MINHA VIDA COM OS GAROTOS STAVES
A festa estava no auge. Luzes coloridas, música alta, sorrisos em todos os cantos. July aproximou-se, radiante.
— Amiga, essa festa tá um arraso! Você mandou bem demais esse ano. Ano passado, quando a Anastácia cuidou de tudo... bom, já sabemos no que deu.
Ela riu baixinho, com malícia.
— Ah, amiga, não exagera. É só a festa dos calouros... Nem sei direito o que estamos comemorando — respondi, forçando um sorriso.
— Comemorando que passamos para o último ano da escola, que tal? Isso não te anima?
— Qual é... Nem todo mundo passou. O Davi, por exemplo, ficou em sete matérias. Sete, July! Tenho certeza que ele tá fora do time de futebol no ano que vem.
— Aqui entre nós, sabemos que ele só está lá porque o pai dele é o treinador.
Fingi espanto:
— Ainda bem que sou sua amiga. Se fosse inimiga, teria pena de mim!
Dei uma risada longa. Ela estreitou os olhos.
— Qual é? Sabemos que é verdade. E sim, você tem sorte de ter uma melhor amiga que não tem medo de expor as verdades da vida alheia.
— Isso te torna uma fofoqueira?
Rimos juntas.
Apesar da alegria aparente, por dentro eu estava vazia. Não me sentia bem. Não estava confortável. A energia da comemoração não chegava a mim. Tudo o que eu queria era estar no meu quarto, lendo um romance da Lucy Dumant e tomando um cappuccino quentinho. Esse sim seria o lugar ideal.
Meus amigos dizem que sou caseira demais, fechada demais. Já ouvi que sou nerd. Não me ofende. Eu apenas penso diferente. Talvez isso soe careta. Mas sinceramente... O que uma adolescente de 17 anos faria, se não for estudar e sonhar com um príncipe encantado? Porque aqui, nesse colégio, não há príncipes. Só um bando de adolescentes com os hormônios à flor da pele. Nojento.
Só aceitei organizar essa festa para colocar "organizadora de eventos" no meu currículo. Faculdade, sabe?
Estava finalizando a checagem quando vi July vindo apressada.
— Mia, sua tia está aqui!
— Como assim? O que ela faz aqui?
Ela não respondeu. Apenas me olhou, confusa e tensa. Larguei o tablet na mesa e corri até minha tia, com o coração apertado.
— Oi, querida — disse ela, com os olhos marejados.
— Tia Sara, está tudo bem? O que aconteceu?
— Vem comigo. Precisamos conversar.
Ela segurou minha mão e me levou à varanda. Ali, seu corpo vacilou e ela caiu numa cadeira de madeira.
— Eu... eu... — tentou dizer, mas se desfez em lágrimas.
— TIA SARA?!
Fui correr atrás de água, mas ela segurou meu braço.
— Querida, seus pais... sofreram um acidente.
Dessa vez, quem caiu na cadeira fui eu.
— Como assim? Onde eles estão? Vamos até eles!
Ela apenas chorou mais.
— Tia... quero ver meus pais. Me leva até eles, por favor.
Ela ficou em silêncio. Não precisava dizer nada.
— Não... não... por favor...
— Eu sinto muito, querida.
Essas palavras foram como um tiro. Tudo parou. Minha mente repetia apenas uma frase: "Eu sinto muito, querida."
No dia seguinte
Diante dos caixões dos meus pais, mil lembranças me invadiam. Eu era filha única. Minha mãe também. E meu pai tinha apenas uma irmã, a Tia Sara. Ela viajava demais, e nos víamos pouco. Meus avós paternos eram idosos. A minha avó materna... essa, não gostava muito de mim. Nunca entendi o motivo.
No testamento, meus pais deixaram tudo para mim. Não me importava com isso. O que me chamou atenção foi um nome: Diana Staves. A melhor amiga da minha mãe desde o colegial. A surpresa veio com a revelação: meus pais haviam deixado minha guarda para Diana e seu marido, até meus 18 anos. Eu não a conhecia. Isso era loucura. Tia Sara, mesmo relutante, acabou permitindo. Não podia me levar consigo por conta das viagens. Concordou que eu ficasse com Diana por um tempo.
Três meses depois
— Atenção passageiros, aqui é o comandante Jorge. Apertem os cintos. Nosso destino: Nova York City. Boa viagem a todos.
As palavras ecoaram enquanto eu permanecia estática. Durante as 10 horas de voo, fones no ouvido, o silêncio me acompanhou. Peguei minhas bagagens — nove malas — e empurrei o carrinho até ver uma mulher ruiva sorridente com uma plaquinha: Mia.
— Olá! Seja muito bem-vinda. Eu sou a Diana, e este é meu marido, Max.
