avemaria

ALÉM DAS APARÊNCIAS

Estêvão estava no seu quarto, sozinho, com a cabeça deitada no travesseiro enquanto chorava. A sua mulher estava desaparecida há dias. A polícia lhe disse para se acalmar e ficar em casa, que eles o atualizariam sobre as investigações. Estêvão olha para uma foto sua abraçado à sua mulher e desabafa: "Queria tanto sentir o seu abraço, o seu carinho, sem você presente, é como se faltasse parte de mim!".

Ele cai no sono até que escuta batidas vindas do seu guarda-roupa, como se alguém estivesse dando socos na porta por dentro. Um frio na espinha toma conta do seu corpo. Estêvão se levanta devagar da cama e fala: "Quem tá aí?". Ele se aproxima do guarda-roupa e encosta a cabeça. Estêvão na ponta dos pés vai até o interruptor e liga a luz do quarto, volta à porta do guarda-roupa e a abre de uma vez. Com os olhos arregalados ele suspira aliviado, aparentemente não há nada no guarda-roupa além de roupas.

"Estou delirando, só pode!", diz ele enquanto retorna pra cama. Deitado Estêvão escuta um grito vindo da sua sala, e abre os olhos, ele sabia de quem era aquela voz, era da sua mulher. "Amor, vc está aqui?". Estêvão se ergue e vai andando lentamente em direção à sala. Olha em volta, não há ninguém, então vira às costas pra retornar ao seu quarto quando escuta um cochicho "Sim, eu voltei, era o que vc queria, não era?". Estêvão sentiu um frio na barriga e correu de volta a sua cama. Se cobriu da cabeça aos pés enquanto escutava passos se aproximando.

Ele escutou uma voz que cochichava chegar cada vez mais perto. Ele não conseguia identificar o que dizia. Até que um silêncio tomou conta do quarto. Foi uquando Estêvão sentiu socos, vindos debaixo da sua cama e uma voz rouca que gritava em meio à escuridão: "Escreva, escreva, escreva!". Ele se levantou com escuro, abriu a porta e correu, passou pela sala, chegou à cozinha, viu o banheiro, entrou e se trancou. "Amor eu te amo! Por que está fazendo isso comigo?!".

Em meio à escuridão do banheiro Estêvão gritou ao sentir unhas cortantes penetrarem o seu braço. Ele abriu a porta e ao ligar a luz da cozinha notou os cortes e o sangue escorrendo. Ele avistou o vulto da sua mulher que com o dedo na boca disse: "Xiiiiii, siga-me!". Estêvão de olhos arregalados foi atrás dela. Sua mulher apontou o dedo para a mesinha de vidro que ficava na sala. Em cima estava um papel e uma caneta. A mulher em um cochicho que ecoava disse: "Escreva, escreva, escreva!" e desapareceu.

Estêvão gritou: "O que quer que eu escreva, caramba?!". Um silêncio ficou presente enquanto ele aguardava uma resposta, até que todas as luzes da casa se apagaram. O coração dele se acelerou, como se estivesse esperando pelo pior. "Nã-não, por favor não!!!", gritou Estêvão enquanto sentia unhas grandes e afiadas como facas penetrarem a sua pele. "Sim, sim, eu escrevo!", gritou ele com lágrimas nos olhos. As luzes se acenderam, Estêvão olha pro seu corpo e percebe que está todo ensanguentado. Ele se senta no sofá, pega a caneta e papel à sua frente e começa a escrever.

Dias depois a polícia tenta ligar algumas vezes para Estêvão, que não atende às ligações. Eles decidem ir à sua casa, o chamam, mas Estêvão não responde. Percebem um forte cheiro de carne podre, daí arrombam a porta. Os policiais entram na casa e ao chegar na sala a veem encharcada por sangue, que já tá escuro. Observam um homem deitado no sofá. "É o Estêvão, ele está em estado de decomposição!". Olham para a mesinha de vidro e notam que há um papel escrito à mão:

"Eu sempre me achei um marido dedicado, que amava à esposa. Um dia cheguei tarde em casa e ela estava brava. Ela tinha arrumado as coisas e disse que ia me deixar, que queria a separação. Ela havia descoberto que eu tinha uma amante. Eu supliquei ela pra não ir embora, ela ignorou minhas palavras. Eu a amava tanto, não podia permitir que ela fosse embora, por isso a puxei e bati forte com a sua cabeça contra a parede. Ela morreu. Daí enterrei o seu corpo no meu quintal, assim eu a teria sempre por perto. E desde então finjo que ela desapareceu. Não queria ir preso, não queria me afastar do lugar onde ela está enterrada. Até que... ela veio me buscar!".

O chefe da polícia olhando para o papel disse: "Justiça foi feita! Que sua mulher agora descanse em paz!". Fim.

Autor: Joabe Campos

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