A Verdade Em Meu Peito

"Eu quero que você se torne a minha companheira, Zoe", ele deu um gole de sua bebida, olhando-a nos olhos com intensidade. "Sei que isso soa estranho, mas é a verdade. Eu sinto algo por você que nunca senti por ninguém."

Zoe o interrompeu antes que ele pudesse continuar o que estava dizendo, sentindo uma mistura de raiva e incredulidade.

"Isso é por causa de Mika? Você se sente culpado pelo que disse antes, e agora vem atrás de mim como uma segunda opção?", Zoe perguntou irritada, cruzando os braços sobre o peito.

"NÃO!", ele disse nervoso, batendo a mão na mesa. "Eu não quero saber dessa mulher, eu só quero que você entenda. Não consegue entender o que eu passei quando você esteve longe!", ele falou com a voz falha, lembrando-se da dor que sentiu.

Zoe estava confusa, ela não entendeu o que ele quis dizer com ela estar fora. Ele realmente sentiu algo enquanto ela estava fora?

"O que você quer dizer com isso? Eu só saí por duas semanas, não é como se eu tivesse desaparecido, afinal estou ligada a sua família queira eu ou não", Zoe disse, tentando manter a calma.

"Duas semanas foram suficientes para eu perceber, tudo o que venho sentindo", Alaric disse, se aproximando dela e segurando sua mão. "Eu odeio o sentimento de estar vazio, incompleto... Isso se repetiu quando eu te mandei para a matilha do Leste... Por favor, não me faça repetir as mesmas palavras", Alaric disse, sabendo que estava ferindo seu orgulho ao se declarar assim e dizer como se sentiu incapaz por ter Zoe longe.

"Você ficou louco, não é? Era isso que você queria me dizer?", Ela ainda não conseguia acreditar no que ele tinha dito. Zoe tocou a marca em seu pescoço, a prova de que ele a tinha mordido. "Não se atreva a mentir para mim de novo!", ela tentou se levantar mas se sentiu tonta.

Zoe estava sentindo o efeito da marca, apesar de Alaric ter a marcado, Zoe não havia feito o mesmo em Alaric.

Quando um lobo tem o objetivo de tornar outro de sua espécie, seu companheiro(a), ambos têm a necessidade de marcarem um ao outro, quando apenas um dos lobos é marcado, a força vital do lobo marcado se esvazia, em alguns casos até a morte cujo o lobo ao qual foi marcado. A necessidade de ambos lobos se marcarem é para que a conexão de ambos estejam ligados, compartilhando da mesma energia vital. Por esse motivo a mordida precisa ser decidida com cautela, pois é algo para vida toda.

"Zoe! Você está bem?", ele perguntou, a segurando pelos ombros quando ela tropeçou e quase caiu no chão da cafeteria.

"Me sinto tonta, e fraca", ela disse com dificuldade, sentindo uma dor aguda no local onde havia sua marca.

"Me diga o que está acontecendo? Me diga a verdade, Zoe. Você foi marcada por algum outro lobo?", ele perguntou baixo, olhando em volta para ver se alguém estava prestando atenção neles.

"Me leve para a sala", ela disse desmaiando, sem conseguir responder à pergunta dele.

Alaric, a pegou nos braços e a levou até a sala privada na cafeteria, a mesma onde ele fazia reuniões secretas com alfas de outras matilhas. Ele colocou Zoe sobre uma poltrona, e esperou que ela acordasse. Ele tocou na marca de mordida que havia em seu pescoço, e sentiu um ciúme feroz. Quem era o outro lobo que tinha marcado a sua companheira?

"Estou com fome...", Zoe disse acordando, sentindo um vazio em seu estômago.

"Você está bem", ele suspirou de alívio, vendo que o apetite de Zoe voltou depois de passar horas inconsciente. "Vai me dizer a verdade agora? Quem a marcou?"

Zoe percebeu que enquanto ela estava desmaiada, Alaric descobriu a marca em seu pescoço, um sinal de que ela havia sido mordida por um lobo. Ela o encarou com seus olhos cinza e então falou.

