Silêncio Noturno

O ambiente estava impregnado com a tensão da recente discussão. Isabella, perdida em seus pensamentos e sentimentos, permanecia em silêncio total. Rafael, consciente do desconforto, decidiu se aproximar, mas a atmosfera fria não passou despercebida.

Rafael tentando suavizar:

(Com um sorriso forçado)

Isa, sobre aquela série que eu estava assistindo, você quer continuar hoje à noite?

Isabella:

(curta e fria)

Não.

 Rafael, ignorando o impacto de suas palavras, persistiu em tentar normalizar a situação.

Rafael com gentileza:

(Tentando novamente)

Sabe, eu estava pensando em fazer aquela receita que você gosta amanhã. O que acha?

Isabella

(resposta curta):

Não.

Rafael, enfrentando o silêncio gélido de Isabella, tentou mais uma abordagem, desta vez com um toque de carinho.

Rafael com ternura:

(Colocando a mão no ombro dela)

Isa, podemos conversar sobre o que aconteceu? Eu não quero que fiquemos assim.

Isabella:

(monossilábica e distante)

Não.

Rafael percebendo o quão chateada Isabella ficou, preferiu deixá-la quieta. Isabella, imersa no chuveiro, tentava encontrar refúgio na água que caía. Contudo, sua consciência alertava-a para a presença de Rafael do lado de fora do banheiro. Mesmo que estivesse chateada, a curiosidade sobre suas intenções a fazia manter um cuidadoso jogo de ignorar.

Isabella pensando consigo mesma:

(Suspira)

Talvez, se eu não reagir, ele perceba que precisa se desculpar.

 Ao abrir os olhos, enxergou a silhueta de Rafael, encostado na porta do banheiro, com os braços cruzados e um olhar que ela imaginava ser de arrependimento.

 Rafael em seus pensamentos:

(Refletindo)

Ela merece um espaço. Vou esperar até que esteja pronta para falar.

Isabella, apesar de perceber a observação, escolheu não reagir. Rafael, por sua vez, após um momento de hesitação, decidiu se afastar, dando um passo para trás.

Rafael pensando consigo mesmo:

(Com um suspiro)

Acho que é melhor dar a ela o tempo que precisa.

Rafael se afastou da porta do banheiro, deixando Isabella com sua própria introspecção. A noite continuava em silêncio, com ambos mantendo uma distância respeitosa, ainda que a tensão entre eles permanecesse palpável.

Isabella, vestida em uma roupa confortável, desceu para a cozinha após o banho, decidida a não esperar por Rafael. Optou por jantar sozinha, mergulhada em seus pensamentos, enquanto o silêncio pairava no ambiente.

Isabella pensando consigo mesma:

(Suspira)

Talvez um pouco de comida ajude a clarear as coisas.

Enquanto ela se servia, Rafael adentrou a cozinha, notando a presença de Isabella à mesa. O silêncio entre eles continuava, mas ele escolheu não quebrá-lo imediatamente. Isabella, percebendo a presença de Rafael, manteve o foco na refeição, evitando qualquer contato visual.

Rafael pensando:

(Respira fundo)

Preciso sair daqui que saco! Tudo isso está chato demais.

Enquanto Isabella e Rafael jantavam em silêncio, o celular de Rafael, sempre ao seu alcance, emitiu um sutil sinal de mensagem. Ao verificar, percebeu que era Jorge, seu amigo, convidando-o para uma festa de confraternização com a galera. Um sorriso discreto se formou nos lábios de Rafael, oferecendo-lhe uma potencial fuga da tensão presente em casa.

Rafael pensando consigo mesmo:

(Lendo a mensagem)

Uma festa? Talvez seja o que eu preciso para espairecer um pouco.

Rafael decidiu aceitar o convite, pensando que uma mudança de cenário poderia ser uma oportunidade para arejar a mente e evitar o desconforto que pairava sobre ele e Isabella.

Rafael respondendo a mensagem:

(Digitando)

Claro, Jorge. Estarei lá.

