A viagem : Marselha

Estamos aguardando o embarque na sala VIP do aeroporto, obviamente iremos viajar de primeira classe.

Observo o vai e vem das pessoas, somente figurões dos esportes, da alta sociedade, artistas,grandes empresários e eu ali, fazendo parte da elite nacional.

Tomás estava no seu MacBook deixando as últimas instruções para seu assistente, enquanto tomo um drink olhando a pista.

Chega a hora do embarque e vamos de carro até a entrada da aeronave. O motorista nos apresenta a tripulação e se despede. Somos conduzidos até as nossas cabines, algo simplesmente espetacular! Não parecíamos estar dentro de um avião. Havia um kit com pijamas e pantufas, uma maleta com produtos de higiene de uma marca conhecida e eletrônicos de última geração. Tudo para fazer a viagem uma experiência única.

Decolamos, e já no ar com o ambiente tranquilo, sem barulhos. Tomás aparece em minha cabine para comermos juntos. O jantar é servido,escolhemos uma salada personalizada, caviar, queijos ,e lagostim com vieiras ,champanhe e vinho branco para acompanhar. Tudo preparado por um chefe francês.

— O que está achando da viagem? Pergunta Tomás.

— Maravilhada com tudo. Estava acostumada a viajar com crianças chorando por horas seguidas, chutes na poltrona e lanchinhos industrializados. Sempre é bom ter um Up Grade.

— Com certeza! O dinheiro pode nos proporcionar momentos únicos.

Aquela frase me trouxe de volta pra realidade.

— O dinheiro só não pode nos reservar da morte. Se esse avião cai no meio do Atlântico,você, eu e todo o pessoal que está viajando feito lata de sardinha na classe econômica, iremos morrer da mesma forma.

Tomás me olha fixamente, não sei se ele gostou do meu comentário, mas não importo com isso.

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Essa frase que ela disse me pegou duramente. De fato o dinheiro compra e proporciona muitas coisas, mas não nos preserva de tristeza,dos medos,das doenças e da morte. Ele não altera o destino final das criaturas.

A comissária recolhe as louças do jantar ,me levanto para fazer minha higiene e trocar de roupas,Suzana faz o mesmo. De volta me despeço.

— Boa noite! Nos vemos pela manhã.

— Boa noite, nos vemos na França! Ela sorri feito uma menina prestes a realizar um sonho.

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Sou acordada pela comissária avisando que já estamos no espaço aéreo francês,ela pergunta o que desejo tomar de café da manhã e peço tudo o que tenho direito e assim ela o faz.

Após o desjejum, vou fazer minha e higiene e trocar de roupas. Tomás aparece na minha cabine.

— Bom dia!!! Tomou o seu café?

— Sim, e já estou preparada para descer

— Muito bem,em breve desembarcaremos em Nice. De lá pegamos um jatinho até Marselha, onde iremos ficar.

Já estava encantada com a paisagem que vislumbrava pela janela,o Mediterrâneo, os Alpes ao longe..

Em solo, fomos conduzidos até o jatinho que já estava pronto a nossa espera.

Chegamos em Marselha e o carro alugado por Tomás estava nos esperando no aeroporto.

Ele coloca endereço no GPS e partimos. Que lugar lindo! Eu me sentia como num sonho.

Ao chegar no Chateau onde nos hospedaríamos por 3 dias, mais surpresas. Os jardins pareciam um labirinto,a brisa soprava trazendo o aroma vindo dos campos de lavanda.

— Eu esqueci de lhe falar que vamos ter que ficar no mesmo. quarto. Como foi o meu assistente junto com o agente de viagens que prepararam tudo,não poderia deixar esse furo na história. Imagine, se eu, viajando depois de tanto tempo, para um destino romântico com uma mulher misteriosa,não iria dormir no mesmo quarto?

— Claro,não faz sentido. Mas não me importo, dormir juntos é a parte mais fácil do acordo - "Será?" penso.

Somos recebidos simpaticamente pelos donos do Chateau que nos conduzem até o nosso quarto que possuem uma sacada,com uma mesinha e cadeiras no regional estilo provençal. O quarto ficava de frente para os jardins.

Depois de arrumar as minhas coisas no armário, vou tomar um banho,quando vi a banheira não resisti. Tinha sais e essências de lavanda. Tomás não percebeu que eu estava no banheiro e entrou.

— Me desculpe! Eu estava tão distraído ao telefone que não reparei que você estava aí.

— Tudo bem,acho que isso fará parte da nossa intimidade . Demos uma gargalhada. Você tem que experimentar esse banho relaxante,sabia que lavanda é o meu aroma favorito? Sabonetes, produtos de limpeza em geral,velas aromáticas...você acertou em cheio nesse roteiro.

— Que bom! Sinal que essa viagem já está dando os resultados esperados. Vou esperar você acabar lá fora.

Minha vontade era de puxá-lo para dentro da banheira e lavar aquele corpo musculoso, parte por parte.

