Capítulo 16

Alice: você havia comentado que largou a sua faculdade, não foi?

Kellen: sim, eu trabalho com o meu marido, mesmo sem ter diploma

Alice: mas por que você largou?

Kellen: eu tava grávida e ia me casar com ele… eu estava loucamente apaixonada, então larguei tudo pelo Daniel

Alice: eu entendo… também larguei a faculdade pelo Kllaus, larguei não, fui expulsa

Kellen: nossa, nem sei o que falar

Alice: mas tudo bem, eu sabia que a queda ia ser grande quando eu assumisse nosso relacionamento, mas mesmo assim, mesmo sabendo de tudo, Kllaus não soltou a minha mão em nenhum momento.

Kellen: isso é a prova que ele te ama

Alice: sabe, não tem sido fácil pra nós, ele me afastou de toda minha família, só tenho contato com a minha mãe, sem contar que meu pai me odeia

Kellen: uau, Alice… eu não fazia ideia que você passava por isso

Alice: eu realmente não entendo, Kllaus nem é meu tio de verdade, não precisava desse reboliço todo

Kellen: isso é verdade, as pessoas gostam de ver a nossa queda

Alice: eles podem tentar mas não vão me derrubar

Kellen: isso aí, é assim que se fala

Alice: kkkkkkk, tô amando passar esse tempo com você, não tenho nenhuma amiga

Kellen: eita, eu também estou amando, Alice… mas vou ter que ir, tenho que representar o Daniel na empresa, já que ele está viajando

Alice: ah, tudo bem

Kellen: Alice, aqui está um cheque pra o concerto do carro, tenho que ir obrigada por tudo

Alice: eu que agradeço, tchau

Lucas: tchau, tia

Alice: tchau, Lucas, foi um prazer conhecer você

Kellen e Lucas entraram no carro e foram embora, Alice voltou pra casa com Aline em seu carrinho, assim que chegou, ela ligou para o Kllaus que estava no trabalho

Alice: oi, amor, como está sendo seu dia?

Kllaus: oi, meu bem, cansativo, mas produtivo. E o seu?

Alice: foi ótimo, eu passei a manhã com a Kellen, lembra?

Kllaus: lembro sim

Alice: sim, ela é muito simpática e generosa, ela até me deu um cheque pra consertar o carro

Kllaus: sério? fez mais que obrigação, né?

Alice: para Kllaus, ela é um amor, passamos horas conversando, ela me falou de Daniel, que é o marido dela, temos tanta coisa em comum

Kllaus: hmm

Alice: pois é, ela me contou que largou a faculdade por causa do Daniel, assim como eu fiz por você

Kllaus: é, a gente tem muita coisa em comum

Alice: tem mesmo, amor, eu te amo tanto

Kllaus: eu também te amo, Alice, você é a melhor coisa que me aconteceu

Alice: você é tão fofo, Kllaus, eu não vejo a hora de te ver de novo

Kllaus: eu também, meu amor, mas agora eu tenho que desligar, tenho uma reunião importante

Alice: tudo bem, então, boa sorte na reunião

Kllaus: obrigado, Alice, te ligo mais tarde

Alice: tá bom, beijos

Kllaus: beijos, tchau

Alice: tchau

Kllaus desligando a ligação, viu a foto de papel de parede do celular, que é da Alice e Aline, ele sorriu e foi para a reunião

Alice desligou o telefone e suspirou. Ela estava feliz com Kllaus, mas também sentia falta da sua vida de estudante. Ela se perguntava se algum dia voltaria a estudar, ou se ficaria presa naquele apartamento cuidando da Aline. Ela amava a filha, mas também queria mais para si mesma.

Ela foi até a janela e olhou para a rua. Ela viu um carro preto estacionado em frente ao prédio. Ela achou estranho, pois não reconhecia o veículo. Ela tentou ver quem estava dentro, mas os vidros eram escuros. Ela sentiu um arrepio na espinha, como se algo ruim fosse acontecer.

Ela voltou para a sala e pegou a Aline no colo. Ela a abraçou forte e beijou sua cabeça. Ela pensou em ligar para o Kllaus de novo, mas lembrou que ele estava em uma reunião. Ela resolveu esperar até ele ligar de volta.

Ela ligou a TV e colocou em um canal infantil. Ela se sentou no sofá e tentou se distrair com os desenhos animados. Ela não percebeu quando a campainha tocou. Ela se levantou e foi até a porta. Ela olhou pelo olho mágico e viu um homem de terno e gravata. Ele tinha uma pasta na mão e um sorriso no rosto.

Ela abriu a porta e o cumprimentou.

- Boa tarde, senhora. Eu sou o doutor Silva, advogado do seu pai.

- Do meu pai? - Alice perguntou, surpresa.

- Sim, do seu pai. Ele me enviou aqui para lhe entregar uma notificação judicial.

- Uma notificação judicial? - Alice repetiu, confusa.

- Sim, uma notificação judicial. O seu pai está entrando com um processo contra você e o seu marido.

- Um processo? Por quê?

- Por causa da sua filha. O seu pai quer a guarda dela.

- O quê? - Alice gritou, assustada.

- Isso mesmo. O seu pai alega que você e o seu marido são incapazes de cuidar da criança, que vocês a colocam em risco e que vocês a afastaram da família, sem contar que vocês se envolveram se saber que seu marido era adotado e você de menor. Ele quer que a justiça lhe conceda a guarda da menina e que vocês fiquem proibidos de vê-la.

- Isso é um absurdo! - Alice protestou.

- Eu sinto muito, senhora, mas esses são os fatos. Aqui está a notificação. Você tem dez dias para apresentar a sua defesa no tribunal. Boa sorte. - O advogado disse, entregando-lhe um envelope.

- Espere, isso não pode ser verdade. Meu pai não pode fazer isso. Ele não tem o direito. Ele não pode tirar a minha filha de mim. - Alice disse, desesperada.

- Eu sinto muito, senhora, mas essa é a vontade dele. Eu só estou cumprindo o meu dever. Agora, se me der licença, eu tenho que ir. Tenha um bom dia. - O advogado disse, virando-se para ir embora.

- Não, espere, por favor, me ajude. Não deixe ele fazer isso. Não deixe ele levar a minha filha. - Alice implorou, segurando o braço dele.

- Solte-me, senhora. Eu não posso fazer nada por você. Essa é uma questão judicial. Você terá que resolver isso no tribunal. Agora, me solte, ou eu vou chamar a polícia. - O advogado disse, soltando-se dela.

- Não, por favor, não vá. Não me deixe sozinha. Não me deixe sem a minha filha. - Alice chorou, caindo de joelhos no chão.

O advogado entrou no carro preto e saiu. Alice ficou ali, abraçada à Aline, soluçando. Ela não sabia o que fazer. Ela não sabia como enfrentar o pai. Ela não sabia como contar ao Kllaus. Ela só sabia que estava com medo. Medo de perder a sua filha. Medo de perder o seu amor. Medo de perder a sua vida.

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