A cabeça latejava fortemente. Lentamente fui recobrando a consciência, mas ao abrir os olhos não reconheci o lugar onde me encontrava. Estava deitado em uma cama que não era a minha, em um quarto desconhecido. O que havia acontecido ontem à noite? As lembranças começaram a chegar à minha mente de maneira fragmentada. Eu tinha ido àquele bar com meus amigos e bebi além da conta, muito além. A última coisa que me lembrava era de um par de garotas me oferecendo drinks um após o outro...depois tudo ficava confuso e borrado.
Levantei-me da cama o mais rápido que pude e comecei a me vestir desajeitadamente, evitando cruzar o olhar com a ruiva que jazia ao meu lado. Ela se espreguiçou e me disse com um sorriso maroto:
—Yu, foi um prazer finalmente poder estar com você. Nos vemos na universidade —.
Fiquei gelado ao ouvir suas palavras. Não só tinha dormido com uma desconhecida na minha bebedeira, como ainda por cima era alguém da minha própria universidade. Senti que o estômago embrulhava, uma sensação de náusea me invadiu.
—Adeus —, gaguejei e saí praticamente correndo daquele quarto, daquele apartamento.
Caminhei sem rumo pelas ruas, tentando organizar o turbilhão de pensamentos e emoções dentro de mim.
Enquanto caminhava sob o sol escaldante, tentando clarear minha ressaca, os pensamentos se aglomeravam na minha mente. Sem querer, uma parte de mim começou a culpar Daoming pelo ocorrido.
Eu nunca antes tinha estado em um relacionamento formal, sempre fui um espírito livre e despreocupado. Mas Daoming tinha chegado à minha vida para mudar tudo isso com seu rosto perfeito, seu corpo e sua personalidade envolvente. Ele me fez experimentar sentimentos mais profundos e um compromisso ao qual não estava acostumado.
Ontem, ao me deixar sozinho para descansar, uma parte de mim sentiu ressentimento e rebeldia. Como se sua recusa em me acompanhar tivesse acendido meu autodestrutivo desejo de libertinagem e hedonismo. Foi minha infantil maneira de me vingar diante da ruptura momentânea de nossa bolha idílica.
Decidi então que fingiria demência, faria como se nada tivesse acontecido. Não podia perdê-lo, me recusava a deixá-lo escapar por uma estúpida noite de bebedeira e luxúria.
Ao chegar em casa, Daoming me recebeu efusivamente, me cobrindo de beijos e me dando um abraço envolvente, apertando-se contra meu peito com força, como se temesse me deixar ir.
Correspondi seu abraço automaticamente, aspirando o doce aroma de seu cabelo enquanto uma pontada de culpa atravessava meu coração. Não merecia aquela recepção depois da traição da noite anterior, mas ao mesmo tempo não podia evitar sentir que estava em casa entre seus braços.
—Senti sua falta, não me deixe sozinho assim novamente —, Daoming sussurrou em meu ouvido.
—Também senti sua falta, sabe que te amo —, respondi com a voz fraca, odiando-me por lhe mentir descaradamente.
Depois de um longo abraço, comecei a me afastar lentamente de seus braços, desviando de seu olhar ansioso.
—É melhor irmos tomar café da manhã, estou morrendo de fome —, disse tentando me esquivar para a cozinha, esperando que meu nervosismo não me entregasse.
Daoming pegou minha mão e me levou até a mesa, me servindo o café da manhã.
Depois de um tempo comendo em silêncio, finalmente reuni coragem para quebrar o gelo.
—E... está nervoso com a competição de amanhã? —, perguntei, referindo-me à prova de atletismo.
—Um pouco, na verdade nunca tinha estado em uma competição antes —, respondeu Daoming coçando a nuca.
Vendo uma oportunidade de compensar em parte minha conduta, tive uma ideia. A prova era no dia seguinte de manhã, então teríamos o resto do fim de semana livre.
—Não se preocupe, você vai se sair muito bem como sempre. Podemos aproveitar o tempo, o que acha de irmos ao shopping center?, podemos ver um filme, comprar algumas roupas e comer naquele novo restaurante que inauguraram — sugeri entusiasmado.
O rosto de Daoming se iluminou com um largo sorriso.
—Será como um encontro! —, disse apertando minha mão sobre a mesa. —Obrigado Yu, você é o melhor —.
Retribuí o aperto carinhoso de sua mão, engolindo com dificuldade o nó de culpa em minha garganta.
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Atualizado até capítulo 102
Comments
Pamela Bianchi
já não gostei desse mentiroso 😔
2024-04-30
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