11. Yu

As impactantes revelações dos meus primos despertaram em mim uma ideia perigosa. Se Daoming não era meu primo de sangue, talvez não existisse uma verdadeira barreira que nos impedisse de ficar juntos.

Quando uma delas mencionou o quanto Daoming era bonito, outra respondeu: —Você está certa, certamente poderia conquistar qualquer garota com esse charme—.

Mas Jinbei zombou: —Ah, tanto faz. Daoming e seu pai continuam sendo uns coitados, adotados por pena—.

Minha raiva fervia ao ouvi-los falarem assim dele, embora tenha sido o álcool quem falou por mim. —Se não fosse pela generosidade do meu avô, todos vocês ainda seriam uns pobres camponeses. Não se achem tanto—.

Levantei-me da mesa diante de suas expressões indignadas e saí da sala. Precisava ficar sozinho para pensar na possibilidade de Daoming e eu sermos mais do que primos.

Eu sabia que era uma ideia insensata e proibida. Mas enquanto não compartilhássemos laços de sangue, uma pequena esperança acendia dentro de mim.

Caminhei até o jardim do hotel para clarear minha mente. A suave brisa noturna me ajudou a acalmar meus ânimos e considerar as coisas racionalmente.

Fantasiar sobre um relacionamento amoroso com Daoming era uma loucura. Independentemente dos vínculos genéticos, crescemos juntos como família. Ultrapassar essa fronteira só traria problemas e dor.

Voltei para meu quarto com o coração pesaroso, mas a mente clara. O melhor para ambos era continuar como primos carinhosos e nada mais. Embora minha alma anelasse por mais.

Quando cheguei ao quarto do hotel, vi Daoming profundamente dormindo em uma das camas. Aproximei-me silenciosamente e sentei-me na beira da cama, contemplando-o. Ele parecia tão tranquilo e sereno, com seu peito subindo e descendo ritmicamente. Senti uma onda de emoção ao estar tão perto dele.

Daoming me agradava, gostava dele desde a primeira vez que o vi. Havia algo nele, na forma como me olhava e falava comigo, que me fazia sentir diferente. Ao diabo com fingir ser uma família. Queria contar a ele como me sentia, explicar que pensava nele o tempo todo e que desejava que fôssemos mais do que amigos.

Mas não pude fazer isso. Não naquela noite. Então, simplesmente deitei-me ao seu lado, sentindo o calor de seu corpo junto ao meu. Saboreei a proximidade, mesmo que fosse apenas por aquela noite. Amanhã seria um novo dia e teria que continuar guardando meus sentimentos, fingindo que não existiam. Mas por enquanto, podia aproveitar sua companhia.

Fechei os olhos e adormeci ao lado dele, sonhando com o dia em que finalmente teria coragem de contar a verdade.

Acordei lentamente na manhã seguinte. Por um momento, esqueci onde estava. Depois lembrei que Daoming e eu estávamos passando o fim de semana na cidade natal de sua família para o aniversário da minha tia Xing. Hoje deveríamos passar tempo com seus primos e o restante da família.

Olhei para o lado e vi Daoming ainda profundamente adormecido. Sua respiração era lenta e compassada. Não pude deixar de observá-lo enquanto dormia, apreciando suas feições relaxadas. Ele era tão bonito. Senti meu coração acelerar enquanto o admirava.

De repente, seus olhos começaram a se abrir lentamente. Rapidamente desviei o olhar, corando. Não queria que me pegasse encarando-o fixamente. Quando seus olhos se focaram em mim, dei-lhe um sorriso tímido.

—Bom dia,— disse suavemente. —É melhor nos levantarmos. Acho que a tia Xing planejou muitas atividades para hoje, e meus pais devem estar nos esperando.—

Daoming se espreguiçou e bocejou. —Você está certo,— respondeu com voz sonolenta. —É melhor nos apressarmos antes que alguém venha nos acordar.—

Embora uma parte de mim desejasse poder ficar deitada ao lado dele o dia todo, sabia que tínhamos obrigações familiares a cumprir.

Enquanto Daoming se levantava da cama, não pude deixar de notar o quão adorável ele parecia com o cabelo todo bagunçado pelo sono. Na noite passada, tínhamos exagerado um pouco com a bebida na festa, e ambos estávamos um pouco desarrumados. Se não fosse pelo olhar de desprezo de todos, seria uma festa agradável.

Daoming me olhou com sua expressão característica de inocência, alheio aos meus pensamentos. Sem poder me conter, me aproximei e juntei meus lábios aos dele em um beijo impulsivo. Quebrei a promessa que tinha feito a mim mesmo de guardar meus sentimentos.

Por um segundo, Daoming ficou rígido de surpresa. Mas depois, para meu absoluto espanto, começou a retribuir o beijo com igual paixão. Era como se ele estivesse esperando por isso tanto quanto eu.

Nos separamos depois de alguns momentos, sem fôlego e corados. Nos olhamos nos olhos por um longo tempo, sem dizer nada. Finalmente, um pequeno sorriso cruzou o rosto de Daoming.

—Acho que não deveríamos fazer isso, não com nossa família ao lado do nosso quarto,— disse tranquilamente, embora eu pudesse detectar um novo brilho em seu olhar.

Assenti, meu coração batendo forte. Sabia que as coisas tinham mudado entre nós depois daquele beijo. Não havia mais volta. Seja o que o futuro reservasse, finalmente tinha mostrado meus verdadeiros sentimentos a Daoming.

Ainda incrédulo com o que acabara de acontecer, disse a Daoming que ninguém viria nos procurar em breve. Reuni coragem e finalmente confessei: —Gosto de você, Daoming. Gosto de você desde o primeiro momento em que te vi.—

Para minha alegria, Daoming me olhou com ternura e dijo: —Você também me agrada, Yu. Queria te dizer isso há muito tempo, mas não tinha certeza se sentia o mesmo.—

Nos aproximamos e nos beijamos novamente, desta vez mais lentamente, aproveitando a proximidade. Era como se todos os sentimentos que tínhamos guardado finalmente viessem à tona.

Eventualmente, e a contragosto, nos separamos, sabendo que tínhamos que descer para tomar café da manhã e nos juntar à família. Mas antes de sairmos do quarto, Daoming segurou minha mão e disse suavemente: —Vamos conversar mais tarde, quando estivermos sozinhos. Por agora, será nosso segredo.—

Sorri e concordei, sentindo-me feliz e esperançoso sobre o que esse novo desenvolvimento poderia significar para nosso relacionamento. Sabia que tínhamos muito a discutir e explorar juntos. Mas por enquanto, ficar de mãos dadas com Daoming, sabendo que nossos sentimentos eram correspondidos e sem a culpa de laços sanguíneos, era suficiente.

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