Capítulo 15

O imperador não se importava com o príncipe, a única coisa que queria era manter a imagem que até então tinha tido, diante de seus súditos, pelo menos era o que ele pensava.

—O imperador nos deu total liberdade para fazer o que quisermos com os guardas que atacaram o príncipe. Ordeno que continuem torturando-os até que sua existência não aguente mais e eles parem de respirar, se não quiserem comer ou beber para morrer, obriguem-nos. Eles devem sofrer o máximo que puderem, para que implorem pela morte repetidamente, eles não deveriam ter se metido com uma criança indefesa—

Parecia que o general era mais vingativo do que sua própria filha, em seu rosto via-se satisfação ao imaginar como aqueles guardas sofreriam.

O soldado acatou o que o general lhe disse e saiu do escritório deixando seu senhor sozinho, então o general começou a ler a carta do duque Field.

—“Querido amigo. Sei que não é o jeito habitual, mas é o único que encontrei. Nada é o que parece neste momento, estamos no meio de uma batalha que acontecerá em alguns anos, por favor, esteja preparado, você terá que escolher um lado. A pessoa no comando está perdendo o pouco de sanidade que lhe resta e em nossas fileiras há mais traidores do que podemos imaginar, irei me encontrar com você em breve, mas queria avisá-lo que estão vigiando suas terras, cuide de sua família. Até logo”—

Ao terminar de ler a carta, com a vela que tinha em seu escritório, ele a incendiou. Seu rosto tinha uma expressão de raiva e repulsa. Suas suspeitas deixaram de ser suspeitas com aquela carta. Agora tudo fazia sentido.

Saiu de seu escritório e foi procurar Sasha. Quando a encontrou no quarto de Archer, pediu-lhe que fizesse algo muito importante.

—Pequena, preciso que você ajude o papai mais uma vez, você pode?— Inclinando-se e ficando ao seu nível, o general disse à filha.

—Diga-me papai, em que posso ajudá-lo?— Feliz por seu pai precisar dela para alguma coisa, a pequena Sasha esperava ansiosamente pelo pedido.

—Você poderia colocar uma barreira nas fronteiras de nossas terras?, Algo me diz que estamos sendo vigiados— Tocando o ombro da pequena, o general fez o pedido.

—Papai, eu coloquei desde que o príncipe chegou, foi quando eles começaram a nos vigiar. Há uma barreira nas fronteiras de suas terras e outra ao redor de nossa casa, para maior efeito. Nada do que é feito ou dito aqui pode sair. Os inimigos só verão que o trabalho está sendo feito normalmente e que estamos falando sobre coisas cotidianas, nada mais—

Da maneira mais calma, Sasha diz a seu pai. O homem só pode ficar boquiaberto, não sabe se parabeniza a filha ou se dá um tapa por não perceber algo tão básico como notar que estava sendo vigiado.

—Como você percebeu tudo isso, pequena?— Ele pergunta curioso.

—Posso sentir quando alguém que não é do nosso povo está por perto e não tem boas intenções. Quando o príncipe chegou, senti a presença de várias pessoas que não tinham boas intenções, foi quando criei a barreira ao redor da casa, mas mesmo quando pegaram os guardas que estavam machucando o príncipe, continuei sentindo essas presenças, por isso criei mais uma barreira, nas fronteiras das terras que você governa—

Como sempre, com toda a calma do mundo, Sasha conta ao pai.

—Sasha, você não deve contar nada disso a ninguém e sempre que encontrar algo estranho perto de nós, você deve me dizer primeiro, eu cuidarei disso. Você entende?—

Dando um abraço na filha, o general pede. Ele está preocupado que, por alguma razão, Sasha esteja em perigo se alguém descobrir que é ela quem tem os poderes e não ele ou sua mãe, como muitos pensam.

—Eu entendo, papai, mas você não precisa se preocupar comigo, se alguém se atrever a nos atacar, garanto que estaremos preparados, você vai me ensinar a me defender— Dizendo isso, a garotinha dá um beijo na bochecha do pai.

Embora as palavras de Sasha confortem o general, a partir daquele momento ele terá muito mais cuidado com as pessoas que entram e saem de seus domínios.

—Bem, minha pequena, eu vou deixar você. Vou cuidar de alguns assuntos e vou descansar. Você deveria fazer o mesmo— O general beija a testa da filha, despedindo-se assim.

—Sim, papai, farei o mesmo— Dando um leve bocejo, Sasha responde ao pai.

O que ela não mencionou foi que não dormiria em seu quarto. Seu plano era ficar a noite toda no quarto do príncipe, como parte disso, ela teve que recitar vários feitiços e tentar de uma vez por todas fazer Archer acordar.

Ela pediu ajuda aos espíritos novamente, recitando um número infinito de feitiços, mas não obteve resposta e então tentou um feitiço de amor.

—Mãe natureza, espírito da vida, você que a dá, você que a tira. Ofereço meu coração para este ser, se você salvá-lo, dê-nos vida para compartilhar, com meu coração eu imploro—

Juntando suas mãozinhas novamente, levando-as ao peito, fechando os olhos, com todo o seu coração ela deseja que seu feitiço funcione.

Muito cansada de todas as suas tentativas, ela adormeceu na cama onde o príncipe estava, até o dia seguinte.

—Lady Sasha, o que você está fazendo no mesmo quarto que eu?, Pior ainda, na mesma cama?—

Pelo que parece, o último feitiço de Sasha havia funcionado, pois o príncipe estava acordado, embora muito confuso com tudo o que estava acontecendo.

Sasha, ao ver Archer acordado, ficou muito feliz, mas ao ouvir sua pergunta, corou, ficou vermelha de vergonha por ter sido vista daquela forma.

—Sua Alteza, não é o que você pensa. Eu, eu, eu tenho que ir, com licença—

Ela não encontrou palavras para responder e saiu correndo do quarto de Archer.

Lá dentro ficou um príncipe confuso, mas muito feliz com a reação de Sasha, o fato de ela ficar tão nervosa significava que o príncipe tinha uma chance de conquistar seu coração.

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