Fecho a porta ainda sem entender direito o que aconteceu. O que foi que eu fiz pra aquele doido varrido?
Algumas horas depois, ouço batidas na porta. É Diana. Ela vem ver se estou bem, se preciso de algo. Mas quem acaba deixando escapar que não está tão bem assim é ela. Fala sobre várias coisas, mas o que mais me chama atenção é quando diz que não gosta e nem confia na Mendy — a tal namorada do Armando. Não entrou em detalhes, mas pelo tom, a briga foi feia.
Mais tarde, ela volta para me chamar para o jantar com todo mundo.
Agora estou aqui, sentada à mesa com todos, mas sem um pingo de fome. Na verdade, o que sinto é indigestão só de ver aquela moça grudada no pescoço do Armando o tempo inteiro.
— Então, o que está achando daqui, dos Hamptons?
A pergunta de Diana vem com entusiasmo.
— É tudo muito bonito. Me transmite uma paz sem igual. Valeu por ter me trazido!
— Ah, querida, não precisa agradecer. Sempre que quiser vir passar um tempo sozinha, pode vir. Eu aviso o pessoal, e a casa fica toda prontinha pra você. Às vezes, é bom ter um tempo só pra si.
— Nossa, muito obrigada! Muita gentileza sua mesmo!
Falo sinceramente, sentindo-me lisonjeada e honrada.
— Imagina! Essa casa também é sua.
Essas palavras me tocam de um jeito intenso. Às vezes me pego pensando em como Diana é uma pessoa gentil, carinhosa... e o quanto eu gosto muito dela.
— Muita gentileza mesmo da sua parte... já que a mocinha provavelmente nunca viu uma casa assim antes.
O clima estava tão agradável, mas Mendy precisava estragar. Não digo nada. Apenas abaixo a cabeça e começo a empurrar a comida no prato com o garfo.
De repente, Armando fala — pela primeira vez desde a nossa conversa na porta mais cedo.
— Não precisa falar assim com ela.
Todos ficam surpresos. Inclusive eu.
— Mas o que foi que eu disse demais? Só falei a verdade... essa aí não tinha nem onde cair morta mesmo.
Ele parece ficar tão irritado que seus punhos se fecham e sua expressão muda. Em um movimento brusco e ligeiro ele bate na mesa com força.
— JÁ CHEGA, MENDY!
Sua voz sai alta, carregada de raiva. Até sua mãe fica sem palavras. Ele percebe o que fez, vira as costas e sai direto pra fora da casa. Segundos depois, já não está mais à vista.
Mendy me lança um olhar venenoso, cheio de raiva. Sinto vontade de sair correndo dali.
— Com licença, pessoal... perdi a fome. Vou pro meu quarto.
— Tudo bem, querida. Daqui a pouco levo um lanche pra você. Nem tocou no jantar. - Diana disse
Não respondo, só olho nos olhos dela tentando passar a gratidão que senti. Subo as escadas rapidamente e me tranco no quarto.
O pôr do sol colore o céu pelas janelas enormes de vidro. Me aproximo pra ver melhor aquela beleza natural que me hipnotiza a cada segundo. Mas ao desviar o olhar, percebo alguém sentado na areia da praia. Ele. Está com os olhos fixos no horizonte, distante, pensativo. O que será que está passando pela cabeça dele?
De repente, vejo Mendy se aproximando. Fecho as cortinas na hora e me afasto da janela.
Que dia, meus amigos... que dia.
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NO DIA SEGUINTE
Antes mesmo de abrir os olhos, escuto o canto dos pássaros. A luz do sol invade o quarto enquanto me espreguiço, agarrada ao travesseiro. Está tudo tão aconchegante que me lembra os dias em que sentia medo e corria para a cama dos meus pais. Eles sempre me acolhiam, mesmo sabendo que eu já era "grande demais" para aquilo.
