19:30 PM.
Nova York
POV’s Natalie
Bato na porta do trailer velho do Ryan, para buscar as meninas. Meu dia foi tão péssimo que perdi tempo indo com o Canibal até a cidade e nada feito, agência não quis comprar as fotos e ainda por cima diminuiu a beleza das minhas filhas. Sinceramente... esse povinho da cidade merece é se ferrar!
Insisto em tacar batidas mais fortes, porque oh demora. Não estou com paciência para ficar esperando aqui do lado de fora, além do mais, essa noite está muito fria e estou morrendo por estar praticamente congelando usando apenas um vestido. Acabo me arrependendo da ideia de ter me prestado a usar esse tipo de roupa ridícula só para poder me exibir na agência e dar uma pose de grã-fina; nem vocação tenho para usar salto alto.
—Nossa.... quanta demora!
Esperneio assim que a porta da lata-velha é escancarada e o loiro aparece.
— Tava no banheiro.— se explica, secando os cabelos com a toalha, enquanto o vejo usando uma bermuda preta. O cheiro do sabonete logo percorre as minhas narinas.
—Achei que nesse chiqueiro aí não tinha banheiro— implico e Ryan nota o meu mau humor, sem entender o motivo de eu estar soltando os cachorros nele.
—O que deu em você?— pergunta pela minha mudança de humor. —Natalie, quando você saiu daqui você estava feliz da vida. O que diabos deu em você?
—Quer saber mesmo?— o olho desafiadamente. Ele só faz balançar a cabeça que sim. —Você fica fingindo que gosta desse Deus aí, para na primeira oportunidade abandonar a mim e as minhas filhas. Mas não se preocupe, Ryan, não seremos um fardo pra você.
— Já vai começar a criar essas paranóias sem sentidos?— rebate, fingindo ser o "bonzinho" da história.
— Paranóias?— o encaro debochada, abrindo um sorriso forçado. — Está vendo como você é! — aponto para o homem egoísta que está parado na minha frente.— Não dá para conversar com você!— elevo o meu tom para mais alto, criando uma confusão.— Nunca tive um homem de verdade. Só tenho um inútil feito ti. Mas fica sossegado, não vamos mais incomodar.
Passo o empurrando, para adentrar no lugar que ele está abrigado para ir pegar as minhas filhas. De repente, sinto o toque e Ryan segura no meu pulso, me barrando na entrada. Suspiro bem fundo, não gostando nem um pouco do seu contato.
— Você está em apuros. — emite baixinho, tirando a própria conclusão.— Fala logo no que você se meteu.— suas orbes me observam profundamente, procurando vestígios que possam comprovar que está certo.
Engulo em seco. Não estou nem aí, não devo contar com ele para nada.
— Não é porque sou uma assassina, que sempre me meto em problemas. — rebato com sarcasmo, o encarando com ironia.— E mesmo que eu tivesse com problema, você seria a última pessoa a saber.
— Pra quê isso, Natalie?— demonstra estar bastante surpreso com a minha atitude, seus olhos se encontram céticos e o loiro não entende o porquê de eu estar assim fora de si. — Achei que tínhamos parado de brigar, essa fase tinha passado.
—Pensou errado! E quer saber mais, Ryan? Eu estou enjoada de olhar pra essa sua cara.— solto-me do contato da sua mão e ultrapasso para ir chamar Laurel, o deixado plantado na porta.
Assim que adentro totalmente no ambiente minúsculo do trailer, avisto minhas crianças dormindo no chão frio. Ainda por cima é irresponsável! Sinto vontade de berrar nos ouvidos dele, mas me controlo. Apenas escuto Ryan se justificando de ter as colocado para dormir nessas condições, porque não tinha colchão e elas acabaram pegando no sono. Essa é a desculpa que escuto, pelo menos esse deprimente colocou panos para forrar as duas. Opto não brigar e o ignoro, cutucando a Laurel.
— Anda, Laurel, mamãe já chegou.
Do jeito que ela tem um sono pesado, ficarei minutos assim tentando despertá-lá.
— Deixa ela, Natalie.— ouço o tom soar incomodado por eu está tentando de todo jeito acordar a minha filha a força.
— Não se mete!— o interrompo ignorante. Até voz dele está me irritando!
— Na real, você não está bem.— escuto sua voz afirmar e olho para trás, vendo Ryan de braços cruzados encostado na lateral do trailer, me olhando pensativo.
Por um momento entrego os pontos e começo a chorar. Desde que Canibal enfiou uma pilha de coisas na minha cabeça do Ryan possivelmente me largar para ter uma vida perfeita onde eu não faço parte, estou assim insegura. Porque caramba, vivemos tantos anos juntos e ele vai substituir esse lance que possuíamos para ter uma família com outra pessoa? Acho que essa doença está me deixando um pouco emotiva, ainda há possibilidade de eu morrer antes dos seis meses se eu não conseguir pagar a quimioterapia.
— Eu disse que você não estava bem.