"Que tipo de lobo não reconhece a sua própria mordida?", ela disse fraca, sentindo uma pontada de dor na região.

Alaric sentiu uma onda de choque percorrer seu corpo, ele estava surpreso com o que Zoe havia acabado de falar. Foi ele quem havia a marcado? Mesmo ele sem se lembrar de nada.

"Quando foi isso?", ele perguntou nervoso, tentando recuperar sua memória.

"Ontem, você estava bêbado...", Zoe explicou, lembrando-se da noite anterior.

"Então eu a forcei a isso?", ele estava envergonhado de sua própria atitude, ele havia violado uma das leis mais sagradas dos lobos.

"Não se culpe, eu poderia ter evitado se quisesse, não sou fraca para impedir daquilo, só não achei que havia necessidade de usar a força com você naquele estado", Zoe disse se ajeitando na poltrona, tentando parecer indiferente.

"Me perdoa, eu quebrei minha promessa...", ele disse com um tom de tristeza, lembrando-se de que havia jurado nunca marcar ninguém sem consentimento.

"Tudo bem, eu o forcei a prometer o que não queria", Zoe disse o perdoando, sabendo que ele não tinha culpa pelo que aconteceu.

"Zoe, você sabe o que precisa fazer agora que foi marcada, não sabe?", Alaric esperou por sua resposta, olhando-a nos olhos.

Zoe balançou a cabeça concordando, ela sabia que se não fizesse aquilo, a única prejudicada seria ela mesma. Ela teria que marcar Alaric também, para completar o vínculo entre eles.

Alaric desabotoou sua camisa social branca, e deixou o lado esquerdo do seu pescoço à mostra. Ela nunca havia notado que havia uma tatuagem de lua em seu braço.

"Tudo bem, uma mordida não pode me machucar... Só não me imaginar como um lanche e eu ficarei bem", ele brincou com o fato de que Zoe comia bastante.

Zoe recuou por um momento, ela não queria fazer aquilo, não daquele jeito, mas era necessário. Ela se aproximou dele e mostrou seus caninos pontudos. Ela mordeu o pescoço de Alaric com delicadeza, deixando em fim sua marca nele. Fazendo dele da mesma forma, o seu companheiro.

Quando a mordida foi feita, o sangue que uma vez caía parou, e uma cicatriz de mordida selou no pescoço de ambos. Eles haviam iniciado o ritual da marca de companheiros dos lobos (...)

Alaric pegou Zoe em seus braços e a levou de volta à sua mansão. Ele a deixou repousando em seu quarto e foi até o quarto de sua mãe, onde ela estaria lendo um livro. Ele precisava contar a ela sobre Zoe e sobre o que havia acontecido.

Quando Zoe recobrou suas forças, ela foi até o jardim, onde as flores exalavam um perfume doce e suave. Alaric surgiu em seguida, ele caminhava mansamente até ela, com um sorriso enigmático nos lábios. Ele parou ao seu lado e falou:

"Você não respondeu minha pergunta de hoje mais cedo", ele olhava para o imenso jardim, que parecia um cenário de conto de fadas.

"Eu não sei como essas coisas funcionam, mas você está mesmo dizendo a verdade?", Zoe perguntou virando seu rosto para o observá-lo. Ela notou que seus olhos tinham um brilho intenso, como se guardassem algo em seus olhos.

"Você melhor do que ninguém, sabe que eu não mentiria", ele disse virando seu rosto, fazendo seus olhos se encontrarem. Ele segurou sua mão delicadamente e continuou: "Duas luas novas, e só disso que preciso para provar a você"

"Vou acreditar mais uma vez no que está me dizendo Alaric Blackwood, não minta para mim, nem traia minha confiança", Zoe disse com firmeza, mas sem raiva. Ela sentia uma mistura de medo e esperança em seu peito. "Eu prometo a você que se essa for uma das suas mentiras, que eu mesmo vou cravar minhas garras em seu coração e arranca-lo, para que nunca mais possa amar alguém de verdade", ela completou, olhando em seus olhos com determinação.

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