O Despertar da Verdade

No calor das noites de verão, onde as estrelas cintilavam como diamantes no céu escuro, Valentina, agora com 10 anos, ainda vivia na doce ilusão de que Elena era sua mãe. A mulher amorosa e dedicada tinha sido sua fonte de carinho, seu guia na jornada da infância. Entretanto, uma sombra de dúvida começou a se infiltrar em sua mente, como as nuvens que obscurecem o brilho da lua cheia.

Enquanto Rogerio continuava sua ausência, envolvido em seus negócios, Valentina começou a perceber que algo estava errado. Seus olhos perspicazes notaram os olhares furtivos, as conversas que paravam abruptamente quando ela entrava na sala. Uma sensação de desconforto pairava no ar, como uma tempestade prestes a se desencadear.

Um dia, enquanto brincava nos corredores da mansão, Valentina ouviu vozes abafadas vindo do escritório de seu pai. Curiosa e preocupada, ela se aproximou, suas pequenas mãos pressionadas contra a porta entreaberta.

"Diga-me, Elena," a voz de Rogerio era pesada com tristeza e pesar, "como podemos esconder a verdade de Valentina para sempre? Ela merece saber sobre Maria, sua verdadeira mãe."

Elena, com lágrimas nos olhos, respondeu com voz tremula: "Eu só queria protegê-la, Rogerio. Proteger seu coração da dor que essa verdade poderia trazer."

A palavra 'verdade' ecoou nos ouvidos de Valentina como um trovão estrondoso. Seus olhos se encheram de lágrimas enquanto a realização cruel se infiltrava em sua alma. A mulher que ela sempre acreditou ser sua mãe não era de fato sua mãe biológica. A sensação de traição a atingiu como um soco no estômago.

Em um acesso de angústia, Valentina gritou, rasgando o ar com sua dor. Correu pelas escadas, seu coração pulsando em seu peito como um tambor frenético. Chegando ao seu quarto, ela se trancou lá dentro, querendo fugir do mundo que acabara de desmoronar ao seu redor.

Lágrimas quentes e amargas escorriam por seu rosto enquanto ela soluçava, sentindo-se perdida e traída. Elena, com uma chave reserva em mãos, entrou no quarto, seu rosto expressando uma tristeza profunda.

"Valentina," ela começou com voz suave, sua mão estendida para acalmar a menina, "eu entendo que você esteja magoada. Mas, por favor, saiba que eu sempre te amei como minha própria filha."

A menina olhou para Elena, seus olhos cheios de raiva e tristeza. "Você mentiu para mim, Elena. Todos vocês mentiram. Eu nunca mais vou confiar em nenhum de vocês novamente."

A relação entre Valentina, Rogerio e Elena, que um dia foi tão calorosa e segura, agora estava repleta de rachaduras profundas e cicatrizes emocionais. Enquanto a verdade se infiltrava em suas vidas, eles enfrentaram a difícil jornada de reconstruir laços quebrados, sabendo que o caminho à frente seria árduo e cheio de desafios. E assim, naquela noite de revelações e lágrimas, uma nova fase na vida de Valentina começou, marcada pela dor da traição, mas também pela força que viria da aceitação e da capacidade de perdoar.

Mas era fato, que Valentina nunca iria deixar de amar sua ama de leite " Elena", pois ela deu sua vida e seu tempo, para cuidar de uma criança, que não era sua.