AMOR PERFEITO
Mary Jane
Laurel
Natalie
Ryan
Pov's Natalie Forbes
Cabana, floresta.
07:00 AM
Com a bebê em meus braços, estou me dobrando em duas, perto do fogão para mexer o achocolatado da Laurel. Ela já vai acordar e ainda estou terminando de preparar; minha filha acorda sempre de mau humor e vem logo pra cozinha atrás de comida.
— Mary Jane, para meu amorzinho. Deixa a mamãe terminar.— bato na mãozinha da neném, logo presencio a sua carinha de choro.
Nem tive ainda tempo de amamenta-lá hoje, e ela parece meio enjoada, acho que seja por conta do frio. Essa frieza insuportável que vem do lado de fora, acaba adentrando na cabana. Nem aquecedor aqui possui.
— Seu pai deveria está me ajudando.— resmungo, observando o preguiçoso nem aí pra nada bem deitado no sofá.
Balanço a cabeça pro lado, com os meus pensamentos voltados a noite maravilhosa que tivemos juntos. Sorrio boba, é como se eu sentisse os seus dedos cravados na minha pele e seu cheiro grudado no meu corpo ainda. Nunca me apaixonei por Ryan, por que isso está mudando agora? Demorei a descobrir que vou morrer, para poder dar uma chance para o sentimento que os humanos normais sentem.
Algo desconhecido para mim, chamado... amor.
— Ah merda!— sinto uma tontura forte, com tudo rodando em minha volta.
Quando estou prestes a cair, é na hora que ele desperta e dá um sobressalto do sofá, correndo até a cozinha.
—Natalie — seus olhos sonolentos e aflitos emitem em desespero. Sua preocupação é notável. — Está tudo bem?— pergunta, checando o meu estado pálido.
— Pega ela.— peço, com uma gastura horrível e um mal estar que faz minha cabeça doer muito.
Acho que seja consequência desse tumor que está alojado no meu cérebro.
Ryan mesmo não levando jeito em cuidar de criança, ele procura acalmá-lá, balançando-a de um lado pro outro com a cabecinha dela em seu ombro. Ela é muito apegada e vive nos meus braços o dia inteiro, corta o meu coração vê-la querendo a mim e eu não posso segura-lá de volta, porque estou sem forças e passando mal.
O loiro me olha bastante preocupado, procuro manter a postura e tranquiliza-ló. Eu não quero que ele fique assim por minha causa, eu vou ficar bem.
—Mamãe, o que houve?— a voz manhosa da Laurel ecoa e sinto suas mãozinhas no entorno da minha cintura.— Por que está assim?— suas íris claras esbanjam medo, seu tom atormentado me dá um aperto no coração.
Qualquer criança sente quando há alguma coisa errada. Como vou contar pra minha garotinha preferida que estou morrendo?
— Não houve nada.— finjo, abrindo um sorriso fraco e tentando me manter de pé, embora eu esteja zonza. — Apenas estou com frio. Logo vai passar, só preciso de um cobertor.— minto e guio o meu olhar até Ryan, pedindo pra que ele faça alguma coisa para contornar a situação.
É difícil para mim estar enganando a nossa filha, mas não posso assusta-lá contando a verdade sobre a minha doença.
— Deixa a sua mãe descansar um pouco.— ele a puxa, tirando-a de perto do meu corpo. — Deita lá.— acena pro sofá com o tom apreensivo e começo a andar, indo vagarosamente e me segurando nos móveis para poder chegar até a sala.
Tento me manter forte para que Laurel acabe acreditando real que o motivo seja apenas o frio. Sinto ela pular no sofá ao meu lado assim que me sento, ouço seu pai brigar por a loirinha teimar.
— Mamãe, deixa que eu te aqueço.
Oferece, me dando um abraço apertado. Um abraço tão reconfortante que fico tocada. Mesmo não entendendo nada que está acontecendo, minha filha está cuidando de mim nesse momento.
— Toma o seu remédio.— o homem entrega-me a pílula e assinto, colocando na boca. — Vai pegar água pra sua mãe.— manda e a Laurel sai correndo, obedecendo-o e direcionando-se até a porta da geladeira.
Ela nunca foi de ouvir ele, que engraçado ver Ryan se comportando como pai.
— Não precisa ficar falando de remédio na frente dela.— o repreendo, quando ele senta ao meu lado com a bebezinha, que agora se encontra mais calma.
Pego a mãozinha da Mary Jane e dou um beijo delicado, sentindo a mão do seu pai acariciar as minhas costas. O que deu nele? Não é normal esse cuidado todo.
— Para de me alisar, Ryan. Eu já estou bem! Tenho certeza, foi só uma gastura. Já passou.—afirmo, pois o ouço resmungar, não acreditando nas minhas palavras.
— Você precisa ir ao médico.
— Eu não quero e nem preciso.— o encaro negativamente e avisto-o suspirar pesadamente.
— Para de ser teimosa, Natalie. É melhor você ir por bem, senão te levarei pelos cabelos até um hospital, entendeu?— ameaça parecendo falar sério e é justo na hora que a nossa filha retorna, trazendo um copo d'água.
— Aqui mamãe.
— Obrigada, princesa.— agradeço sorrindo.
— Esse assunto não morreu por aqui. Tá entendendo, Natalie? Não morreu por aqui.— levanta do meu lado, jurando e reviro os olhos. — Vamos naquele lugar, você querendo ou não.— fala em códigos e o ignoro, prestando atenção em Laurel que me conta sobre uma história em quadrinhos.
