações dele.

Daniel _ Assim que fechamos nosso primeiro grande contrato bilionário, ele ficou ganancioso e queria vender a empresa. Achando que nós tínhamos chegado ao nosso máximo. Mas eu acreditei na nossa empresa, sabia que aquele contrato era o primeiro de muitos e estava certo, mas ele quis vender a parte dele, então comprei as ações dele e dei de presente de casamento para a sua mãe.

 Max _ E ele te odeia desde então!

Daniel _ Ele não me odeia. Somos amigos até hoje.

 Max _ É impressionante que você não consegue enxergar por de trás daquela cara falsa dele. Aquele homem é cobra criada. Desde que eu assumi a empresa, ele já tentou dar inúmeros golpes. 

Daniel _ Você é cismado com ele porque acha que ele foi responsável por aquele golpe que a empresa recebeu logo que a sua mãe desapareceu. 

Max_ Quando eu comecei a trabalhar lá, a primeira coisa que eu fiz foi revisar todos os projetos, de sucesso e principalmente os fracassos, queria aprender onde erramos. E o  cliente, foi aquele crápula que levou, e eu não tenho provas, mas tenho a certeza que ele estava de conluio com o cliente.

Daniel _  Ele perdeu muito dinheiro na época. 

Max _ Duvido muito! Você estava desnorteado atrás de pistas do paradeiro da minha mãe. E ele soube te manipular direitinho. Quer outro exemplo? Ele te contou que viu a mamãe em Londres e você foi para lá procurá-la, enquanto você estava em Londres ele tentou novamente dar um golpe na empresa e foi impedido pelo diretor financeiro na época. Esse homem não é e nunca foi seu amigo.

Daniel _ Mas é verdade eu vim porque sinto a sua falta. E não quero falar de negócios. Quando me aposentei, passei quase todas as ações para o seu nome, para que você dirigisse a empresa como quisesse. 

Max _ Então porque está falando de Vegas?

Daniel _ Ele me fez prometer que falaria com você. E foi isso que fiz! Já falei e pronto, morreu o assunto.

MAXIMILIAN CAMPBELL 31ANOS

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