capítulo 10

Capítulo 31

Oscar, solitário e incomodado com a solidão, observou o céu. Percebeu uma mudança em si mesmo. Antes, preenchia seu vazio com álcool e cigarros enquanto desperdiçava horas olhando o nada. Hoje, o vazio era insuportável, e ele olhava com indignação para os zumbis que se aproximavam dos muros.

Enquanto isso, Ana corria pelos corredores com a respiração ofegante. Não era um de seus ataques de pânico, nem a adrenalina de ter feito algo errado. Era algo diferente, algo que a impelia a seguir em frente.

Nessa mesma noite, Oscar caiu no sono após tomar os remédios que Ana lhe deu. Enquanto dormia, foi envolvido por uma série de sonhos confusos. Suas memórias do passado e de sua noiva, Camila, pareciam estar distantes e emaranhadas, como se o tempo as tivesse transformado em fragmentos difíceis de compreender. A noite trouxe consigo uma mistura de nostalgia e inquietação, deixando Oscar com sentimentos turbulentos ao acordar no dia seguinte. quando tudo ao seu redor estava em caos.

Sonhos 32

"Vem brincar comigo, Ana," uma voz infantil chamou.

"Vem, maninha, vem brincar comigo!"

Num sopro, Ana acordou com aquela doce lembrança do seu querido irmão. Era a primeira vez que sonhava com ele sem ser um pesadelo.

"Ana, teve outro pesadelo?" ela perguntou.

"Não, não desta vez."

"Lembra quando era verão e fazia muito calor, e vovó deixou a gente brincar no quintal com a mangueira?"

"Há lembranças boas, são as únicas que restaram!"

"Não fala isso, nós temos um ao outro aqui, juntinhos."

"Haa, com tudo o que aconteceu, nem pude trazer uma foto dele."

"Foi melhor assim, mãe."

Silêncio na mesa!

Enquanto todos na mesa se calavam, Ana lembrou que na sala de sua casa havia uma última foto tirada de seu irmão. Ela chegou a pensar que poderia buscá-la, mas só se sentia segura se soubesse se defender. Ela reconheceu que era habilidosa em ajudar na enfermaria, mas além disso, poderia ser apenas um estorvo em um mundo tão perigoso como aquele. A determinação cresceu dentro dela, e ela decidiu que era hora de aprender a se proteger, não apenas para si mesma, mas também para preservar as lembranças preciosas que tinha de seu irmão.

O dilema de Ana era real: ela estava constantemente ocupada na enfermaria, cuidando dos outros sobreviventes. Encontrar tempo para aprender a se proteger parecia impossível. No entanto, ela sabia que precisava encontrar uma solução. Talvez pudesse pedir ajuda a alguém que já tivesse experiência em defesa pessoal ou procurar por momentos breves de treinamento durante suas pausas na enfermaria. A necessidade de aprender a se proteger se tornou mais urgente a cada dia, e Ana estava determinada a encontrar uma maneira de conciliar suas responsabilidades na enfermaria com sua necessidade de autodefesa.

Caminhando pelo prédio que agora era o lar onde todos lutavam para sobreviver mais um dia, Ana lembrou das aulas de tiro oferecidas para aqueles que demonstraram interesse. No entanto, seu pedido foi negado. Era um fato que munição era um recurso precioso, e ela não podia desperdiçá-la. Sua responsabilidade na enfermaria era inestimável, e, por mais que desejasse aprender a se defender, sabia que sua utilidade ali era crucial para a sobrevivência de todos. Assim, Ana continuou a cuidar dos feridos, enquanto a necessidade de autodefesa permanecia como um desejo não realizado nos cantos de sua mente

Capítulo 33: O Sol Radiante

Oscar acordou na varanda totalmente desorientado e com uma terrível dor de cabeça. Sentindo-se como se quisesse morrer, ele gritou:

"Haaaa, puta merda, caralho de ressaca."

Enquanto se levantava para lavar o rosto, tentou lembrar do dia anterior, mas estava muito dolorido. Ao se encarar no espelho, as lembranças do pequeno atrito que teve e da consideração de Ana vieram à tona. Ele deu um tapa no próprio rosto para se concentrar e, ao calçar suas botas, tentou desesperadamente pensar em qualquer coisa, menos em seu sonho com Camila e, especialmente, menos em Ana, já que parecia claro que ela apenas se sentia grata por ele tê-la salvado. A vida após o apocalipse continuava a ser uma montanha-russa de emoções e desafios para Oscar.

Afinal, nem todo soldado está preparado para lutar contra um inimigo invisível, ou pior ainda, suas próprias lembranças. Oscar ansiava, de alguma forma, por estar em um campo de batalha, com dinamites, tiros, morte e tudo o que faz parte disso, pois isso ele sabia lidar. Porém, estar constantemente forçado a se olhar no espelho e confrontar a si mesmo já era um desafio em si. Agora, lidar com pessoas em meio ao caos era um desafio ainda maior. O peso emocional desse novo mundo pós-apocalíptico estava se tornando quase insuportável para ele.

Descendo as escadas, hoje era Oscar quem daria aula, já que não pretendia sair para fora nem lidar com pessoas novas, uma vez que sempre acabava se envolvendo em brigas ou algo do tipo.

Ao lado dele, estava Sergio, um homem com traços ocidentais, repleto de cicatrizes e um olhar frio,

Sergio cumprimentou Oscar sarcasticamente. "Acho que o boné realmente combina com você."

Oscar respondeu, com igual sarcasmo, "Tudo combina comigo, diferente de você."

Sergio continuou, "Teve visita ontem?"

Oscar suspirou, "Claro, acho que um amigo zumbi me reconheceu e quis me chamar para um jantar, mas recusei. Já não curto cérebros."

"Hum... A garota levou os remédios?"

Oscar respondeu, "Há, a enfermeira? Sim, ela me deu uma pequena bolsa com alguns remédios e ataduras."

Sergio provocou, "Não sabia que gostasse de garotas dessa idade."

Oscar respondeu friamente, "Não gosto. Foi apenas um favor."

Sergio concluiu com um aviso sinistro, "Sei. O negócio é que é bem difícil alguém gostar de você. Se achar alguém que se importa, cuidado para não deixá-la morrer."

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