De volta pra casa

No avião de volta pra casa, leio as notícias sobre nós em um site de fofocas.

"Magnata do ramo alimentício, é visto em clima de romance com mulher misteriosa em joalheria de Paris. Fontes afirmam que Tomás Lobato pediu a moça em casamento diante de todos no local"

— Você já leu isso Tomás? Mostro o tablet a ele que lê a matéria e ri.

— Está tudo encaminhado, agora só precisamos organizar o casamento.

— Já providenciei isso. Antes de viajar, contratei uma organizadora de casamentos. Uma amiga me indicou. Provavelmente já teremos uma data assim que chegarmos.

— Você também é bem rápida!

— Detesto perder tempo.

Tomás me beija e retornamos as leituras.

A noite passada foi mágica, melhor do que imaginei,a companhia fez toda a diferença. Tomás foi tão romântico e sincero no seu desejo de realmente tentar fazer nosso casamento dar certo que resolvi arriscar.

Não sei se estamos apaixonados de verdade, ou se é apenas carnal o que sentimos. Mas já que entramos nessa,porque não tentar? Quero confiar em Tomás porque só assim conseguirei entregar o meu coração. Já sofri demais com meu relacionamento anterior, não tenho mais paciência para brincar de amor. Agora, só o tempo e a convivência diária nos dirão.

Tomás

Estamos de volta a vida real depois de dias intensos. Pude descansar, me desligar da minha vida de empresário, dos problemas em relação ao meu pai...

Voltei disposto a fazer esse casamento dar certo, depois da nossa última noite em Paris,dormindo com Suzana nos meus braços,meu peito se encheu de um sentimento que há tempos não sentia...eu estou apaixonado por ela!

Vou lutar para conquistar a sua confiança, ela já sofreu demais e não está disposta a colocar seu coração num relacionamento em que possui dúvidas. Eu a compreendo.

Já em casa, cumprimento a todos e subo para o meu quarto levando Suzana comigo. Durante essa viagem aprendi que viver só para o trabalho não é tudo.

— Cora,estamos indo descansar. Só retorno ao trabalho na segunda - feira, não estou pra ninguém!

Cora sorri de orelha a orelha ao perceber que Suzana e eu estamos juntos de fato. Ela é como se fosse a minha mãe e se alegra comigo como tal.

— Fiquem sossegados! Ninguém irá incomodá-los!

Suzana

O quarto de Tomás tem um ar clean, jovial ,bem ao estilo dele. Mas se eu for dormir ali,vou redecorar e deixar mais aconchegante e romântico.

O closet é enorme, cabe 3 do meu antigo quarto de casal ali. Espaço para as minhas coisas não irá faltar.

Tomamos uma ducha juntos e depois caímos na cama ainda úmidos e fizemos amor mais uma vez.

O cansaço da viagem bate e dormimos agarradinhos.

Acordamos com meu telefone tocando, já era noite.

— Sérgio, o que você quer?

— Sua irmã, disse que você já chegou de viagem e pediu para trazer o Samuel . Preciso ir para o restaurante.

— Eu já estou indo aí na portaria.

— Não estamos na portaria, estamos na sala de estar.

Merda,pelo tom de voz dele lá vem estresse. Com certeza ele já deve estar sabendo do noivado.

Desço as escadas e Sérgio me olha com cara de poucos amigos.

— Mamãe! A voz doce de Samuel ecoa pela sala.

— Meu amor que saudade! A mamãe trouxe tantos presentes pra você! Não via a hora de voltar e te encher de beijos. Agora, a gente não se separa mais tá bem?

— Viagem à trabalho não é? Descendo as escadas de roupa comum, com cara de sono...troca de beijos em Paris...Que palhaçada é essa Suzana?

Sérgio se altera como se tivesse algum direito. Parecia um marido traído.

— Cora,você pode levar o Samuca para fazer um lanche na cozinha? Preciso ter uma conversa com o pai dele.

Cora sai com o menino,que antes dá um abraço apertado no pai. O Sérgio pode ter sido o maior canalha comigo,mas ama o Samuel e faz de tudo por ele.

— E aí? Vai me explicar essa cachorrada?

— Olha como você fala comigo, me respeite! Primeiro que eu não sou mais a sua esposa e segundo que você sabia muito bem aonde me encontrar eu não tô entendendo o porquê do seu nervosismo.

— Eu sabia que tinha alguma coisa errada Suzana ,como que eu não posso ficar nervoso? Você mentiu para mim disse que iria a trabalho e eu sabia que não era verdade! Está em todas as páginas de fofoca você e o ricaço se beijando em Paris, trocando alianças em joalheria fina... desde quando vocês se conhecem?