Isabella, focada em seu prato, não percebeu a mensagem ou a decisão de Rafael. Rafael, decidido a buscar uma pausa na tensão presente em casa, pensou rápido em uma desculpa. Olhando para o prato e escolhendo suas palavras com cuidado, ele comunicou a Isabella uma mentira planejada.

Rafael com um tom apressado:

(Evitando contato visual)

Isa, eu preciso te contar... Surgiu um compromisso de trabalho de última hora. Vou ter que viajar no dia 30 e só vou conseguir voltar no dia 3 de janeiro.

Isabella franzindo a testa:

(Com desaprovação)

No final do ano? Sério, Rafael?

Rafael tentando explicar:

(Com um tom apressado)

Eu sei que não é o momento ideal, mas é uma emergência no escritório. Não consegui evitar.

Isabella irritada:

(Cruzando os braços)

E eu fico sozinha na virada do ano? Isso é justo.

Rafael tentando acalmar:

(Com um olhar compreensivo)

Eu sinto muito, Isa. Vou tentar compensar de alguma forma.

Diante da notícia da viagem de Rafael e da frustração por passar a virada do ano sozinha, Isabella perdeu o apetite. A tensão que já pairava no ar tornou-se ainda mais palpável.

Isabella com desânimo:

(Levanta-se da mesa)

Não estou com fome. Vou para o quarto.

Rafael observou Isabella se afastar da mesa, sentindo a distância entre eles crescer ainda mais. A incerteza pairava no ambiente, e a falta de comunicação se tornava uma barreira entre marido e mulher.

Isabella deixou a cozinha, dirigindo-se ao quarto em silêncio. O desconforto que envolvia o relacionamento tornou-se quase tangível. Rafael, por sua vez, sentia a pressão de uma situação que parecia escapar ao seu controle. A porta do quarto fechou-se, deixando Rafael na cozinha, confrontando a realidade de um relacionamento que parecia cada vez mais distante. O quarto, antes um refúgio de amor e intimidade, agora se tornava um cenário de desconforto e incerteza.

Os dias passam com um silêncio profundo, Isabella estava mais sufocada do que tudo, era dia 29 de dezembro e Isa precisava ir a faculdade. Isabella, mesmo diante do desconforto emocional, sabia da importância de cumprir seus compromissos acadêmicos, especialmente quando se tratava de uma confraternização que valia horas extras para ela. Ao se preparar para sair, Rafael, percebendo a movimentação, decidiu questioná-la.

Rafael com tom de desaprovação:

Onde você pensa que está indo, Isa?

Isabella calmamente:

Tenho uma confraternização na faculdade, são horas extras.

Rafael irritado:

Não acho que seja necessário. Temos dinheiro suficiente, você não precisa disso já falei.

Isabella tentando explicar:

Não é só sobre dinheiro, Rafael. Eu quero me dedicar aos meus estudos e à minha carreira.

Rafael frustrado:

(Elevando o tom)

Você não entende? Não precisa trabalhar, nem estudar tanto. Já temos tudo.

Isabella firme:

Rafael, é importante para mim. Não apenas sobre dinheiro, é sobre realização pessoal e profissional. E você tem tudo, eu não.

A expressão de Rafael mostrava claramente seu descontentamento com a ideia de Isabella continuar investindo em sua educação e carreira.

Rafael com raiva:

(Cruzando os braços)

Acho que você deveria reconsiderar suas prioridades.

Isabella irritada:

Prioridades? Sério que você quer falar sobre isso? A quanto tempo deixei de ser sua prioridade para ser apenas sua... sua esposa? Meus estudos hoje são a MINHA prioridade goste você ou não.

Isabella, apesar da tensão, manteve sua decisão, mas o conflito de prioridades e visões de futuro entre ela e Rafael permanecia, deixando uma sombra sobre o relacionamento deles. Ela sai da casa com muita raiva deixando Rafael irritado no quarto.