Passamos o resto do dia descansando da viagem no quarto,jogando conversa fora...estávamos mais a vontade com a presença um do outro. descemos para jantar e retornanos para dormir.

Ele já estava deitado vendo televisão quando saio do banheiro vestindo um conjunto de camisola preta de seda e sobretudo. Ele se ajeita na cama e me segue com o olhar até eu me deitar ao seu lado. Sinto que ele respira mais fundo, e na verdade...eu também.

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Deitado na cama,vestindo meu samba canção de seda e camiseta branca de algodão, finjo ver televisão. Estou tenso com essa primeira noite dormindo ao lado dela,pareço um virgem de 15 anos! A sua imagem na banheira,coberta de espuma não sai da minha cabeça,agora ela sai do banho vestindo uma camisola preta curta,as alças finas deixam quase metade dos seios a mostra, me ajeito na cabeceira da cama,meus olhos a seguem e foda-se, não consigo disfarçar. Suspiro longamente e percebo que ela também.

Um silêncio constrangedor paira no quarto,eu tento disfarçar olhando a TV e ela checando as mensagens no celular. Resolvo acabar com a tensão, dava pra cortar o ar com uma faca.

— Posso te fazer uma pergunta?

— Claro!

— Você ainda ama o seu ex marido? - "Que pergunta é essa Tomás, como você mete uma dessa do nada?" Penso.

— Até uns dois meses após o divórcio eu achava que sim. Pensava que a menina havia virado a cabeça dele, que era culpa minha por viver em casa e não ser mais uma companheira como antes...aí fui vendo a cada atitude dele contra mim,que o problema é exclusivamente dele. Uma moça de vinte anos não vira a cabeça de um cara de quarenta e cinco anos, vivido e experiente assim. Ele não me amava mais. Isso eu consegui entender e aceitar,o que não entra na minha cabeça até agora é, porque ele me roubou? De onde partiu todo esse ódio. Sei lá...nem desconfio os motivos. E a cada dia que passa desejo compreender menos. Quero viver a minha vida sem essa sombra.

A pergunta rendeu uma resposta que me fez olhar de outra forma para Suzana, consegui perceber no olhar dela a mágoa e a tristeza. Serão cicatrizes que ela vai levar durante a vida. Mudo um pouco o rumo da conversa,não quero que ela durma triste.

— Como um cara pode trocar um mulherão como você assim? Vou me corrigir: um pequeno mulherão,pois você é uma anã!

Começamos a rir e ficamos a nos olhar hipnoticamente.

Seguro seu rosto e a beijo delicadamente, ela corresponde segurando em meus ombros. O beijo se torna mais profundo, e o clima esquenta, fico em cima dela,estou muito excitado,coloco os dedos no sexo dela que está muito úmido, ela geme, beijo seus seios ,acaricio suas coxas torneadas...quando de repente ela me empurra.

— Não Tomás! Por favor!

— O quê foi? Você não quer? Não se sente preparada após o divórcio?

— Não é isso, acho que estamos misturando as coisas. Temos um contrato, esse casamento não será real,estamos aqui por outros motivos,não para uma pré lua de mel. É melhor nos recompor e irmos dormir

— Tudo bem,talvez você tenha razão. Boa noite!

Viro para o lado e ela também. Tomara que eu não tenha estragado tudo, estava indo tão bem!

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Procurei levantar primeiro do que Tomás, fiz minha higiene,me arrumei e desci para o café sem ele. Fui dar uma caminhada pelo Chateau, colocar um pouco a cabeça no lugar depois de ontem a noite,estava sem graça, logo eu ! Sempre tão desinibida e liberal em relação ao sexo. Algo estava diferente.

Tomás aparece trajando as roupas que escolhi, bermuda branca ,camisa caqui,tênis baixos e óculos escuros.

— Está fugindo de mim?

— Não, estava querendo colocar minhas ideias no lugar, falar sozinha em voz alta. Aliás pode se acostumar com isso.

— Com seus sumiços?

— Não, eu falo sozinha o tempo todo.

Rimos,quebrando o gelo.

— Eu te peço desculpas, acho que passei dos limites ontem a noite.

Espero que isso não afete o processo que estamos vivendo, estávamos indo bem.

— Não se preocupe. É como o ditado popular antigo diz,quando um não quer, dois não se beijam. Literalmente… O que temos planejado para hoje? Pergunto.

— Conhecer a cidade,almoçar em um restaurante estrela Michelin que tem perto da praia e no final do dia conhecer os campos de lavanda. A cidade tem um festival da durante o mês de julho.

— Perfeito! Vamos logo para não podermos mais tempo.

E assim se passaram nossos dias em Marselha,entre passeios românticos, gastronomia e cultura local. Foi ótimo e relaxante.

Chega o dia de nos despedirmos da cidade, fazemos nosso check-out e partimos para o nosso próximo destino, a sensual, exclusiva e agitada Saint Tropez.

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