Ultraje

 — O que acontece quando se torna companheira de um lobo? (Ágata pergunta, curiosa.)

— Nael irá te marcar e transformar-te no processo... Assim você também terá a sua loba! (Ele diz, com normalidade.)

— Deve doer horrores! Imagine só, se darei o meu lindo pescoço pra vocês marcarem, e se não der certo irei vagar eternamente sozinha e marcada! (Ela responde, cobrindo o pescoço com as tranças.)

— Não existe essa opção, não é como os humanos, o amor entre lobos é único, verdadeiro e eterno! Se você me rejeitar, talvez nem sobreviva... (Ele diz, ainda com normalidade.)

— Preciso ir pra casa, depois conversamos. Irei pensar numa boa desculpa para dar aos meus pais! (Ela diz, já pensando nas coisas que irá ouvir.)

— Deixe que eu a levo! (Alex diz, já se levantando.)

— Acho que um cara pelado na minha porta não vai resolver o meu problema, Alex! (Ela diz, rindo.)

— Concordo! (Ele diz, rindo e cobrindo suas partes.)

— Chama o Docinho, quero falar com ele! (Ela diz, com as mãos esticadas como se pedisse um abraço.)

— Ele tá lhe ouvindo! (Ele diz, partindo em direção ao abraço de Ágata, que lhe é negado.)

— Para de bobeira, chama logo! (Ela diz, em reprovação, escutando o choramingar manhoso de Alex.)

 Alex dá passagem para Nael, que por sua vez, estava feliz demais; amava os afagos da sua amada.

— Tenho que ir Docinho, até mais! (Ela diz, depositando um beijo casto no focinho de Nael; que choraminga manhoso.)

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— Isso são horas de chegar em casa, irresponsável! (Natália grita, da cozinha.)

— Você não cansa de nos envergonhar? Imagine o que os vizinhos irão dizer? (Bernardo grita da sala.)

— Bom dia, pra vocês também! (Ágata diz, subindo pro quarto.)

— Com quem passou a noite? (Bernardo diz, segurando no braço de Ágata.)

— Me solta pai! Não passei noite com ninguém... (Ágata diz, tentando se soltar das mãos do seu pai.)

— E essa roupa de macho? Não é minha! Tem até o cheiro do delinquente, e pelo visto foi no mato, como uma cadela no cio! Veja Natália, a sua filha, com folhas, arranhões e galhos por todo o corpo! (Bernardo diz, arrastando Ágata pelo braço até a cozinha, e a jogando no chão.)

— Que nojo! Que vergonha, meu Deus! O que irão dizer de nós?! (Natália diz, pasma.)

— Eu vou fazer o que eu já deveria ter feito há muitos anos! (Bernardo diz, arrastando Ágata pelos cabelos até o quarto, onde lhe agride com o fio de uma extensão, deixando-a caída lá mesmo.)

— A partir de hoje você não vai mais sair! (Bernardo diz, trancando a porta e levando a chave.)

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 Alex chegou em casa e foi direto para o banho, e enquanto sentia a água escorrer por seu corpo, Nael se agitou.

* O que foi Nael?*

* Ela precisa de nós!*

*Nós acabamos de deixá-la em casa!*

*Ela precisa de nós!*

 Alex saiu do banho, se vestiu e foi até o seu carro, dirigindo até a casa de Bernardo. Bateu na porta esperando ser atendido.

— Bom dia, Alex! (Natália diz, com um sorriso no rosto.)

— Bom dia, Natália, Bernardo está? (Alex pergunta, mas queria mesmo era saber de Ágata.)

— Está no quarto, entre, irei chamá-lo! (Natália diz, subindo as escadas.)

 Enquanto aguardava, ele tentava farejar o cheiro da sua pequena, e ela estava alí, mas junto, sentia o cheiro do seu sangue, o que o deixou inquieto.

— Bom dia, Sr. Ao que devo a honra da sua visita? (Bernardo diz, descendo a escada, arrumando sua roupa.)

— Na verdade, eu queria falar com a Ágata, ela pediu-me um livro ontem, então vim trazê-lo! (Alex diz, ansioso para constatar a integridade física de Ágata.)

— Pode entregar-me, eu entrego! (Bernardo diz, com um falso sorriso no rosto.)

— Desculpa Bernardo, mas eu prefiro entregar nas mãos da própria! (Alex diz, se segurando muito para não matá-lo alí mesmo, pois havia lido os pensamentos animalescos de Bernardo.)

— Claro, já volto! (Bernardo diz, desmanchando o sorriso do rosto, e indo até o quarto.)

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— Ágata, Alex está aí, quer lhe entregar algo! Levanta desse chão, veste uma roupa composta, um sorriso no rosto e desce imediatamente! (Bernardo diz, sem olhar para a filha.)

 Ágata nada responde, levanta com dificuldade, veste um vestido que lhe cobria todo o corpo, e desce.

— Bom dia, Alex! (Ágata diz, sem olhar nos olhos dele.)

- Bom dia Ágata, pode vir comigo até o carro, buscar seu livro? (Ele pergunta, com pesar na voz, e ódio no coração.)

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