CAPÍTULO 20 ( TROCA DE SEGREDO)

Ao chegar em casa, saio devagar do carro, e vou andando em direção a entrada da casa. Escuto Armando apertar o botão de fechar o carro e vir logo atrás de mim

Armando- Vai fazer o que agora?

Ele pergunta logo depois de me alcançar

Mia- Ah, acho que um banho cairia bem!

Armando- Verdade. Vou fazer a mesma coisa

Eu ein então tá

Ao passarmos juntos pela porta ainda falando sobre algo aleatório, damos de cara com Jhony que estava sentado em uma das banquetas do balcão, ele nos olha, mas fica em silêncio e não expressa nada em seu rosto.

Mia- Oi Jhony

Digo alegre ao ver ele

Jhony- E aí Mia

Ele diz com o rosto totalmente sério

Mia- Tudo bem?

Digo me sentando ao lado dele, enquanto Armando foi até a sala falar com os pais

Jhony- Tô ótimo Mia

Ele diz rispidamente

Mia- Hum, então tá bem! Vou subir

Digo já bem chateada com toda a frieza que ele anda me tratando.

Antes de subir vou até Diana e Max, conversamos por alguns minutos e logo subo as escadas e me tranco no meu quarto.

Depois do longo banho quente, visto roupas leves e me jogo na cama sem ao menos secar os cabelos, e ali entre as cobertas quentinhas observo as gotículas de água cair sobre o vidro da minha janela, até que o som da chuva forte me faz adormecer.

MAIS TARDE NAQUELA NOITE:

TOC TOC TOC acordo assustada com alguém batendo na minha porta, olho as horas no celular que carregava no criado mudo ao lado da cama, e penso MAS QUE COISA, quem bate na porta de outra pessoa em plena 02h da madrugada?

Levanto rapidamente já angustiada, com pensamentos de que possa ter acontecido algo.

Abro a porta ligeiramente mas sem fazer barulho.

E lá estava ele, Armando estava parado segurando uma bandeja com algo

Armando- Oi

Ele dando um sorriso tímido

Mia- Oi

Digo retribuindo o sorriso tímido e esfregando os olhos

Armando- Desculpa te acordar! Mas que...

Ele olha para os lados e suspira

Armando- Vi que não desceu pra jantar

Mia- Ah, tudo bem, eu nem tava com fome mesmo!

Armando- Mas você precisa comer, toma, não faz eu ter perdido o sono a toa vai

Mia- Como assim?

Armando- O que? Não é nada

Cruzo os braços me recusando a pegar a bandeja de suas mãos.

Ele bufa e logo começa a falar

Armando- Eu fiquei preocupado, você ia acordar indisposta amanhã se comece nada! E se você acordar indisposta não vai conseguir trabalhar direito, né?

Ele fala tentando disfarçar o seu ato bondoso e preocupado

Mia- Ah, valeu!

Digo pegando a bandeja suas mãos, quando sinto vontade de rir, mas tento segurar, ele percebe

Armando- Ah qual é, não rir do meu sanduíche

Ele diz sorrindo e abrindo os braços

Mia- Não, não tô rindo não

Digo sem conseguir mas segurar a risada, mas coloco a mão na boca pra não acordar ninguém

Armando- Tá vendo, eu tento ser gentil, mas ela ri de mim.

Ele fala levantando os braços fingindo se render

Mia- Até que tá bonitinho!

Digo mordendo um pedaço do sanduíche xinfrin dele

Mia- Disse que perdeu o sono?

Armando- Pois é, tava pensando nas reuniões de amanhã!

Mia- Então, por isso você precisa descansar pra ir preparado

Digo engolindo outro pedaço do sanduíche

Armando- Eu já tentei, deitei na cama, me enrolei com cobertores e até no chão eu já tentei. Mas o sono não me quer hoje

Sorrio com a bochecha cheia.

Ele tira o sorriso que estava em rosto e me olha diferente, e fica assim por alguns segundos, até que

Armando- Quer ir beber um suco na cozinha?

Ele diz já se virando em direção a escada, mas logo se vira e diz

Armando- Ah, não Milena, foi mal você tá cansada e com sono, quem está com insônia aqui sou eu, quer me entregar a bandeja? Eu levo

Mia- Não, vamo lá, o sono acabou passando mesmo.

Armando- Tomara que você não se vingue por isso. Eu imagino está num sono de outro planeta, totalmente apagado e você bate na minha porta, eu ia surtar.

Ele acabou de me dar uma ótima ideia haha

Armando- Droga te dei uma arma né

Ele diz já descendo os primeiros degraus e eu logo atrás.

Mia- É, você deu

Digo rindo baixinho

Ele abre a geladeira e pega uma jarra de suco de laranja pronto, e o serve em dois copos

Mia- Valeu!

Digo quando ele me entrega um deles.

Depois de umas goladas no copo, ele senta na banqueta e observa algo lá fora, parece concentrado ou pensando em algo, mas de repente ele diz

Armando- Sua vez Milena!

Mia- Minha vez do que?

Digo colocando o copo de volta na mesa

Armando- Sua vez de me contar algo que nunca contou pra ninguém, me sinto invadido de só você saber isso de mim.

MAS O QUE? ELE QUE ME CONTOU NÃO FOI COMO SE EU TIVESSE TORTURADO ELE OU ALGO DO TIPO, mas decido relevar

Mia- Tipo o que?

Armando- Não sei!

Ele diz dando um sorrisinho e também deixando o copo da mesa.

Eu respiro fundo e analiso todos as minhas memórias parecidas com segredos, e começo a falar

Mia- Bom, talvez você não acredite nisso, mas tem algo sim que só o meu coração sabe, eu sinto medo, medo do futuro, para algumas pessoas eu posso parecer a pessoa mas confiante desse mundo, mas é tudo encenação, sempre preferi guardar minhas dores só pra mim, e sempre finjo que está tudo bem, quando na verdade tudo está devastado dentro de mim. No fundo eu sou só uma menina cheia de traumas e dores ocultas.

Ele fica em silêncio, parece absorver tudo com atenção e logo diz

Armando- Eu te entendo, a gente se parece nisso, como você bem sabe, eu também não sou tão durão quanto finjo ser, e acho que nosso coração cria essa barreira como forma de se proteger, porque já passou por muitas situações em que foi magoado e chutado por pessoas em que mais confiava.

Mia- É, pode ser!

Digo desviando os olhos para a parede

Armando- Vem, vamos subir, vamo tentar dormir um pouco

Ele diz recolhendo os copos e colocando na pia

Subimos as escadas sem fazer barulho algum. E quando os degraus terminam ele se vira pra mim e diz

Armando- Obrigado por confiar em mim! Prometo que nunca contarei a ninguém.

Ele diz pegando a minha mão, o que me deixa em crise de nervoso

Mia- Va-valeu!

Armando- Boa noite Milena!

Ele diz soltando minha mão devagar e se afastando ainda de frente pra mim, mas logo se vira.

E ali eu fico por alguns poucos segundos, vendo ele ir até o outro lado do corredor e sumir logo após entrar em seu quarto.

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