Todos me olham — inclusive Jhony — como se esperassem uma resposta. Quando finalmente consigo dizer algo, as palavras saem tropeçando.
— T-ta bem... pode ser!
Armando me conduz até a varanda da casa, afastando-nos do restante do grupo. Senta-se em uma das cadeiras de balanço, visivelmente desconfortável, e começa a falar:
— Bem, eu...
Faz uma pausa, como se estivesse escolhendo cuidadosamente as palavras.
— Eu queria pedir desculpas por ontem. Você não devia ter escutado aquilo.
— Está tudo bem.
— Não, é sério!
— Olha, eu já ouvi coisas muito piores do que as que a Mendy disse. Não me afeta. Faço com ela o mesmo que faço com você: finjo que nem ouvi a grosseria e sigo com a vida.
Ele faz uma careta.
— Então quer dizer que minhas grosserias não te atingem?
— Não, nem um pouco, Armando Staves.
Digo isso, mesmo sabendo que, na verdade, as grosserias dele me deixam louca de raiva.
— Vou caprichar mais da próxima vez, então, Milena Dantas.
— Ah, então quer dizer que você vai continuar sendo um escroto?
— Mas é claro, senhorita!
Ele dá uma risadinha maliciosa, o que me faz revirar os olhos e sair andando.
— Ah, qual é, Mia? Me espera.
— Anda logo.
Voltamos à praia e o pessoal já está pronto para mais uma partida de vôlei. Fico no time com Max, contra Diana e Armando. Jhony marca os pontos, enquanto Simon e Fernando ficam na torcida.
— Vai, Mia, vê se dessa vez marca algum ponto!
— Ah, valeu, Simon, pela motivação.
Respondo em tom sarcástico, fazendo todos rirem.
Algum tempo depois...
A partida finalmente termina. Já não aguentava mais ser massacrada.
Me despeço do pessoal e sigo em direção à casa, mas escuto passos rápidos atrás de mim.
— Oi, foi divertido, né? — A voz suave de Jhony, ressoa
— Foi bem legal. Apesar de não ter ganhado nenhuma, me diverti bastante.
Rimos juntos.
— Com o tempo você pega o jeito, não se preocupa.
Assinto com a cabeça, ainda sorrindo.
— Esse seu vestido é bem bonito.
E lá vem ele me deixando sem graça de novo...
— Ah, obrigada!
Assim que chegamos à cozinha, ele me entrega um copo de água.
— Posso te fazer uma pergunta?
— É... pode!
— Você já teve algum namorado no Brasil?
Nesse momento, ouço um barulho lá fora, como se alguém tivesse parado para ouvir. Resolvo ignorar, ainda que a pergunta me deixe nervosa sem motivo — a resposta é simples.
— Jhony!!!
— Fui invasivo, né? Foi mal!
— Foi sim. Mas, não. Nunca tive namorado, nem no Brasil nem em lugar nenhum.
Ele se vira, mas ainda dá pra ver o sorrisinho.
— Legal... Quer dizer, tipo, legal que ainda não tenha... não que seja legal... Quer dizer, você ainda vai conhecer alguém especial.
— É, eu sei. Você usou a palavra "legal" muitas vezes.
Dou uma risada para distraí-lo, percebendo seu nervosismo.
— Tá bem, Jhony. Vou subir pra tomar banho. Te vejo na hora do jantar.
— Até mais, Mi.
— Até!
Subo lentamente as escadas, ainda tentando entender o estranho barulho de antes. Olho para fora mais uma vez, mas não vejo ninguém.
Mais tarde, no jantar...
Todos conversam e brincam. Por um instante, até esqueço o motivo que me trouxe até aqui.
Agora estamos todos sentados no sofá assistindo a um filme sinistro. A cada cena assustadora, dou um pulo no assento, o que rende boas risadinhas do Armando. Jhony, percebendo, resolve brincar:
— Posso sentar pertinho de você, assim eu te protejo do vilão...
Ele levanta as sobrancelhas sugestivamente, e eu dou uma risada.
— Senta aí!
Vejo Armando se remexer desconfortável, cruzar os braços e fechar a cara. Eu, hein... cara mais doido!
Concentrada no filme, uma cena mais assustadora me faz soltar um gritinho e me esconder nos braços do Jhony. Imediatamente, Armando se levanta, pega o controle e desliga a TV.
— Qual é? Assim não dá.
Ele sai caminhando até a cozinha. Todos se levantam do sofá, menos eu e Jhony, que continuamos conversando e rindo de bobagens.
Logo depois, ouço Armando se despedindo dos pais. Fico o observando, mesmo enquanto Jhony fala alguma coisa que não consigo escutar. Armando sobe as escadas, mas antes lança um olhar estranho para mim — intenso, confuso — e balança a cabeça negativamente.
Fico completamente perdida naquele momento. Volto a mim com Jhony falando:
— Ham? Você disse o quê? — pergunto
Ele me olha um pouco sem jeito.
— Você não ouviu nada, né?
— Ah, é que... tô morrendo de sono!
Ele sorri fraco e me dá boa noite. Faço o mesmo com todos e começo a subir. A cada degrau, meu coração bate mais forte.
O que significou aquele olhar? Por que ele está tão estranho? Ou melhor... por que isso está me afetando tanto?
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Atualizado até capítulo 157
Comments
Rosilene Oliveira
E o amor ❤️❤️❤️❤️ que meche com a minha cabeça 🗣️ e deixa assim kkkkk
2024-05-04
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