Pov's Natalie.
19:30 PM
Nova York.
Adentro na cabana, encontrando o ambiente muito silencioso. Estranho, não é comum a falta de barulho. Espero que Ryan não esteja colocando a Laurel para praticar seus hobbies mirabolantes. Direciono-me até o receptor para ligar a luz. Assim que faço isso, escuto um barulho que vem da cozinha e me dou conta que acabei caindo numa....
— Surpresaaa!— a minha filha vibra tão alto. O gritinho escandaloso da Laurel, me faz abrir um sorriso.
Eles preparam um jantar. A mesa da cozinha está repleta de comida deliciosa, o cheiro parece bom, o que me surpreende. Ryan preparou tudo isso para mim e as garotas? Parece até mesmo surreal, porque olha, ele nunca foi de fazer mimos para ninguém e nem perder tempo com afazeres domésticos.
O meu pensamento era encontrar um cadáver igual da outra vez quando cheguei em casa e avistei Laurel brincando com uma cabeça humana. Dessa vez, por incrível que pareça está sendo diferente.
— Ah meu Deus, vocês quase me matam de susto!— coloco-me a mão em cima do peito, sentindo o meu coração bater em disparada.
Deixo as inúmeras sacolas de compras em cima do sofá, puxando o carrinho com a Mary Jane para poder vê-lá. A bebê deve está morrendo de fome.
— Mamãe, você ajeitou o cabelo?— repara, o quanto meus fios estão arrumados e hidratados.
A pequena pula, tentando alcançar para bagunçar. Ela ama fazer isso pra me irritar, é impressionante!
Sorrio, dando uma voltinha.
— Não ficou lindo?— gargalho, exibindo-me.
Vejo Ryan revirar os olhos, deve ser inveja ou ciúmes por eu ter me ajeitado toda. Ele não gosta de me ver bonita, é por isso que deve estar se corroendo por dentro.
— Você ficou perfeita!— ouço o elogio de admiração no tom de voz infantil. Sorrio toda sem graça — Tenho muita sorte de ter uma mãe bonita.
— E eu tenho muita sorte de ter você como minha filha.— declaro o quão sortuda eu sou.— Não trocaria você por nada, Laurel.
— Te amo, mamãe.— declara toda meiga, vindo me abraçar.
— Eu também te amo, minha princesa!
Deixo claro sem saber o que significa esse sentimento, porque sou declarada alguém que nunca é capaz de sentir emoções. E com Laurel é diferente, não consigo travar ao falar "eu te amo" eu consigo jogar pra fora, sem me sentir vazia.
— Chega de declarações. A comida está esfriando.— a voz rouca soa nos tirando do momento materno.
Tinha que ser ele, sempre o estraga prazeres!
— Como você consegue ser tão insensível, Ryan?— o pergunto, focando em direção à sua cara fechada— Sério, é impressionante como você sempre está de mau humor, nunca está satisfeito com nada. O que eu fiz de errado agora, pra você está assim?
— É porque o papai tá com ciúmes que você não deu carinho também a ele.— a pequena insinua ao meu lado e rapidamente se forma um clima, engulo em seco, encarando o loiro que abaixa a cabeça aparentando estar constrangido com o comentário. — Vai lá, mamãe. Beija o papai, abraça ele.— me empurra, quase me fazendo tombar ao ser pega desprevenida.
Tenho que puxar as orelhas da Laurel pra ela parar de ser tão metida. Ela está criando uma situação no qual me faz querer me enfiar num buraco e não sair mais de dentro.
Que constrangedor!
Paro alguns metros nervosamente, com o olhar cabisbaixo, mordendo o meu lábio inferior. Noto de relance a minha filha saindo de fininha e carregando a bebê para o quarto. Não acredito que ela está tendo a coragem de me deixar sozinha com ele, mais que merda!
—Ryan.
—Natalie.
Falamos ao mesmo tempo, estamos sem jeito na presença um do outro.
— Fala você primeiro.— gesticulo com a mão, mesmo ainda tímida, tento controlar essa sensação de desconforto e o fito por um breve instante.
Mantenho uma troca de olhar que transmite insegurança de não saber o que falar e nem o que dizer.
— Sobre me botar pra você, é verdade?— sua voz há receio, é nítido que está apreensivo.
— O que você acha?— dou de ombros, o respondendo séria.— Estou cansada, Ryan.— me jogo no sofá, finalmente relaxando as minhas pernas.— Você não faz nada de útil. Eu não quero um homem pra servir de estátua aqui dentro. Tú não faz nada! Não sei como você teve coragem de preparar esse jantar, porque quando tú não fica deitado o dia inteiro, saí por aí assassinando as pessoas.
— Não é verdade.
