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**“LINHA 7 RUBI DA CPTM”**

Poucos lugares possuem mais histórias e mistérios que as estações de Trem da São Paulo Railway Company (1867), hoje CPTM. Uma delas, é a Estação Vila Clarice/Pirituba, inaugurada no dia 1 de setembro de 1955.

Agora estamos no ano de 2014 e Adriano Maurílio Malta, de 19 anos de idade, está radiante de alegria chegando ao terminal de passageiros da Estação de Vila Clarice.

Ele é portador um uma condição Psíquica “Especial”, mas é muito esforçado e inteligente, estuda no Curso de Administração de Empresas de uma Faculdade na Lapa e acaba de conseguir um emprego nas tradicionais lojas Americanas da Rua 12 de Outubro.

Empolgado, ele desce as escadarias da Estação às 6h00 da manhã, atravessa a Rampa e cumprimenta sorrindo, o Guarda e a Moça que está na bilheteria.

Ele vai até a ponta da Plataforma, quer ir no primeiro dia de seu emprego, no primeiro vagão, onde encontra um homem idoso na ponta, olhando para a mata que cerca a estação.

Adriano se aproxima e diz:

Bom dia senhor! Eu me chamo Adriano e hoje é meu primeiro dia de trabalho e estou maravilhado com a beleza desta estação, a mata, a construção, esses bancos, a rampa de ferro, que coisa linda não? Faz tempo que senhor toma trens aqui?

O Senhor assim responde:

- Buongiorno mio caro Giovane, mi chiamo Ítalo Lamarquetti, lavoro in fabbrica Martins Ferreira & Cia (1914), na Lapa de baixo, sou um Mestre Ferreiro e lá fazemos os pés desses bancos que você está vendo. Há muito tempo eu pego o trem aqui para trabalhar, jamais chego atrasado e nunca faltei a um dia de trabalho!

Adriano – Uauu! Mas que legal senhor Ítalo, eu vou trabalhar nas Lojas Americanas da Lapa, faço faculdade de Administração de Empresas e adoro saber a História das Empresas! Senhor pode me contar mais?

Ítalo – Sim, eu vim da Itália durante a grande imigração e fui trabalhar lá, assim que cheguei ao Brasil. A origem da Fábrica remonta ao final do século XIX, ela foi fundada pelo senhor Augusto Martins Ferreira, seus galpões estão na Rua William Speers, fabricamos pregos, fios, panelas e ferraduras para cavalos e muitos outros utensílios em ferro, é uma das maiores fábricas da Lapa!

Adriano – Poxa que incrível senhor Ítalo, é bem perto de meu emprego, na hora do meu almoço irei lá para conhecer, basta apenas eu atravessar a estação Lapa para o lado da Lapa de baixo. Me diga, qual o produto mais incrível que senhor já fabricou?

Ítalo – Vá sim meu jovem, o prédio é gigantesco e tem mais de 100 anos, você vai gostar muito. De que me lembro, o produto mais interessante que fiz foram capacetes para as Tropas Paulistas durante a Revolução Constitucionalista!

Momento em que o trem chega, o terminal já está cheio, Adriano embarca e não vê mais o senhor Ítalo.

Na hora de seu almoço, Adriano vai até Rua William Speers, altura do nº 1222, encontra os Galpões da Fábrica Martins Ferreira, mas estranha o estado de abandono dos prédios e observa num deles um tipo de estacionamento para automóveis, de onde vem saindo um homem, usando terno e gravata e então ele Pergunta:

Adriano – Boa tarde Senhor, tudo bem? Poderia me informar se é aqui que funciona a Fábrica da Martins Ferreira?

O Homem assim responde:

- Boa tarde! Sim, aqui por décadas funcionou a Metalúrgica Martins Ferreira até meados dos anos 80, foi adquirida em 1994 pela Editora TRÊS, empresa onde sou Gerente de Edição, atualmente usamos estes prédios como depósitos e estacionamento, por que pergunta?

Adriano – Engraçado! Eu conheci essa manhã, um senhor Italiano de nome Ítalo que me disse que trabalha aqui e que fez Capacetes para as Tropas Paulistas, durante a Revolução Constitucionalista.

Gerente – Isso é verdade, já li sobre esse assunto e realmente a Martins Ferreira Fabricou Capacetes para as Tropas Paulistas durante a Revolução de 1932 e muitos imigrantes Italianos vieram trabalhar aqui, desde o começo do século XX. Todavia, creio que senhor Ítalo já tenha se aposentado há algum tempo, não? Do contrário, era teria mais de 90 anos!

Meio confuso, Adriano agradece o Gerente da Editora TRÊS e volta ao expediente de trabalho do outro lado da Estação, nas Lojas Americanas.

Desse dia em diante, Adriano passou a entender melhor sua condição “Especial”, mas pelo sim ou pelo não, passou a tomar o trem todas manhãs, do outro lado da Plataforma de Embarque da Estação de Vila Clarice!