Uma semana depois…
29/12/2021.
Pov's Natalie.
Nova York.
Cabana.
07:30 AM.
Pego a minha bolsa, direcionando-me para sair.
Encaminho-me até a porta, puxando a fechadura e abrindo. Suspiro fundo quando Ryan me interrompe, ficando na minha frente. Ele está sem camisa, apenas usa uma bermuda azul.
— Não gosto de quando você sai com aquele velho.— soa enciumado, coçando a cabeça.
É algo novo vê-lo fazendo birra, talvez seja porque vou deixar as meninas para ele cuidar.
— Ah pelo amor de Deus, né. Canibal é o meu único amigo que tenho neste fim de mundo. Não posso sair nem um pouco com ele? Desde de quando eu me tornei prisioneira dessa casa?— embora não esteja brava, mas quero provocá-lo um pouquinho e meus os olhos o alfineta.
É questão de ego.
Ryan não me procura há mais de uma semana, acho que ele enjoou de mim. E esses dias o próprio anda saindo muito na calada da noite, pode ser pra calçar novas vítimas ou ele está se divertindo com alguma vadia enquanto eu fico em casa cuidando da Mary Jane e da Laurel igual uma condenada. Eu também tenho direito de me divertir, não é porque estou doente que eu vou parar a minha vida.
Já basta essas torturas que ando tendo, preciso sair para espairecer, senão vou adoecer mais ainda.
— Você não é uma prisioneira, mas você tem obrigação de cuidar das suas filhas.— escuto o seu tom escroto e reviro os olhos, já começou o showzinho de fazer escândalo.
— Agora elas são apenas as minhas filhas? — rio.— Que engraçado!— rebato com sarcasmo. Enxergo o loiro suspirar fundo.— Olha aqui Ryan, se você não quer ficar olhando elas, tá bom. Eu não me importo, mas não usa isso como uma desculpa esfarrapada. — permaneço impaciente, com ele me intimidando e não me dando espaço.
— Não é questão de desculpa, é porque aquele velho não presta.— murmura, enchendo os meus ouvidos.— Ele bota muita merda na sua cabeça. E coloca você contra mim.
— O canibal só fala a verdade, é você que apronta todas, Ryan.— defendo o meu amigo, o afastando e tendo finalmente espaço para passar.— Se você não aprontasse tanto, o Canibal não teria motivos para expor os seus podres. Esse é o problema.
Olho para trás, no fundo quase cedendo ao vê-lo solitário na cabana Até agora nossas filhas não estão berrando pela casa, pois as duas se encontram dormindo e ambas provavelmente acordarão tarde, já que passaram a madrugada inteira acordadas assistindo desenho.
— Antes de anoitecer, eu volto.— dou o braço a torcer, me prestando o papel ridículo de dá satisfação. — Cuida bem delas.— peço e Ryan se aproxima, pondo suas mãos envolta dos meus braços.
Sinto ele acariciar.
Suspiro fundo, ficando tensa em receber seu toque, ainda não me acostumei com esse clima. Não posso cair igual uma otária em seus braços, tenho que continuar dando gelo, assim vou ser mais valorizada. O fito nervosamente, com os lábios entreabertos, é claro que Ryan está notando o efeito que ele me causa quando me toca. Suas íris azuis transmitem tanto brilho.
— Pra onde você vai?
— Não te interessa.
— Vai ser assim agora?—ergue uma sobrancelha, com o olhar cético, pelo meu tom de atrevimento. — O que deu em você, Natalie — estranha a minha frieza.
– Você ainda pergunta?— coloco as mãos na cintura, forçando um sorriso amargo para que ele sinta o gostinho. — Você não me procura há dias. — começo enfatizar o tanto de vezes que venho sendo rejeitada.— Você sai toda noite e me trata como se eu fosse uma completa estranha, Ryan! E depois fica assim bancando o fingido. Não vou perder meu tempo sendo usada por você, tenho coisa muito mais difícil pra fazer antes de morrer. Como por exemplo: te ensinar ser um pai de verdade.
—Natalie, eu... — gagueja sem saber qual desculpa vai arrumar.