Inspiro bem fundo.
Agora Ryan está bancando o herói? Se eu estou destinada a morrer com esse tumor; médico, medicina e hospital nenhum será capaz de salvar a minha vida.
— Mamãe?
Saio dos devaneios fitando o rostinho angelical da minha garotinha preferida.
—Diz, Laurel.
— É que...— dá de ombros, meio constrangida, com as bochechas vermelhas.— Queria saber se você e o papai voltaram a namorar.
Engulo em seco. Será que ela viu alguma coisa da noite anterior? Putz... que vacilo!
— Que pergunta é essa garota?— dou uma de desentendida, para não entregar o quanto estou corada.
Sempre fui muito reservada, até quando vou cometer os meus crimes ajo na moita. Jamais vou expor o meu relacionamento com Ryan, principalmente, porque eu ainda não tenho noção do tamanho dos meus sentimentos .
— É porque o papai tá todo carinhoso com a gente e eu achei que...— seu tom receoso de uma mera criança com expectativa, me faz suspirar.
— Ryan e eu só nos aturamos, Laurel. Se é isso que você quer saber, pronto, tá aí a resposta.— afirmo, vendo-o lá na cozinha colocando o chocolate quente da nossa filha no copo. Hoje ele está bancando o paizão, dá até orgulho de ver. — Não vejo a hora de expulsar seu pai daqui. Ele é um traste, não faz nada, é um completo inútil.— finjo um ranço instalado e a loirinha olha em sentido ao pai que termina de ajeitar o café da manhã.
— Eu não acho, mamãe.— comenta, meio perdida com a minha acusação.
—Natalie, tá lembrada que dia é hoje?— a voz animada do próprio soa na hora. É tão estranho vê-lo lavar as louças na pia, enquanto segura a Mary Jane nos braços.
— Claro, né, querido— dou de ombros, abrindo um sorrisinho.
— Você também sabe, Laurel ?— enfia também a pequena no assunto, o que é uma coisa surreal... já que é sempre ignorante com nós.
— Sim, papai!—vibra saltitante.
— Duvido.— dispara convencido, de gracinha.
Nossa noite foi tão maravilhosa de um jeito que o maníaco está sorrindo até pro vento. Isso é o efeito que eu causo, sei bem enlouquecer um homem em todos os sentidos.
— Quer apostar?
— Então falem, que dia é hoje?
— Deixa eu pensar.... — rio, focando em Laurel, com o ar de suspense.
A minha garota solta uma gargalhada fofa, não me contenho e acabo a acompanhando.
— Véspera de natal.— nós duas pronunciamos em uníssono, caindo na risada.
Agarro-a por trás, jogando sobre o estofado do sofá. Sou a mãe coruja e grudenta, acho que ultimamente estou abraçando-a demais.
— Como vocês acertaram suas trapaceiras!— ele expressa um humor brincalhão, rindo.
—Ora, Ryan, é bem óbvio. — acho graça.
— Por que não montamos a árvore de natal, mamãe?— a minha filha pergunta confusa, se dando conta da falta de enfeites natalinos na cabana.
Dou de ombros, indiferente.
— Porque natal é uma chatice.— desprezo a data. — Papai noel nem existe.— deixo claro, quebrando suas expectativas.— Pra quê vamos perder tempo com isso, Laurel?— a pergunto de volta.
Noto na sua expressão chateação. Ela abaixa a cabeça, tristinha.
—Coitada, Natalie. Ta tirando da garota a magia do natal. Não seja tão fria, querida. — briga. Por um momento acho que ele está falando sério. — Mas tua mãe está certa, peste. Natal é uma besteira, não gostamos de perder tempo com essas tolices.
— Mas papai....— a loirinha insiste, com a voz chateada.
É notável que ela quer comemorar o natal, toda criança da idade da Laurel acredita em papai noel.
— Tive uma ideia.— interrompo os dois. — Que tal a gente comemorar o natal de outra forma?— sugiro e os olhos de ambos crescem em curiosidade.
Eu tenho poucos meses de vida mesmo, talvez seja o meu último natal. Devo aproveitar, já que a minha filha acredita, preciso fazê-la realizar o seu sonho.
— De que forma, mamãe?— seus olhinhos brilham em curiosidade. É emocionante observar essa felicidade momentânea que surge em seu rosto inocente.
— Vai ser surpresa.— declaro, abrindo um sorriso confiante e com a ponta do dedo, toco em seu nariz. Enxergo um pequeno sorriso meigo crescer— Não me faça perguntas, Laurel vai ser surpresa.— a ouço insistir. — Sem mais.— solto uma gargalhada me divertindo, escutando minha garota implorar para saber o que vai acontecer.
Não paro de sorrir, admirando-a. Faço qualquer coisa para vê-la assim: entusiasmada e feliz. Quando eu morrer, quero que Ryan saiba cuidar delas, assim como eu tento ser uma boa mãe.
Não posso partir sem antes deixá-las seguras.
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Atualizado até capítulo 66
Comments
camilli
mulher por favor, coloca o nome nas falas, eu não consigo entender, por favor!!
2024-01-05
4
Ana Christina Pinto
Aí não tô gostando disso não.. E o Rayn parece nem aí pra nada
2023-12-30
2
Ana Christina Pinto
meu fofurometro estourou. linda demais
2023-12-26
2