Enquanto Isabella estava na faculdade, envolvida na confraternização e em suas atividades acadêmicas, Rafael permanecia em casa, absorto em seu trabalho no escritório. A distância física entre eles espelhava a crescente lacuna emocional que se formava.

Isabella interagindo com colegas na faculdade:

(Sorrindo)

Essa confraternização está divertida. É bom estar com os colegas fora da sala de aula.

Enquanto isso, Rafael, imerso em suas responsabilidades profissionais, passava a tarde trabalhando no escritório, sem compartilhar sua jornada com Isabella.

Rafael concentrado no trabalho:

(Digitando)

Preciso finalizar isso antes do prazo. Não posso me distrair.

A separação física refletia não apenas as atividades do momento, mas também a crescente desconexão emocional entre eles. A falta de comunicação e compreensão mútua se aprofundava, deixando um vazio na casa que antes era preenchida com a harmonia do amor compartilhado. Isabella fica o dia todo fora, quando a tarde começa a aparecer, os raios laranjas e amarelos já pintam o céu ela volta para casa com sua melhor amiga Júlia e uma colega que a cada dia se torna mais amiga delas, Gabriela

Júlia

Isabella

(sorrindo):

Que tal aproveitarmos o final da tarde no jardim?

Júlia:

(animada)

Ótima ideia! Está muito quente.

 As três se dirigiram ao pergolado, onde se instalaram para desfrutar de um momento descontraído.

Gabriela olhando ao redor:

Que lugar encantador! Não sabia que você tinha um jardim tão bonito, Isa.

Gabriela

Enquanto conversavam e compartilhavam risadas, a atmosfera entre as amigas contrastava com a tensão que Isabella sentia em casa. O jardim tornou-se um refúgio temporário, oferecendo um cenário tranquilo para uma tarde agradável entre amigas.

Enquanto Rafael estava imerso em seu trabalho no escritório, a risada alegre e a animada conversa das mulheres no jardim capturaram sua atenção. Ao se aproximar da janela, ele vislumbrou Isabella com suas amigas, Júlia e Gabriela, desfrutando de um momento descontraído no pergolado.

Rafael ouvindo as risadas:

(Curioso)

O que será que elas estão aprontando lá fora?

Ao ouvir a conversa animada, suas orelhas se voltaram para o tópico de emprego, despertando um sorriso malicioso em seus lábios.

Rafael pensando consigo mesmo:

(Sorri maliciosamente)

Emprego, hein? Interessante.

A observação silenciosa permitiu a Rafael sentir-se momentaneamente desconectado da tensão em casa. No entanto, o sorriso malicioso indicava que seus pensamentos podiam estar indo além de uma simples observação casual.Enquanto as meninas desfrutavam do jardim, Rafael, decidindo se juntar a elas, apareceu repentinamente no quintal. Sua postura ereta e imponente fez com que um leve arrepio de tensão percorresse a espinha de Isabella.

Rafael cumprimentando com um sorriso:

Olá, meninas. Espero que eu não esteja interrompendo nada.

A aparição surpresa de Rafael fez com que a atmosfera descontraída ficasse repentinamente tensa. Isabella, embora tentasse disfarçar, não conseguiu esconder completamente a tensão em sua expressão.

Júlia tentando ser amigável:

Não, claro que não. Estávamos apenas aproveitando o final da tarde.

Rafael olhando ao redor:

(Com curiosidade)

Sobre o que vocês estavam conversando?

O olhar de Rafael, observando atentamente as mulheres, deixou Isabella inquieta, pois ela sabia que a conversa havia tocado o tema de emprego anteriormente.

Júlia:

Apenas disse a Isa que eu vou começar a trabalhar em uma boa empresa.

Júlia compartilhou sua empolgação com a notícia de começar a trabalhar em uma boa empresa. Isabella, por sua vez, observava em silêncio, mantendo sua reserva.

Rafael fingindo interesse:

Parabéns,Júlia! Isso é ótimo. Qualempresa?