— Ah! Agora estou entendendo! Está pensando que foi corno é? Bem que eu gostaria de ter trocado chifres com você, mas eu continuo sendo a única traída da história.Conheci o Tomás bem depois do nosso divórcio, se eu te falasse a verdade sobre a viagem você colocaria mil empecilhos.

— Por que uma viagem agora? Não estou entende...

— Foi uma viagem para eu a pedir em casamento.

Tomás desce as escadas encarando Sérgio.

— Algum problema com isso?

Ele para atrás de mim e põe as mãos nos meus ombros.

— Problema nenhum se ela não tivesse mentido dizendo que a viagem era a trabalho. Sérgio baixou a bola na presença imponente de Tomás.

— Com certeza ela teve seus motivos. Permita-me , Tomás Lobato,noivo da Suzana.

— Sérgio Brazil, pai do filho dela. Bem eu já estou de saída, tenho que cuidar dos meus negócios. Boa noite para vocês.

Sérgio saiu soltando fogo pelas narinas,agora ele tinha além de raiva de mim,dor de cotovelo por eu estar me casando com bilionário.

— Sujeitinho folgado! Quem ele pensa que é pra vir até a minha casa ofender a minha mulher?

— Eu também não sei quem é esse homem. O que eu conhecia era bem diferente...Do que você me chamou ? Minha o quê? Falei brincando só pra ouvir ele repetir.

— Minha mulher! E espero que assim seja o resto das nossas vidas!

Dito isso me beijou apaixonadamente. Como eu quero acreditar nisso tudo! Mas a causa da minha insegurança acaba de sair dessa sala, me lembrando que não é possível confiar nem em quem você conhece a vida toda.

O jantar estava a mesa,comemos contando sobre a viagem à Cora,somente os detalhes que poderiam ser ditos, é lógico. Quando percebo, da sala jantar, vejo uma pessoa descendo as escadas indo à cozinha.

— Quem é Cora?

— Um dos cuidadores do Senhor Salomão. Estão trocando de turno.

— Tomás, amanhã quero conhecer o seu pai.

— Claro! Amanhã a Cora pode levá-la até ele.

— Quem vai me apresentar a ele é você!

Eles param de comer e se entreolham.

— Eu não faço ideia do que aconteceu entre vocês dois, mas eu vou me casar com você, então é você quem deve me apresentar como sua noiva ao seu pai. Isso não existe, pedir a outra pessoa para apresentar a sua noiva para o seu próprio pai!

— Não é tão simples assim...o meu pai não olha na minha cara e não me dirige a palavra há 4 anos.

— Mas você tem que tentar sempre que puder se reconciliar com ele. Ele é um paciente oncológico paliativo,me desculpe o que vou dizer,mas vai esperar vê-lo num caixão para chorar a sua culpa o resto da vida?

Ele abaixa a cabeça, soca a mesa e sai.

Samuel se assusta, eu me levanto e vou atrás dele.

— Antes de fazer grosseria e gestos bruscos, verifique se o meu filho está por perto. Ele nunca presenciou uma briga entre o pai e eu, nunca viu o meu ex marido levantar a voz para nós. Não vou admitir que você, um padrasto arranjado o faça! Boa noite, vou pra minha casa com meu filho.

Saí de lá possessa de raiva,além de me esconder o real motivo de toda essa briga com o pai, ele faz grosseria perto do meu filho. Ah! Não mesmo!

Dou um banho em Samuca e tomo o meu também, a casa estava toda arrumada até as caixas que eu havia deixado pelo caminho não estavam mais lá, tudo estava organizado, provavelmente Cora providenciou isso .

Não conseguia parar de pensar na atitude intempestiva de Tomás ,tenho certeza de que o quê aconteceu foi muito sério, pois desde aquela noite em que eu o conheci bêbado, nunca mais o vi ser tão grosseiro.

Samuel dorme e eu permaneço do lado dele,agarradinha acariciando seu cabelos pretinhos e escorridos. Quando estou quase dormindo, batem a porta.

— Podemos conversar? Era Tomás, com o rosto vermelho e tenso.

— Tomás , se você quiser discutir acho que essa não é a hora ,Samuel já está dormindo,podemos acordá-lo.

—Eu não quero discutir, quero conversar com você sobre o que aconteceu entre o meu pai e eu.

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Outros dois livros meus completamente românticos!

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