Sou puxada do chão e ele me abraça, sinto seu corpo frio se colar ao meu. Começo a choramingar baixinho nos seus braços, com a cabeça envolta do seu ombro e sentindo suas mãos acariciando minhas costas. Logo Justin me leva para ir pro lado de fora, para não correr o risco das meninas acordarem e me verem assim nesse estado.
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Ele me deixa ficar no meu canto calada o máximo tempo para que eu alivie essa sensação péssima. Mas não consigo parar de andar de um lado pro outro na sua frente. Por onde eu começo primeiro?
—Vai explicar o que está rolando?— paro ouvindo seu tom ecoar preocupado. Há uma incógnita na sua expressão
Engulo em seco, com as minhas pernas bambas. Acabo me sentindo culpada por ter sido injusta com Ryan.
—Fui negociar lá tentar vender as fotos. —gesticulo com a mão, explicando o que aconteceu.— Mas falaram que as nossas filhas são apenas bonitinhas. Tú tem noção?
Imito a voz fina da mulherzinha vulgar que diminuiu as minhas garotas, como se elas não tivessem altura para serem modelos.
— Bonitinhas? Qual o problema nisso?— Ryan interroga com o semblante confuso, achando uma bobagem o meu surto.
Reviro os olhos, entediada, arrumando forças para botar na sua cabeça de minhoca a intenção de como as palavras soaram.
— O problema é que ela falou que as meninas são muito padrão e não se encaixam no perfil. Ela até rasgou as fotos.— murmuro, ainda indignada pelo tamanho desaforo que tive que ouvir.
Como mãe, eu me senti ofendida.
— E daí, se elas são padrão. Você se esquenta com pouco, Natalie.— dá de ombros, achando desnecessário essa confusão toda que arrumei.
— Tá vendo, o porquê de nunca te dizer nada. Você não fica do meu lado em nada, Ryan. — me irrito com a sua calma. Até esse tom dele está começando a me tirar do sério.— Eu tô acabando de dizer que a mulher praticamente chamou as nossas filhas de feias e você aí, com essa cara.— aponto para fisionomia tranquila que acabo presenciando em seu rosto.
— Você quer que eu faça o quê então, Natalie?
— Mate a vadia!— desejo com ódio. Ryan revira os olhos, não me levando nem um pouco a sério.
— Quantas vezes vou te dizer que estou tentando mudar, por que você insiste em querer nos levar para o passado, Natalie?
— Porque eu não acredito em você.— cuspo as palavras que estão engasgadas. Todo esse teatro não passa de uma mera atuação. — Você continua sendo pra mim o mesmo psicopata nojento que tive o desprazer de conhecer. Tenho nojo de você, Ryan. Nojo!
Pego muito pesado e quando vejo as palavras já escapuliram da minha boca.
Ele completamente trava. Me sinto arrependida, mas sei que não vai valer a pena voltar atrás, sei do temperamento dele e com certeza iremos passar dos limites. Estou de cabeça quente, preciso fugir daqui o mais rápido possível, antes que começarmos uma DR.
Saio e a única coisa que aviso antes de ir é que vou buscar as meninas na manhã seguinte, ele nem me responde e se mantém calado, ainda em choque.
Talvez Ryan nunca mais queira olhar na minha cara e eu sei que estraguei tudo, mas eu não acredito na mudança dele.
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Cabana.
07:30 AM
Desperto morrendo de ressaca. Levanto do sofá, massageando a região das têmporas. Faço uma careta de dor, com a mão na cabeça. Nem lembro que horas que cheguei aqui, porém, bebi muito e as latinhas de cerveja estão espalhadas pelo chão da sala. Acho que exagerei ao brigar com pai das minhas filhas e para afogar as mágoas recorri ao álcool. Foi uma péssima opção, porque estou com uma ressaca que ah meu Deus.
Se um médico me visse nesse estado, provavelmente diria que estou tentando me matar antes da horas.
—Mamãe!— ouço a vozinha fina vindo do corredor.
Laurel aparece de camisola, com um urso de pelúcia nas mãos e corre para cima de mim.
— Como você veio parar aqui? — pergunto franzindo a testa, pois eu não lembro de ter a trazido.
A minha filha percebe o quanto estou acabada. Está tudo girando ao meu redor, nem consigo falar direito.
— Foi o papai que nos trouxe.
— Nos trouxe?— faço uma careta quando me inclui também.— Como assim?!— massageio a minha pobre cabeça.
— Você não lembra, mamãe?- seus olhos claros interrogam confusos. Dou de ombros, negando. — Você foi se declarar pro papai e ele disse que você tava ficando doida.
— É o quê?— arregalo os olhos, dando um sobressalto. Não, eu não fiz isso, a Laurel só pode estar zoando com a minha cara.— Eu paguei esse mico?— a minha garota confirma que sim com a cabeça, dizendo "uhum"— Ah meu Deus, só posso ter enlouquecido!— arrependo-me por algo que eu nem imagino que fiz.
O ruim de beber muito, esse efeito é que o álcool faz na vida de qualquer ser humano.