Júlia com orgulho:

É uma grande empresa de marketing. Eles têm projetos incríveis.

 A atmosfera estava carregada de subtexto, e Rafael, talvez intencionalmente, lançou uma pergunta provocativa.

Rafael:

(com curiosidade)

E vocês, meninas, se casassem com um homem muito rico, com poder e status, ainda trabalhariam?

Júlia, sem hesitar, respondeu com convicção, justificando sua posição.

Júlia com determinação:

Claro que sim! O trabalho não é apenas sobre dinheiro. É sobre independência, realização pessoal, contribuição. Não abriria mão disso.

Isabella permaneceu em silêncio, absorvendo a dinâmica da conversa enquanto a tensão pairava sobre o grupo. A pergunta de Rafael revelava uma visão de casamento e carreira que poderia estar em desacordo com a perspectiva de Isabella.

Enquanto a conversa sobre trabalho e casamento continuava, Gabriela, ao contrário de Júlia, expressou uma perspectiva diferente.

Gabriela

(sorrindo):

Bem, eu acho que, se eu me casasse com alguém muito rico, eu provavelmente não trabalharia. Teria tantas outras coisas para fazer, vocês não acham?

A justificativa de Gabriela fez com que Rafael, que estava mordendo os lábios inferiores, direcionasse seus olhos penetrantes para Isabella. A tensão no ar aumentou à medida que a visão de Gabriela sobre casamento e carreira contrastava com a de Júlia.

Enquanto observava a linguagem corporal de Gabriela e percebia o interesse dela em sua fala e postura, Rafael, com um olhar profundo, sentiu a necessidade de responder.

Rafael sorrindo levemente para Gabriela:

Então era com você que deveria ter me casado.

A resposta de Rafael, feita de maneira casual, foi como uma flecha que atingiu o peito de Isabella, causando uma dor aguda. Mesmo mantendo uma fachada de força por fora, por dentro, ela sentiu a ferida daquelas palavras.

 Isabella escondendo a dor:

(Com um sorriso forçado)

Interessante ponto de vista.

A tensão na atmosfera aumentou, e a revelação de Rafael deixou um eco doloroso na mente de Isabella. Rafael então se levantou

Rafael:

Bem meninas foi muito boa conversa, mas eu preciso terminar meu trabalho, com licença.

Assim que Rafael se retirou da conversa, Júlia, notando a expressão de Isabella, não pôde evitar perguntar sobre a escolha de permanecer em silêncio diante da provocação de Rafael.

Júlia preocupada:

Isa, por que você o deixou dizer algo assim?

Isabella tentando disfarçar:

(Com um suspiro)

Às vezes, é melhor não rebater. Não vale a pena.

Júlia:

(curiosa)

Mas, Isa, ele foi rude! Você não vai deixar isso passar, vai?

A expressão preocupada de Júlia e a indignação de Isabella refletiam o impacto das palavras de Rafael na dinâmica do grupo.

 Isabella:

Não sei. Às vezes, as palavras dele são apenas isso, palavras. Vamos mudar de assunto, está bem?

Enquanto Júlia se esforçava para consolar Isabella com determinação, Gabriela, visivelmente inquieta, decidiu interromper a conversa.

 Gabriela inquieta:

Desculpe interromper, mas eu preciso saber onde é o banheiro.

A mudança abrupta de assunto deixou Júlia e Isabella um pouco surpresas, mas Isabella, compreendendo que Gabriela talvez precisasse de um momento para processar a situação, apontou na direção da casa.

 Isabella  gentilmente:

Claro, Gabriela. É só seguir pela porta da cozinha, e você vai encontrá-lo no corredor.

Gabriela agradeceu com um sorriso forçado e se afastou rapidamente em direção à casa. Enquanto Isabella e Júlia continuavam sua conversa, a inquietação de Gabriela sugeriu que a revelação de Rafael talvez tivesse mexido mais com ela do que ela estava disposta a admitir naquele momento.

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