Perco a paciência na hora:
— Não ligo de você ficar aí se divertindo com as garotas de programa, talvez elas sejam muito melhores do que eu. Quer saber? Não tô nem aí! Faça o que você quiser, mas não me procure mais. — dispenso qualquer possibilidade de haver algo a mais entre nós dois e saio andando.
Eu já deveria saber que perder tempo com um psicopata feito Ryan é só querer arrumar dor de cabeça. Ele não sabe o que significa um relacionamento, até eu mesma desconheço. Pra quê vamos querer forçar algo que sabemos que pode dar muita merda depois? Não quero me apegar a essa idealização de agir como uma mulher normal e viver um romance, além do mais, somos dois assassinos miseráveis e nunca teremos o direito de viver uma vida normal. Já que somos considerados como monstros.
— Quanta demora.— o velho resmunga, apontando pro relógio que há em seu pulso, assim que me vê sair da cabana.
— Tava brigando com Ryan.— menciono o motivo do atraso, descendo os degraus da escada da entrada.
Me sinto uma completa trouxa. Eu nunca pensei que ia me importar tanto por ser tratada como uma cachorra.
Essa indiferença vem justo do pai das minhas filhas. Será que ele parou de me desejar, só por que vou ficar feia depois que o meu cabelo começar a cair?
— De novo? — interroga visualmente confuso, até porque eu havia contado uma outra fofoca a ele.
— Eu brigo com Ryan todos os dias, velho! Já estou de saco cheio dele. Não vejo a hora desse homem sair da minha casa.
Meu tom soa alto o suficiente para que o principal envolvido possa escutar lá de dentro.
— E se ele não quiser sair?
Começo a andar ao lado do meu amigo fofoqueiro da floresta, mesmo tendo esse "gênio", acabo me divertindo horrores com as loucuras do Canibal.
— Saio eu. Tô cansada de viver esperando a boa vontade desse moleque. Posso achar qualquer outro homem do mundo, ainda estou viva, Canibal! Ora, não vou ficar esperando migalhas de ninguém. Sou boa o suficiente para encontrar alguém nesses poucos meses de vida que me resta. Nem que seja para cuidar de mim.
Rio sendo um pouco oportunista, pensando em ter um namorado fake para ser o meu empregado.
A real é que vou ficar muito fraca e nem vou poder cuidar das minhas filhas por falta de coragem, então terei que buscar outro alguém para poder olhar elas e segurar na minha mão quando for o meu último dia de vida. Adoraria que fosse Ryan, mas pelo jeito... já vou descartar essa realidade.
(........)
Pov's Ryan.
Cabana.
Espio Natalie saindo e vejo aquilo como uma oportunidade, sigo às pressas para chamar a pirralha no quarto.
É a nossa hora.
— Acorda, Laurel.— cutuco o seu pé, com o tom baixinho para não acordar a bebê que está no berço.— Bora garota, sua mãe já saiu. Não faz hora.— persisto-ló em chamá-la, mas nem se mexe, continua dormindo como uma pedra. — Laurel, Laurel.— dou algumas leves batidas em seu ombro.
Natalie vai surtar se souber que estou enchendo o saco da nossa filha.
—Laurel. — volto a chamá-la. Me calo quando observo a outra se remexer no berço.—Laurel.— emito mais firme o seu nome, e a loirinha acaba virando.— Anda que sua mãe já saiu.— sussurro próximo do seu ouvido e balanço-a um pouco, ouvindo-a resmungar.
— Papai? —soa, num tom manhoso.
O tanto que Natalie mima essa pestinha, é por isso que ela é assim toda folgada.
— Levanta.— mando.
Logo seus olhinhos inchados de tanto dormirem me encaram confusos.
Será que ela já esqueceu?
— Vamos.— a chamo, apressado. — Estamos atrasados.— digo eufórico, indo até um certo canto do quarto e pegando na gaveta uma camisa.
— Pra onde a mamãe foi?
— Foi farrear com aquele velho. — fecho a mão em punho, com raiva. — Ele só leva a sua mãe pra mal caminho, mas sua mãe não me escuta. Acha que ajo assim porque sou grosseiro, não sei de nada, mas só quero que a sua mãe não se meta em problemas. Natalie é muito influenciável e sempre acaba escutando todas as merdas que ele fala de mim.