Às vezes, só queria acordar desse pesadelo. Sentir o cheiro da minha mãe, ver meu pai preparando o café enquanto eu lia a manchete do dia no balcão... Bizarro pensar que a última manchete que li descrevia o pior dia da minha vida com detalhes.
Ah, mamãe... papai... como eu sinto falta de vocês.
Lágrimas escorrem sem que eu perceba. Me afundo no travesseiro e volto a dormir.
Mais tarde, acordo novamente — dessa vez com vozes e passos no corredor. A casa já está de pé. É minha vez de levantar.
Me arrumo rápido: um vestidinho florido, sandália branca de salto baixinho e um óculos escuro pra disfarçar os olhos inchados. Desço.
Sentada na ponta da mesa, olho o celular. Já há algumas pessoas por ali.
— Bom dia a todos!
— Bom dia! — Jhony é o primeiro a responder
— Bom dia, querida. Está bem?
— Estou sim, obrigada. E você? — devolvo a pergunta à Diana.
— Também estou bem, obrigada por perguntar!
— Bom dia, bom dia! Meninos, deem bom dia pra ela! — Max diz ao se aproximar
— BOM DIA! — respondem os dois em coro.
Meus olhos percorrem o ambiente à procura de apenas uma pessoa. Mas não está aqui. Tento não demonstrar, mas por dentro a ansiedade me corrói.
Como se lesse meus pensamentos, ouço Diana dizer:
— Ele não está. Saiu cedo, levou as coisas dele e da Mendy. Partiu antes que eu pudesse perguntar qualquer coisa.
Finjo não me importar, mas meu estômago se revira.
— Ah…
— O que quer fazer hoje?
A voz de Jhony, me puxa de volta à realidade.
— Não sei... o que tem em mente?
— Que tal um passeio de lancha? Ou uma partida de vôlei?
— Os dois parecem ótimos!
Ouço um cochicho vindo da ponta da mesa entre Diana e Max: "Que bom que eles estão se dando bem." E uma piscadela como resposta.
Mais tarde, estamos todos na praia jogando vôlei. Ou pelo menos tentando. Sou péssima nisso, haha.
— Vai lá! Você consegue! — Simon me incentiva
Pelo menos tenho torcida. Me consola um pouco depois de levar uma surra do Fernando e do Jhony. Sorte que meu parceiro, Simon, é paciente.
Me preparei para sacar a bola, desastradamente, quando todos os olhares se voltam para o som de um carro se aproximando.
É ele. Armando. Voltou. Mas sozinho.
Todos se entre olham, com a mesma pergunta no ar: "Cadê a Mendy?"
Ele caminha devagar até sua mãe, que vai direto ao ponto:
— O que aconteceu? Onde está a Mendy?
— Deixei ela na casa dela, mãe.
— Mas aconteceu alguma coisa?
— O que ela fez ontem já não é o bastante?
— A gente não sabe... Ela sempre foi assim. Só que você nunca se incomodou antes. Ficamos preocupados com seu jeito de reagir.
Ele parece pensar por um momento antes de responder:
— Mãe... eu só tô cansado dos joguinhos dela. Não rola mais. Não sinto mais nada por ela.
Por algum motivo, aquelas palavras me atingem fundo. Uma onda estranha de energia percorre meu corpo. Deixo a bola cair.
O som chama a atenção dele. Ele me olha direto nos olhos. O olhar fixa no meu por longos segundos antes de ele falar:
— A gente pode conversar um instante?
Não consigo dizer uma palavra. Nem mover um músculo.
— Por favor, Mia…
Sinto todos ao redor em silêncio, esperando uma resposta. Diana me encara surpresa. Max observa com atenção. E eu... só sinto o coração bater acelerado demais.
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Atualizado até capítulo 157
Comments
Doris Louise Alves Dias Brito
Estou gostando da história, e shipando o casal Armando e Mia /Kiss//Kiss//Kiss/
2024-09-18
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