Bento
Chegamos ao Qatar. A viagem foi tranquila e assim que desembarcamos um carro nos aguardava.
Fomos levados até a mansão do Sheik Samir Harmud, um homem sério, mas que assim como seu pai, o Emir Yousef Harmud, nos receberam com muita hospitalidade e respeito, mostrando que não importa o poder que você tenha ou a posição que você ocupe, a humildade é algo que qualquer um pode e deve cultivar.
Nós, os Donartti, aprendemos desde muito novos que o valor não está nas coisas que possuímos, mas sim nos valores que temos e carregamos conosco.
O respeito, a humildade, o amor ao próximo, a empatia, o caráter, e tantas outras coisas que dona Helena sempre nos incentivou a cultivar e exercer todos os dias.
Fomos convidados a nos hospedar na mansão, em uma ala mais reservada e onde poderíamos ficar mais a vontade.
De início eu não achei uma boa ideia, mas a verdade é que estando junto deles, podemos analisar a situação de uma maneira mais clara e resolver logo esse problema.
O senhor Harmud e o Emir são muito agradecidos e educados conosco, e até pedem que descansemos algumas horas, mas o importante agora é agir e voltar para Nova York... com uma paradinha no Brasil para ver nossos familiares de quem estamos sentindo falta, e nessa etapa sim, ter minha cunhada junto, para aproveitar também.
Samir: Bom, o que eu sei já foi passado a vocês, mas podem conseguir mais informações com o meu filho, Zayn. Ele deve estar na sala de musculação da mansão. Vou indicar onde fica, é fácil de encontrar.
Kaleb: Obrigado, Sr. Harmud! - agradeço e saímos do escritório. - Bento, preciso saber sobre as câmeras de segurança...
Bento: Pergunte ao tal Zayn. Se caso ele não colaborar, você faz sua mágica. - sorrio de lado.
Kaleb: Acho que eles vão colaborar. Estão tão ansiosos para resolver isso quanto nós. E você ouviu, o tal colar da noiva foi roubado aqui, debaixo do nariz deles! - bufo. - Realmente com tanto poder eles deveriam ser ma prevenidos em questão de segurança.
Bento: São pessoas que acreditam na boa índole dos outros, meu irmão. Nós vivemos em culturas muito diferentes. Em Nova York sabemos que esse tipo de coisa pode acontecer com mais frequência, e eles aqui confiam demais na honestidade porque é um dos princípios que é ensinado desde jovem.
Kaleb: Olha, acho que alguém andou fazendo o dever de casa no avião. - olho impressionado. - Já sabe dançar a dança do ventre também? Eu não me importaria de um show particular.
Bento: Você é ridículo! - resmungo e meu irmão só sabe rir. - Saber não ocupa espaço, seu tapado! Sua mãe não te ensinou isso não?! - ele me olha de lado.
Kaleb: Vamos deixar a dona Helena general fora disso! - digo logo.
Bento: Deixa ela te ouvir falando dela assim... vai te colocar de castigo! - Seguro a risada e entramos em uma sala onde um rapaz soca com raiva um saco de areia. - Acho que aquele é o noivo, e pelo jeito, está zangado!
Meu irmão e eu nos aproximamos e, gentilmente, damos algumas dicas para o pretenso pugilista... mas acho que ele não gostou muito.
- Zayn: Eu pedi a opinião de vocês? - paro de dar socos e seco o suor, observando os dois asiáticos à minha frente.
Mas logo percebo o quanto fui rude e me desculpo.
- Vocês me pegaram num dia ruim, peço desculpas! - tiro as luvas e seco o suor, aí sim estendendo a mão a eles, em cumprimento.
- Sou Zayn Harmud! Obrigado por terem vindo!
Kaleb: Sou Kaleb Choi Donartti, e esse é o meu irmão, Dr. Bento Choi Donartti.
Zayn: Doutor? Um médico?
Bento: Sim. Cirurgião residente. - aperto a mão dele.
Kaleb: Bom, seu pai já nos adiantou o assunto sobre a moça, a tal Hadassa Al- Haroon e a família dela, e preciso dizer, eles são espertos.
Zayn: Eu sei. - solto o ar com força. - Minha única preocupação agora é que toda essa situação está afetando minha zawja. - olho para os dois, que franzem a testa. - Zawja é esposa em árabe.
