Capítulo 4

Isaac

Aquela coisinha insignificante...

Não sei o que acontece, mas sempre que eu estou com ele não consigo pensar direito. Ele sempre me esculacha e eu não consigo abrir a merda da minha boca pra me defender.

Deve ser porque eu nunca precisei.

Achei que ia ser fácil como sempre foi, eu chegava com um dos meus carros, dava um do sorriso e ele iria correr pro meu lado todo feliz por ter sido notado por mim. Porque aquele tampinha não segue o roteiro?

Eu já tô de saco cheio daquele tampinha sempre acabando com a minha raça na frente das pessoas. Quem ele pensa que é? o que ele tem que se acha melhor que eu?

Muitas coisas estavam martelando na minha cabeça, até onde eu sei, aquele ômega é pobre, não tem dinheiro nem prestígio. O que ele tem que faz ele se sentir tão seguro?

Cheguei no apartamento do meu melhor amigo Levi, ele e eu somos primos. A mãe dele e a minha mãe são irmãs, e são mais parecidas do que gostaríamos. As duas são inseparáveis e vivem pulando de festa em festas e bailes da alta sociedade e esquecem que têm filhos.

Eu tive sorte, tenho o meu pai e a minha nana.

Já o Levi não teve a mesma sorte, o pai dele morreu quando ele tinha 6 meses, e ele não teve nenhuma baba que aguentou trabalhar pra mãe dele por mais de um ano. Como resultado, Levi cresceu sozinho e cheio de traumas, isso fez ele desenvolver infantilismo, a mãe dele não entende e nem aceita, Levi teve que se mudar pra um apartamento e vive com o dinheiro da herança do pai dele. Levi não conseguiu frequentar a escola, então ele sempre estudou em casa com tutores, mas não fez faculdade. Mas ele é extremamente criativo, então começou a escrever romances de ficção e fantasia, e é um sucesso. Ele escreve sob um pseudônimo, então ninguém sabe quem é ele. Meu primo sente vergonha de quem e de como é.

Já cansei de dizer pra ele que ele é a coisa mais fofa desse mundo todo. Ele não age como um bebê o tempo todo. Mas ele gosta de vestir roupas femininas, gosta de usar objetos de bebê e chupeta. Mas ele consegue falar e agir normalmente no meio das pessoas quando precisa. A psiquiatra disse que ele regride pra não ter que enfrentar seus traumas e que ele é feliz assim.

Me preocupo com ele vivendo sozinho, mas ele insiste que está bem, meu primo não tem esperanças de encontrar um amor, não depois de ser ridicularizado e humilhado pela própria mãe e os pretendentes que ela arranjou pra ele.

- Oi bebê,seu super primo chegou, trouxe chocolate e pizza.

Levi estava na sua escrivaninha digitando no notebook, mas assim que me ouviu ele deu um pulo e correu pra onde eu estava.

- Hummm adoro pizzaa

- Eu sei bebê, não sou um ótimo primo.

- Ximm.. herr desculpa. Simm

- Já disse que não precisa se corrigir quando está comigo, Levi. Eu amo você do jeitinho que você é.

- Obrigada. Por que você tá aqui a essa hora da tarde, não deveria estar vadiando por ai.

- Vadiando? Levi você acha que eu sou fútil?

- Ah, finalmente descobriu?

- O que? olha só eu sou um garoto rico e bonito, que mal faz eu tirar proveito disso?

- É que isso irrita as pessoas que têm problemas de verdade.

- Você tá parecendo aquele tampinha.

- Que tampinha?

- Um ômega abusado que eu conheci, ele vive me esculachando. Ele é um garoto pobre que não tem nada e ainda sim é mais seguro e confiante que muita gente que eu conheço, nada do que eu tenho e do que eu sou impressionou ele. Ele teve até a coragem de recusar sair comigo, tem alguma coisa de errado com aquela coisinha.

- O que ele disse que te chateou tanto?

- Ele disse que sem meu dinheiro e eu não conseguiria conquistar um ômega, pode isso?

- E isso é verdade? Você já conquistou alguém de verdade? tipo do jeito certo?

- Que jeito certo é esse?

- Bom se empenhar de verdade, tentar conhecer o seu parceiro, saber do que ele gosta. Deixar ele conhecer você, quem você realmente é, do que gosta e do que não gosta. Deixar ele decidir se gosta de você e se quer ou não ficar com você.

- Isso parece difícil e trabalhoso.

- Sim, o amor exige esforço primo.

- Mas como eu vou fazer isso, não sei nem por onde começar?

- Desculpa, primo, mas eu não posso te ajudar nisso, sou solteiro de nascença esqueceu.

- Vou mostrar pra aquele tampinha que eu posso sim conquistar alguém e eu já até sei quem e como. Só preciso de uma coisa.

- Ah não, Isaac, eu conheço essa cara! O que é que você está aprontando?

Peguei meu telefone e disquei um número que eu quase nunca precisei.

- Alô Grover, preciso que você pesquise sobre uma pessoa, um ômega de cabelo vermelho, não sei o nome dele, só sei onde ele estuda, e que ganhou uma bolsa na faculdade onde eu estudo.

- Me mande o nome da escola e terá todas as informações que precisa amanhã no primeiro horário.

- Obrigada Grover.

- Disponha senhor Chesterfield.

- Caraca,você ligou pra esse cara sinistro? ele me dá medo Zac.

- Ele é só um funcionário do meu pai, não seja medroso Levi, ele não é nenhum criminoso, eu acho.

- Tudo bem, agora vamos comer pizza e eu vou te mostrar a película nova que eu comprei pro Ronrom...

- Levi você mima demais esse gato.

- Não, eu cuido dele como eu gostaria que alguém cuidasse de mim.

- Bebê, você precisa de um namorado.

- Sabe que isso não vai acontecer.

- Depois que eu aprender a conquistar eu vou te ensinar, aí você vai arrumar um namorado bem forte e bonitão.

Passamos o restante da tarde comendo e vendo tv. Estou ansioso pelo meu próximo encontro com um certo tampinha de cabelo vermelho. Me aguarde coisinha...

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