CAPÍTULO 19.

NA EMPRESA — APÓS A CONVERSA ENTRE MARCOS E ADRIANO.

Após acertar os detalhes do contrato com Marcos e definir que o casamento de Eric e Brenda aconteceria em um mês, Adriano se despediu do tio e foi ao encontro do seu primo, Eric.

Eric estava no seu escritório, concentrado nos seus afazeres, quando Adriano bateu na porta e entrou.

— Adriano! — exclamou Eric, fingindo surpresa. — Que milagre! Só assim para você trabalhar um pouco. Ou veio para me atormentar? — brincou ele, provocando o primo.

Eric e Adriano eram como irmãos. Cresceram juntos e sempre se provocavam com ironias.

Tinham uma boa convivência, nada era escondido entre eles, a relação era baseada em confiança.

Adriano, jogando-se na cadeira em frente à mesa de Eric, devolveu a provocação com sarcasmo:

— Enquanto existir cavalo, São Jorge não anda a pé! Foi a nossa avó que nos ensinou, mas parece que você esqueceu. — disse ele, citando um ditado popular que significava que ele preferia aproveitar as facilidades da vida a se esforçar.

Eric, deu uma risada e se espreguiçou na cadeira, resolvendo dar uma pausa para conversar com o seu primo.

— Vim para supervisionar o espetáculo, claro. — falou Adriano, com um sorriso debochado. — Parece que a família resolveu casar você à força. Já acertei com seu pai alguns detalhes e em um mês você será oficialmente casado.

— Pois é, alguém tem que se sacrificar pela família. — respondeu Eric, com um suspiro preocupado.

— Ela é tão feia assim? — especulou Adriano, curioso para saber como era a noiva de Eric.

— Antes fosse, mas é uma tentação. Digamos que em outra situação ela já teria conhecido as minhas habilidades. — disse Eric, sorrindo com desejo.

— Então mostra a ela as habilidades! O que você está esperando? Para mim, está perdendo tempo — incentivou Adriano, com malícia.

— Adriano! Você está ciente que é apenas um contrato de casamento. Ficarei com essa mulher por um ano. Se eu transar com ela, com toda a certeza, ela se apaixonará. E eu não quero isso. — disse Eric, com uma expressão séria.

— Quem sabe você também se apaixone? É assim que a vida de um casal acontece, não consigo acompanhar essa resistência, Eric. O que lhe preocupa? — perguntou Adriano, intrigado.

— É exatamente isso, esse “quem sabe” me preocupa. E se eu não me apaixonar? Sabe que sou obcecado pelo trabalho e logo canso-me da mesma mulher, então prefiro não arriscar, não quero ser igual ao meu pai. Olha tudo o que ele fez com a minha mãe. — disse Eric, com amargura.

— Eric, a sua mãe morreu de câncer há alguns anos! Pare de culpar o seu pai. Supere isso. — disse Adriano, tentando fazer o primo constatar a realidade.

— Apesar da minha mãe ter falecido de câncer, as descobertas das traições do meu pai, com prostitutas, abalaram o emocional e contribuiu para debilitar o estado dela e para o fracasso no tratamento da doença. — Retrucou Eric, com mágoa.

Enquanto isso, Adriano, sem querer contrariar o primo, ouvia entediado e em silêncio.

Ficou aliviado quando o motorista entrou na sala, informando que iria buscar Brenda para trazê-la à empresa.

Após a saída do motorista, Adriano falou animado:

— Então, vou conhecê-la? Interessante! Estou ansioso para ver essa beldade. — disse ele, com malícia.

— Pode parar com isso, Adriano! Isso não é um espetáculo. — disse Eric, incomodado com o comentário.

Ignorando o desconforto, Eric pega o telefone e liga para recepção:

— Alô, Ana?

— Sim! Em que posso ajudá-lo, Dr. Eric?

— Ana, a minha noiva Brenda está a caminho da empresa. Por favor, avise aos outros setores que eu não quero ser incomodado.

— Pode deixar que avisarei!

— Quando ela chegar, peça para subir direto. Não precisa anunciá-la.

— Tudo bem, Dr. Eric.

— Obrigado, Ana. — disse Eric, desligando o telefone.

Adriano, observando Eric com curiosidade, falou:

— Você está mesmo levando isso a sério, hein?

— Cale a boca, Adriano. Isso é apenas um contrato. — respondeu Eric, irritado.

— Eu te conheço desde que éramos crianças. Sei quando você está interessado por alguém.

Eric, com a respiração pesada e passando a mão no cabelo, falou:

— Você está louco, Adriano. Por que você tem que ser tão intrometido? Assumo que ela é bonita e que sinto uma atração física, mas é apenas isso. Acabei de conhecê-la, apenas quero cumprir com o contrato.

— Só não entendo o motivo desse nervoso todo. — disse Adriano, rindo alto.

"Droga, Adriano. Por que você tem que me deixar tão nervoso?"— Pensava Eric, olhando para o relógio, ansioso, percebendo que Brenda estava prestes a chegar.

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NOTAS SOBRE MARCOS.

Como na vida, os personagens desvendam-se em camadas, onde residem suas motivações.

Como se diz: a arte imita a vida.

Marcos tinha uma vida dupla. Ele era CEO de uma empresa de aviação, além de ser sócio em uma casa noturna.

No entanto, ocultava seu segundo empreendimento da visão pública.

Ansiava pela aposentadoria, um refúgio da rotina exaustiva do mundo empresarial.

Desejando apenas ficar na direção do seu segundo empreendimento, a casa noturna.

Sempre se envolvia com diversas mulheres, mesmo durante o seu matrimônio com Stella, a mãe de Eric.

As suas preferências se inclinavam para o famoso “sexo pago”, sem apresentar remorso.

Acreditava que, por ser homem, se envolver com prostitutas não configurava traição.

Embora Stella descobriu algumas traições, sentindo-se magoada, Marcos simulava mudanças, persistindo nas suas escapadas.

Para ele, essas mulheres eram meramente uma moeda de troca para saciar os seus desejos; jamais trocaria a sua família pelo fugaz calor desses encontros.

Preconceituoso, julgava essas mulheres, mas compactuava com as suas práticas, sentindo-se justificado unicamente por ser homem.

Apesar das suas aventuras, se comportava na alta sociedade como se fosse alheio a esse mundo proibido, se passando como um homem de família.

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Adriano e Marcos começavam a perceber que Brenda de alguma forma mexia com Eric.

Para Adriano, a vida era simples e, eles deveriam aproveitar daquela atração.

Porém, Marcos ficava apreensivo: Brenda não era digna de integrar a família Castello.

Cada um com suas perspectivas, complicada essa situação!

CONTINUA...

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