Kaleb: Mas, vocês ainda estão no processo de casamento, então ela não seria noiva? - questiono.
Zayn: Não. No primeiro dia assinamos um contrato de casamento, e a partir desse momento, ela já é minha esposa e é apresentada a família como tal.
Bento: Mas então porque ainda estão aqui? Não deveriam estar, sei lá, em lua de mel?
Zayn: Na cultura árabe os noivos só podem estar à sós e ter a liberdade como casal, no final do terceiro dia de celebração da união, e a viagem só é feita após a apresentação do lençol aos patriarcas ou a exposição do lençol na sacada.
Bento: Lençol? - digo, curioso.
Zayn: Esqueçam! - mudo de assunto. - Vou levar vocês até o escritório e conversamos melhor sobre o roubo do colar da minha zawja e esclarecemos o que puder.
Caminho pelos corredores e eles me acompanham. Noto o olhar atento do Kaleb, que parece analisar a posição das câmeras, enquanto o Dr. Bento olha atentamente funcionários que passam por nós e que trabalham no pátio.
Informo que temos câmeras no andar de cima também e na área externa, mas ambos só assentem, ainda observando.
Nos reunimos no escritório, com meu avô e meu pai, e agora eu conto tudo sobre o que aconteceu no infeliz dia do beijo.
Eles ouvem atentamente, apesar de já estarem a par de tudo, e pedem para olhar as imagens das câmeras da mansão e das ruas próximas, e logo já conseguem a prova de que precisamos.
Keleb: Olhem... - aponto o monitor. - A moça sai do quarto da sua esposa. - olho para o Zayn. - Ela não vai direto para o local onde lavam as roupas. Antes ela passa no quarto onde as funcionárias deixam suas bolsas e pertences.
Bento: E nessa parada ela deixa o colar. Mas olhem as câmeras da rua, horas depois... - a moça aparece entregando algo enrolado em um pano, a uma outra jovem...
Zayn: É Hadassa! - falo, enfurecido. - Como ela pôde?!
Samir: Meu filho, se acalme. O intuito de Hadassa era atingir minha filha mais nova. Se ela atingir nossa Aline, isso seria o fim, pois devastada como está, a terceira cerimônia de casamento não iria acontecer...
Zayn: E agora, meu pai?! - me jogo novamente na cadeira, da qual levantei no ímpeto. - Como vou fazer... não posso perder minha Line.
Samir: E não vai, não se preocupe. Eu e sua mãe estamos pensando em algo, talvez uma forma de reaproveitar os pedaços maiores da jade quebrada e lapidar, para montar uma nova joia...
Kaleb: Desculpem me intrometer, mas se a peça é realmente de valor afetivo para a noiva, isso pode ser uma ótima opção.
Bento: Eu concordo! Mas, ainda temos que pegar a tal funcionária que fez isso, porque pelas imagens, as dançarinas que vocês estão mantendo aqui e que entregaram o colar quebrado, também foram usadas, mas sem saber de nada.
Samir: Eu não sei se essa funcionaria vai voltar a mansão... - digo, preocupado.
Kaleb: Acredite, ela vai. Afinal, ela está acima de qualquer suspeita, não acham? Não aparecer seria uma confissão de culpa.
Zayn: Você tem razão! A troca de turnos já aconteceu, e se ela quer passar como inocente...
Bento: Ela deve estar aqui, entre as funcionárias.
Nesse momento, a porta do escritório se abre e eu desvio o olhar ao ouvir uma voz doce...
Aisha: Papai, a tia Ayla já está no pátio com a tal funcionária, mas acho melhor o senhor ir ver, porque.... - ponho as mãos na cabeça, desesperada, tentando cobrir meus cabelos, assim que meu olhar cruza com o de um homem alto, de cabelos escuros e um olhar intenso. - Allah! Meus cabelos estão descobertos! - me apavorou e saio correndo dali, chorando pelo corredor. - Haran... eu cometi um Haran! - me desespero.
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Atualizado até capítulo 64
Comments
Michelle Santos
há eu lembrei desse livro com história de Hadassa
a estrangeira casou com zayan
bom ler a continuação
e linda a história
2024-12-24
1
Natacha Manoell
ao invés d ler hospitalidade eu li hostilidade 🤦🏾♀️
misericórdia
kkkk
2024-11-15
0
kim_konan
KKKKKKKKK
2024-09-23
1