— O Ryan me chamou de doida?— indago, me sentindo mega ofendida. A minha menina afirma em sinal de positivo— Que idiota!— o xingo baixinho. — E a Mary Jane, cadê?— me dou conta que a bebê não está.— Onde está a sua irmã, Laurel?
— O papai levou ela pra cidade.
— O quê?— dou um sobressalto do sofá.— Pra onde ele levou a minha bebê?— me desespero.— Me responde, Laurel!
— Eu não sei, mamãe.
— Como não sabe?— sinto o desespero aumentar.
A porta é escancarada e os vejo adentrando. Suspiro aliviada, essa foi por pouco! Às pressas, sem nem pensar duas vezes arranco a bebê dos seus braços. Ele reage um pouco frio com a minha atitude. Noto também que Ryan traz vários pães, meu estômago revira com o cheiro.
— Graças a Deus!
Beijo a cabecinha da neném que usa um laço rosado, sentindo seu cheirinho de talco. Mary Jane está alegre nos meus braços e abre até um sorriso sapeca. Logo saio dos devaneios, escutando:
— Papai, você trouxe o bolo de chocolate que eu te pedi?— Laurel pergunta muita manhosa.
Ela ama ser mimada por nós dois.
— Sim, trouxe pequena.
— Eba!!— comemora, batendo palmas.
Minha garotinha fica com outro humor quando Ryan está presente, é tão lindo vê-los juntos. Confesso que tenho um pouquinho de ciúmes.
Ele bota todas as coisas que trouxe das compras em cima do balcão da cozinha. A loirinha se joga no sofá e liga a televisão, aproveito que Laurel está focada a procura de algum desenho, para me aproximar do seu pai que está tirando os itens das sacolas.
— Ryan, será que podemos?— com a voz receosa, procuro um meio de conversar. — Sei que você pode está bravo por tudo que lhe disse ontem.— cochicho do seu lado, tentando consertar as merdas que falei.— Mas eu sinto muito— sussurro quase inaudível e seus olhos se erguem me encarando pela primeira vez, surpresos.
Nunca fui de pedir desculpas.
Ryan não me responde nem um simples "ok", demonstrando está atingido com a briga que tivemos ontem.
— Comprei as fraldas dela.— ignora totalmente o que falei agora a pouco, olhando pra Mary Jane que ainda está comigo. — Já estou indo.— dá às costas, pronto para ir embora, mas eu o paro:
— Ryan, não precisamos ficar nesse clima.
Novamente vejo o loiro respirar fundo. Seus passos retornam para trás, parando na minha frente.
— Quem estragou tudo foi você, Natalie. E não adianta pedir desculpas agora, porque não fará diferença. Já aceitei que não vale a pena insistir em algo que não irá funcionar.
— Como assim não irá funcionar?— questiono um pouco sentida.
Será que ele está desistindo da gente?
— Você sabe o que me refiro— murmura nas entrelinhas, observando ao redor para se certificar que a Laurel não esteja ouvindo a escondida.
— Ah, Ryan— desânimo, fazendo bico frustrado nos lábios.— Você sabe que estou doente.— toco em seu braço. Ele fita o gesto e até tenta se esquivar, mas sou firme continuo segurando.— Posso ter poucos meses de vida, e talvez nem sobreviva.— jogo a dura realidade, com o olhar triste.— Não vamos ficar assim brigados e agindo como dois estranhos. Eu admito que errei, não era para eu ter dito aquelas coisas, mas eu estava de cabeça quente. Todo mundo erra.
— Se eu aceitar suas desculpas, te fará se sentir melhor, eu aceito, Natalie. — diz como se fosse uma obrigação me perdoar, mesmo ainda estando frio comigo.
— Quero mais do que isso.
Enfatizo e finalmente tomo coragem para expor os meus reais sentimentos. Estou cansada de esconder só para mim.
Ele ergue o cenho incrédulo ao questionar:
— O que você quer de verdade?
—Quero que você seja o meu homem e não somente o pai das minhas filhas. Por favor, vamos fazer isso dar certo, pelo menos estaremos tentando uma última vez. Não quero que você me abandone, Ryan, e nem me substitua por outra mulher. Porque perder você, será como perder um pedaço de mim. Temos nossas diferenças, mas quando tudo aperta sempre procuramos um ao outro. Eu acho que eu aprendi gostar de você e isso está me assustando, porque não estou sabendo lidar muito bem.
—O que significa?—seus olhos brilham ao questionar. Meu coração está acelerado, estou tão nervosa.
— Significa que estou me apaixonando por você, Ryan.
O beijo, jogando-me em seus braços.
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Atualizado até capítulo 66
Comments
Amanda
🤔🤔🤔🤔
2025-02-19
0
Shirley Fabrini
o Ryan é bacana eles tem que se entender
2024-03-16
0
Marah Lima
Nossa mãe.... esse dois brigam o tempo todo....por tudo. Bem na verdade ela....se queixa demais afff
2024-01-19
0