Capítulo 20

Levi

Hoje o meu dia está péssimo, meu novo livro foi publicado e as pessoas são muito cruéis na hora de criticar. Eu estava acostumado a viver sozinho, mas ultimamente essa solidão toda tem me incomodado.

Nem o Isaac mais vem aqui. Acho que ele também se cansou de mim. As pessoas geralmente não entendem, e preferem se afastar.

Me levanto da minha caminha, eu durmo em uma cama de casal cheia de bichinhos de pelúcia, eles me fazem companhia. Vou ao banheiro e escovo os meus dentes. Na minha casa tudo é do meu jeitinho, eu peço tudo pela internet, não saio muito de casa. Todos os meus utensílios são fofinhos, tipo, xícaras de bichinhos, chaleira de porquinho, essas coisas. Eu adoro usar roupinhas fofas e quentinhas. Como eu fico sempre sozinho em casa, uso roupas femininas, eu gosto e me acho fofo nelas. Às vezes quando tô muito triste ou algo na minha rotina muda, eu uso a minha chupeta, não uso mamadeira, mas tenho copos de canudinho super fofinhos.

Quando eu era mais novo eu sonhava em ter um namorado, alguém pra eu amar e que fosse cuidar de mim. Mas depois conforme eu fui crescendo eu percebi, graças a ajuda da minha querida mãe, que todos me achavam uma aberração, e que ninguém jamais iria querer um ômega estragado, como a minha mãe faz questão de me lembrar.

Até tive alguns ficantes, que diziam me amar e me aceitar, até que o tempo ia passando e eles começaram a se irritar, com meu jeito, exigir atitudes mais maduras, e teve até um que achou "uma ajuda" pra mim. Depois disso eu desisti. Quer dizer, quase. Tem um cara, a gente conversa por mensagem, às vezes até mando umas fotinhas fofas pra ele, mas sem mostrar o rosto, ele fala comigo como se eu fosse importante e especial e eu amo isso. Mas a gente nunca se viu, nem por foto. Nunca mandei nenhuma mostrando o meu rosto. Ele falou da gente se encontrar um dia, mas eu tenho muito medo, não sei se suporto ter o meu coração partido mais uma vez.

Estava pensando nisso enquanto colocava minha camisola rosa de rendinha na barra, uma meia 3/4 e um shortinho de renda. Meu crush disse que gosta muito dessa camisola, então às vezes eu uso e mando fotinha pra ele. Ele respondeu que eu era a coisa mais linda do mundo, e eu fui pra minha mesa escrever com um enorme sorriso no rosto.

Isaac

Quando acordei de manhã já havia um relatório sobre o Félix na minha mesa de cabeceira, antes que eu voltasse da casa da Nana, a mãe do Félix morreu, ele passou a usar o nome de solteira da mãe dele e se mudou com o pai para o Brasil por dois anos. Por isso não achei ele nesse tempo em que procurei. Ele trabalha como faxineiro nessa empresa a 4 anos, ele teve um menino que se chama Lótus e que está doente, segundo o boletim médico que o Grover conseguiu o garoto tem Leucemia. Segundo a data de nascimento do menino,ele com toda certeza é meu filho. Eu tenho um filho...

Saí da cama e me arrumei, queria ir até o hospital saber sobre meu filho. Mas assim que desci as escadas tive que lidar com o interrogatório da minha tia.

- Onde vai tão cedo Isaac.

- Resolver alguns assuntos.

- Tenho certeza que não é nada tão urgente, você pode tomar café comigo.

- Já disse que não posso.

- Chega de joguinhos Isaac, quero falar abertamente com você, não quero mais esperar que você tome a iniciativa, então vamos resolver isso agora mesmo.

Tá legal, minha tia tá louca, não tá falando coisa com coisa, tá passando a mão em mim daquele jeito estranho de novo, tô começando a me assustar.

- Tia, o que você tá dizendo?

Ela deu um tapa na minha cara e ficou totalmente transtornada.

- Não me chame de tia!!! você sabe muito bem que eu não te vejo como um sobrinho, deixei isso bem claro todos esses anos. E eu sei que você também não me vê como tia, eu percebi o jeito que você me olha e como você me deseja.

- Não, eu não te desejo,você sabe que eu já tenho o meu ômega, que história ridícula é essa? você é irmã da minha mãe, tem idade pra ser a minha mãe, por Deus isso é maluquice!

- Não precisa mais resistir, para de tentar fugir desse sentimento Isaac, nós dois sabemos que aquele seu ômega já era, e sobre a família, não precisamos deles, vamos ficar juntos, fugir sem nos importar com eles.

- Olha só, eu não sei o que foi que você fumou, mas vou deixar uma coisa bem clara, pra mim você é, sempre foi e sempre vai ser a minha tia. E saiba você que o Félix e eu em breve estaremos juntos de novo, e vamos ser felizes como era pra ter sido a 7 anos atrás.

Ela estava com um olhar estranho, mas eu preciso acabar com seja lá o que for isso hoje de uma vez por todas.

- Nunca vai haver nada entre nós, tire isso da sua cabeça e volte a se comportar como uma pessoa normal, espero nunca mais ter que falar disso com você, isso é realmente constrangedor. Com licença.

Sai de lá antes que eu falasse mais do que deveria , não tenho tempo pra essas loucuras da minha tia. Tenho que ir até o hospital, preciso ficar perto do meu eu filho e do meu ômega.

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