Capítulo 16

Aisha

- Eu vou me casar! - repito, me olhando no espelho, na manhã seguinte a chegada dos pais do Bento. - Meu noivo... - digo baixinho e acabo sorrindo. - Bento....

Ai minha nossa! Meu rosto cora só em pronunciar o nome dele. Sorrio ainda mais, enquanto termino minha maquiagem, quero ficar bonita!

Aprendi muito sobre maquiagem, sobre essências, como manter a pele hidratada e perfumada para agradar ao meu marido.

Também aprendi a cozinhar, como cuidar de uma casa, passar e lavar roupas, bordar e costurar. Apesar de sermos uma família com muitos bens, minha mãe e minha avó sempre me ensinaram tudo, e eu me dediquei muito, por anos, para esse momento.

- Em breve terei um lar, e um marido! - meus olhos ficam marejados. - Allah! Que eu seja uma boa esposa, que meu marido me deixe trilhar o caminho e fazer morada em seu coração, e que ele não se envergonhe de mim, porque não sou como as moças que ele conhece. - sinto uma insegurança tão grande quanto a isso.

Ontem vi as mulheres da família do meu noivo. Todas muito bem vestidas e adornadas, mas com modos tão diferentes dos meus, que me perguntei, será que meu marido vai me querer quando perceber que sou tão diferente?

Aqui, ele está cercado pela nossa cultura, então o contraste não é tão grande, mas lá...

Em Nova York as mulheres são mais independentes, eu li sobre isso. Lá elas saem para trabalhar e sustentam suas casas... Allah, como uma mulher pode ser a provedora única de seu lar?! E algumas nem sequer desejam um marido ou ter filhos!

Aqui somos criadas e educadas para sermos esposas, e se trabalhamos, ajudamos na casa, ainda assim, o provedor principal é o marido.

Temo esbarrar em um Haran a cada esquina daquela cidade, mas preciso me conter, porque meu marido vai estar no trabalho, na rua... Será que Bento age como os estrangeiros e beija outras mulheres na bochecha? Minha nossa!

- Filha? - saio dos meus pensamento ouvindo a voz da minha mãe. - Meu amor, porque está chorando? - minha mãe me abraça e me faz sentar na cama.

- Desculpe, minha mãe, nem percebi que estava chorando.- limpo meu rosto, mas as lágrimas teimam em sair dos meus olhos.

- Filha, porque está assim? - suspira. - É sobre o casamento, não é?

- Estou com medo, mãe. - me agarro a minha mãe. - Tenho medo de não me adaptar, de me tornar um peso para o meu marido... tenho medo dele se decepcionar e sermos infelizes.

Yasmin: Oh, minha estrelinha, não fique assim, meu amorzinho. - ela afaga meus cabelos. - Vai ficar tudo bem... é normal ter medo, eu também tive, mas depois tudo foi se ajeitando, e assim será com você e sei marido.

Sinto o medo da minha menina, e eu entendo. É tudo muito novo e criamos Aisha baseados nos costumes que temos. Agora ela irá viver uma vida nova, com o marido que não é árabe e não entende da nossa cultura. E o meu coração está apertado, porque eu sei que a minha menina vai sentir essa mudança ...

Aisha: Mãe... eu posso ligar todo dia? - Soluço, agarrada a minha mãe.

Yasmin: Mais de uma vez, todos os dias, a qualquer hora. - respondo, olhando nos olhinhos vermelhos da minha pitiquinha. - Sabe... eu não deveria, mas acho que você precisa conversar com seu noivo. - fico pensativa. - Que tal ir até o jardim? Na parte onde plantamos aquelas tamareiras.

Aisha: Mas é um pouco afastado...

Yasmin: Mas daqui, da sacada do seu quarto, eu posso ver perfeitamente onde vai estar. - sorrio. - Vai ser bom para você, mas não demore muito. Estamos envolvidos com nossos convidados, que serão sua família agora, e também temos o julgamento de Al - Haroon. Vocês não chamarão a atenção, mas sejam discretos.

Aisha: Mãe... tenho medo. - admito. - Quando estou perto dele... eu sinto coisas... - me encolho e baixo a cabeça. - Eu nunca senti isso, mãe... não é certo..

Yasmin: Meu bem, você está se apaixonando, é normal, meu amor. - ergo o rosto da minha florzinha. - Se sentir atraída por aquele que será seu marido não é vergonha. Eu senti atração pelo seu pai. - dou um leve sorriso. - Samir me deixou encantada por toda a imponência e poder que exalavam dele, e eu sou completamente apaixonada pelo seu pai até hoje.

- O que quero dizer, é que vocês tiveram o privilégio de se ver antes do casamento, conversarem. Quero que exponha seus medos, seja sincera, confie no homem com quem vai passar sua vida, dividindo tudo. Vocês vão construir essa relação, então precisam ter confiança, mas isso só vira com o tempo, porém o diálogo começa agora, pois é aí que saberão o que agrada ou não o outro.

Aisha: Como vou... encontrá-lo?

Yasmin: Envie uma mensagem. O número dele está no seu celular, te enviei hoje mais cedo, mas você não viu. - encaro minha menina. - Vamos refazer essa maquiagem, e seu noivo ficará ainda mais encantado, pois pelo jeito como ele te olha, eu estou certa que você está no caminho certo para o coração dele.

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Comments

leyde

leyde

ei mãe é mãe em qlq lugar. E, realmente, Aysha seu medo é normal, foi criada diferente de outros povos, a insegurança bate mesmo.
É tudo novo, vem o medo de n ser suficiente , n se adaptar tudo é normal,mas,que, no dia a dia, construirão um casamento com amor , confiança um no coração do outro

2025-03-04

0

Elizangela Cristina Ferreira Rosa

Elizangela Cristina Ferreira Rosa

casamento já e muito complicado imagina por uma cultura diferente,não vai ser nada fácil

2025-03-25

0

coração de aço ,Jasmine 🫰

coração de aço ,Jasmine 🫰

Aisha eu também queria ser um lar para ser chamado de meu, porém o vento veio e me mostrou que eu preciso mudar e muito

2024-09-05

4

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