Ele, alto e forte, cabelos grisalhos, cumprimentou:
— Espero que tenha tido uma boa viagem, Mia.
Apenas acenei com a cabeça.
Durante o trajeto de carro, fiquei em silêncio. Diana me lançava olhares carinhosos. Ao chegarmos, ela anunciou:
— Chegamos! Esta é sua nova casa. Por favor, sinta-se acolhida.
Era um casarão imponente, com janelas enormes de vidro, jardim espetacular.
— Muito obrigada.
— Venha, vou te levar ao seu quarto. Deixe as malas, os meninos cuidam disso.
Meninos?
O quarto era digno de revista. Parede inteira de vidro, cortinas gigantescas, cama enorme com lençóis lilás, banheiro luxuoso, closet fabuloso. Mas não era o meu antigo quarto, com prateleiras de livros, cantinho de estudos e cama com gavetas.
— Pode decorar como quiser, querida. Posso chamar nosso decorador.
— Obrigada, mas não precisa.
Ela sorriu e me deixou sozinha.
Fiquei admirando o jardim até ouvir batidas fortes na porta.
— Pode entrar!
Um homem alto, musculoso, cabelos cor de mel, olhos azuis como o oceano, entrou carregando malas. Usava uma regata branca. Era absurdamente bonito. Nunca vi nada parecido.
— Oi. Foi mal bater tão forte. Bati várias vezes e você não respondeu.
Ainda hipnotizada, demorei a reagir.
— Não, t-tudo bem.
Ele deixou as malas e saiu.
Logo depois, mais batidas. Agora, um rapaz da minha idade.
— Olá! Posso deixar aqui?
Cabelos e olhos castanhos, magro, corpo definido. Bonito, mas não como o outro.
— Claro. Obrigada.
— Sou o Jhony. Você é a Mia, né?
— Na verdade, Milena. Mas todos me chamam de Mia. Pode me chamar assim.
— Legal, Mia!
Ele sorriu e saiu.
Depois de ajudar com as malas, Jhony sumiu. Mas o homem de olhos hipnotizantes não voltou. Suspirei.
Logo, Diana bateu na porta:
— Querida, o jantar está pronto.
— Obrigada, mas não estou com fome.
— Um suco, talvez?
Aceitei.
— Não se preocupe com suas coisas. As funcionárias te ajudarão. Você apenas instrui onde colocar.
Suspirei aliviada. Depois de duas horas e meia organizando roupas com ajuda, agradeci e tomei banho. Dormi profundamente.
No dia seguinte, acordei com o canto dos pássaros. Fiz minha higiene, vesti uma calça jeans e blusão listrado, amarrei o cabelo num rabo de cavalo e desci.
Na sala de jantar, todos estavam à mesa. Havia mais pessoas que ontem. Diana sorriu:
— Que bom que desceu!
Assenti e me sentei. Jhony, Simon e Fernando estavam ali. Mas não vi o homem de ontem.
Diana explicou:
— Meu filho mais velho, Armando, está conosco temporariamente. Seu apartamento está em reforma. Ele é muito ocupado, é o presidente da empresa da família.
Max completou, com um ar de mistério:
— Não é apenas o trabalho que o estressa...
Senti um frio na barriga.
Jhony desconversou:
— Chega de falar do Armando. Vai entediar a menina.
Mas eu estava longe de entediada. A curiosidade por aquele homem crescia. Disfarcei.
Mais tarde, sentei no jardim. Jhony se aproximou de surpresa.
— Oi.
— Oi! Me assustou.
— Desculpa. Minha mãe pediu pra ver se precisa de algo.
— Não, mas obrigada.
Ele hesitou, depois disse:
— Na verdade, queria saber como você está.
Corri.
— Estou bem.
— Quer conversar? Ou se distrair?
— Não sei.
— Então vamos conversar. Te faço perguntas, você responde. Pronto.
Sorri.
— Quantos anos você tem?
— Dezessete. E você?
— Dezoito. E meus irmãos? Quer saber?
— Claro.
— Fernando tem sete, Simon doze e Armando, vinte e nove.
— VINTE E NOVE?!
Ele riu.
— Todo mundo se surpreende.
— E você, quando faz dezoito anos?
— Daqui a dois meses e meio.
Ele falou das férias. Perguntei sobre Armando na empresa. Ele se fechou. Entendi.
Compartilhei:
— Meus pais sempre estiveram presentes. Eram meus melhores amigos. E agora...
A tristeza me dominou. Ele, sem palavras, apenas me abraçou.
— Obrigada. Às vezes, um abraço vale mais que mil palavras.
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Atualizado até capítulo 157
Comments
Roeienne Pereira Vieira
kkkkkja começou a tirar. casquinha kkk
2024-07-18
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