— Claro que é verdade! Eu me mato de cuidar das meninas, quando eu tiro um dia de descanso, você fica com raiva, falando mal do Canibal. Não nasci pra ser mandada por homem não, e principalmente por você. Por isso que eu acho melhor cada um pro seu canto. — resolvo mandá-lo procurar um outro lugar pra morar.
— Foi o velho que fez sua cabeça?
Reviro os olhos. Ele não cansa de culpar o coitado do meu amigo que não solta um "a" para se meter. Ryan é paranóico e cria cada coisa nada haver.
— Canibal nem citou o seu nome hoje, pra começo de história. É eu que quero. Acho melhor ficar sozinha com as minhas filhas, sem ter a sua presença.— mando a indireta, Ryan me olha chocado.
Por um momento chego a achar que ele realmente está atingido, mas esse psicopata não tem coração.
— Não tenho pra onde ir— murmura baixinho, dando um de coitado.
— Procura. Se vira!— ajo com toda indiferença.— Lá na beirada do rio tem um trailer velho, parece que o morador morreu, porque você não fica por lá. — acho uma opção favorável, satisfeita de poder mandá-lo pra longe de mim.
— Você está doente, Natalie.
— E daí? Enquanto eu estiver viva, eu vou cuidar das minhas filhas, depois que eu morrer você aprende ser pai.
— Elas são as minhas filhas também, não posso deixá-las pra trás. Não é justo com elas.
— Agora você pensa assim?— rebato, com um sorriso sarcástico Seu olhar possui algo que eu não consigo decifrar, como se as minhas palavras o afetasse. — Você nunca deu a mínima pras elas, não adianta vim com esse discurso patético agora porque eu não vou cair.
— E o nosso combinado? — relembra.
— Mudei de ideia.
—Natalie, eu não vou sair de casa.— afirma firme. O olho debochada, lançando um pequeno sorriso ao dizer:
— Saio eu então.
— Por que você está fazendo isso?— Arregala os olhos, perplexo.
— Porque a trouxa aqui acordou pra vida.— aponto pra mim mesma.
Cansei de ser compreensiva e esperar a boa vontade desse marmanjo. Nunca estabelecemos um status pra esse lance e nem quero mais papinho de ficar correndo atrás. Depois dos dias que venho sendo tratada como um nada, acho que tomei vergonha na minha cara e vou dar um chega pra lá. Mereço me valorizar. Eu lá sou mulher de ficar sofrendo por macho, sou muito melhor do que isso, ficar perdendo tempo com esse daí não vai me levar a nada.
Quero que Ryan vá embora da cabana, de preferência, pra bem longe.
— Vou falar com a Laurel.— usa a nossa filha pra se fazer de coitado, levantando da cadeira.
— Fala, mas não vai adiantar de nada, Laurel é apenas uma criança e não tem o direito de interferir em nada das minhas decisões.
Ele me deixa sozinha e vai até o quarto encher a cabeça da nossa filha contra mim. É o típico dele de me fazer como vilã e sair como vítima. Ah meu Deus, preciso ter muita paciência para suportar os dramas desse homem.
(....)
20:00 pm
Meus ouvidos estão quentes de tanto que escuto. Eu estou quase arrependida de ter falado esse assunto hoje, porque ela está enchendo o meu saco.
— Mamãe, você não vai mandar o papai embora!
— Para de gritar!— tampo os ouvidos. Nossa... vou acabar ficando surda.
— Você não manda nessa casa.— gargalho alto.
— Quem é que manda então? — retruco num tom incrédulo, pasma pelo atrevidamento.
É muita prepotência dessa garotinha, puxou o pai até no jeito de exigir; a genética é forte, o gênio esquentado de ambos é idêntico. Chega ser até engraçado, porque se eu tivesse levando a sério, já teria dado umas palmadas nela.
— Mamãe, por favor, papai não pode ir.— com a voz meiga, súplica. — Não quero ser filha de pais separados.— murmura com os olhinhos cheios de lágrimas, ela está quase chorando.
Suspiro.
—Laurel, para de coisa. Vai ser legal só nós três.— eu olho em volta, Mary Jane está mamando em meu peito e sua irmã está ao meu lado fazendo de tudo para que eu mude de ideia. — Podemos fazer várias brincadeiras divertidas pela cabana.— busco convencê-la.
— Mas não vai ser a mesma coisa sem o papai.— soa tristinha. — Mamãe, não permita que ele vá, por favor!— a carinha que ela faz, me desestrutura completamente.
Suspiro fundo.
O que eu não faço por essa menina?
– Tá bom, eu vou falar com ele.— dou o braço a torcer cedendo e Laurel comemora, me abraçando contente.