— Era para você ter me acordado na hora, papai, eu não teria deixado a mamãe sair. Ela está resfriada, ela não pode ficar batendo perna.
A mesma acha que Natalie tem apenas uma gripe, e não uma doença mais séria, foi o que inventamos.
— Mas a sua mãe escuta? Escuta nada! Me botou até pra correr daqui.— solto ainda ressentido, relembrando do momento que escutei Natalie gritar pra que eu fosse embora.
— É sério que a mamãe te botou pra fora, papai?— enxergo ela se sentar na beirada da cama, batendo as perninhas enquanto se espreguiça. Balanço a cabeça que sim, chateado. – Por que ela fez isso?
— Toda vez que ela vai sair com aquele velho safado, é desse jeito! Vira uma outra pessoa. Mas não podemos perder tempo aqui, temos que ir, antes que Natalie volte. — a puxo da cama.
Estamos mantendo isso em segredo, porque me sinto envergonhado de como a loira vai reagir quando souber. Com certeza ela vai querer me matar. Nunca fui de acreditar nessas coisas, acho que estou fazendo mais isso, para que Natalie fique curada da maldita doença.
— Papai, como é que se ora?
A pequena se ajoelha ao meu lado na sala, este ambiente já teve tantos corpos de vítimas e hoje se tornou um lugar que posso chamar de... refúgio.
— Você fecha os olhos e depois começa a pedir, agradecer, falar com a divindade sobre o que você deseja que se realize. — a ensino.
Fui meio que obrigado abrir o jogo para Laurel, porque senão ela iria abrir a boca pra sua mãe e Natalie iria zoar só por eu agir como alguém "normal"
— Que divindade é essa?— suas orbes claras interrogam perdidas. Como toda criança curiosa, não tem noção do se trata.
— Acho que é Deus. — sussurro, gerando um impacto.
— Quem é Deus, papai?— sua voz manhosa soa, sem compreender o poder e o significado.
— Nem eu mesmo conheço.— admito baixinho, um pouco incomodado.
É estranho crer em algo que eu não posso ver.
– Se você não conhece, por que você acredita nele?
— Bem... — acabo ficando numa saia justa. — Não sei como te explicar, Laurel, mas, uma vez quando precisei de ajuda essa divindade me ajudou. Então, talvez ele exista. Eu já nem sei.— dou de ombros, sem jeito, tentando estabelecer qual sensação me traz em continuar implorando pela vida de Natalie.
— E você está precisando da ajuda dele de novo, papai?— pergunta com o tom meigo e inocente.
Essa garota é tão inteligente igualzinha a sua mãe, até no jeito de falar.
— Sim.— confirmo. — Prometi pra esse Deus, que se caso ele me ajude, eu vou mudar a minha vida junto com a sua mãe. Vamos parar de ser essas pessoas e vamos dar um novo rumo. Pensei até em...
— Pensou em quê, papai? — questiona sapeca, quando volto atrás no que vou dizer, com receio de não ser levado a sério.
— Em propor sua mãe em casamento, você acha que ela aceitaria?
Laurel ri, sem me levar a sério. Sou mesmo um imbecil de achar que Natalie possivelmente vá me querer como homem.
— Acredito que não.
— Logo vi. — abaixo a cabeça, me sentindo frustrado.
Se com a pirralha foi assim, imagina com Natalie... vou levar um fora bem grande!
Como será daqui pra frente? Caramba, eu só faço besteira! Fiz um voto com esse Deus e o juramento é de fazer sexo de novo só depois do casamento. Por isso ando me mantendo o máximo longe da Natalie para não cair em tentação. Ela até pensa que estou a traindo com outra mulher, mas a realidade é que durmo toda noite fora para não quebrar a promessa.
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Atualizado até capítulo 66
Comments
Amanda
Complicado
2025-02-19
0
Vanderléia Menezes Paixão
Pois é autora me convidou pra estou lendo, porém tá difícil decifrar qual o primeiro livro, e a continuação da história da Natalie é do Ryan
2024-08-20
1
Sandra Ribeiro
Vc me convidou e aqui eu estou... 🤭🥰
2023-12-29
1