Encosto Mary Jane em cima do sofá, deitando-a no estofado. Levanto direcionando-me até o corredor indo para o quarto, onde ele se encontra, arrumando suas coisas. Fecho a porta, Ryan inclina a cabeça pra trás:
— Laurel está fazendo o maior drama lá na sala.— pronuncio baixinho, sentando-me na beirada da cama. Ele me encara de canto de olho, dobrando as camisas pra pôr na mochila. — Ela não quer que você vá.
Sou obrigada a voltar atrás com a minha decisão, por causa da minha filha.
Só a Laurel mesmo para me fazer prestar esse papel ridículo.
— E você?— questiona interessado em saber o que eu acho, lançando um olhar apreensivo e dou de ombros, fazendo-me desentendida.
Ah droga! Engulo em seco, olhando para o chão e fugindo de dá uma resposta.
— Ah, Ryan. — o presencio sentar ao meu lado, começo a balançar as pernas freneticamente nervosa. Preciso disfarçar a tensão.— Já te aturo há anos, não custa nada te aturar mais um pouco. — o vejo soltar um suspiro aliviado e noto um lindo sorriso aparecendo em seu rosto.
Sua mão segue até a minha, acariciando. Fico ofegante, tento recuar a sensação, com o coração acelerado. Encaro o gesto minuciosamente ao receber o seu toque carinhoso. De imediato, corto o clima.
— Vou lá olhar as garotas.— falo nervosa, apontando pra porta meio desnorteada.
Levanto.
— Espera.— me interrompe, segurando no meu pulso, e de repente paro. —Natalie, eu acho melhor eu ir.— acabo ficando surpresa, com os meus olhos chocados. — Será melhor darmos um tempo mesmo.
— Se é isso que você quer, tudo bem por mim.— concordo com sua escolha, dando de ombros. — Não vou prender ninguém aqui. — profiro, no fundo sentindo um aperto no peito — Só converse com Laurel antes, não quero que a minha garota me culpe por você ir. Eu tentei— levanto as mãos para cima, forçando um sorriso ao me redimir.
Mesmo que por dentro aja um nó na minha garganta, quero mostrar que está tudo bem. Talvez eu vá sentir falta da sua presença, não será a mesma coisa, porém vou fazer de tudo para superar sua partida.
— Já pensou pra onde você vai?— questiono com a voz trêmula, já que Ryan não tem onde cair morto, agora estou arrependida por ter o mandado embora.
— Pro trailer velho na beirada do rio, você não disse que lá está desocupado.
— Sim, está.
— Vou me mudar para lá. Dizem que aquele lugar é sinistro, Natalie. — ri e o acompanho, gargalhando por o loiro demonstrar ter medo de "fantasma".
— Sim, real. Toma cuidado. — tiro sarro, num tom sarcástico.
— Posso levar a Laurel pra morar comigo?
— Nem pensar. Tá louco? Não deixo a minha garota por nada desse mundo. — declaro bem alto e escuto Ryan rir.
Sua risada é muito gostosa de escutar, faz qualquer um sorrir junto.
— Como se sente?— pergunta inesperadamente, preocupado com o meu estado.— Sentiu alguma tontura hoje?
— Só um pouco de enjoo.
— É normal?
— Acho que sim. — confirmo, o olhando mais vulnerável.— Esqueci de te falar. Eu hoje fui no médico com o Canibal— seus olhos se arregalam ao ouvir.— Não brigue comigo. Sei que deveria ter ido com você, Ryan, mas não queria escutar o diagnóstico ao seu lado, então fui sozinha.
— E o que médico disse?— questiona, havendo uma enorme tensão.
— Ele disse que há esperança.— minha voz soa emocionada. Estamos sorrindo um pro outro e seus olhos se encontram brilhando. — Eu só preciso começar a quimioterapia urgentemente. E talvez o tumor diminua e eu possa vencer essa doença e viver por mais alguns anos.
Dou a notícia e Ryan não se contém, pula da cama e me abraça forte. Sinto seus braços envolta do meu corpo, acabo ficando de ponta de pé, sendo abraçada por ele que comemora eufórico em saber que tenho chances de viver.
— Deus vai salvar a sua vida, Natalie.— fico surpresa quando ele pronuncia " Deus" no meio, de uma maneira genuína.
Eu nunca pensei que existia esse lado em Ryan, esse lado fofo.
Pode ser que talvez.... só talvez, esse psicopata esteja mudando, mas eu não quero me iludir.
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Atualizado até capítulo 66
Comments
Amanda
O amor muda as pessoas, principalmente o medo de perder
2025-02-19
0
Edimaria Santos
quando a mulher toma a decisão de um ponto final na relação o homem inventa qualquer pretexto: que ama ela muito, que vai morrer amando ela, que passe o tempo que passar nunca vai esquece la e blá blá blá
2024-02-12
2
Linndaires Silvva
ohhh tadinho do Ryan, o bixinho orando por ela e ela com ingratidão
2023-12-28
1