Capítulo 15. Acordo

Janice pensou em tudo que lhe foi dito e aceitou a sua situação, embora continuasse revoltada com tudo que lhe fizeram, contrário a sua vontade. Era tão injusto, ser usada à revelia de sua vontade e ter toda sua vida transformada, sem direito a reverter tudo e não poder viver sua vida normalmente como uma humana.

— Sabe, Toshiro, você nunca irá compreender como eu me sinto, você é um ser egoísta e egocêntrico. Duvido muito qie tenha me levado para seu mundo, para salvá-lo, sua preocupação era só consigo mesmo, já que não tem sentimentos.

— Você me fez tê-los, agora compreendo muito melhor as coisas e sofro por você.

— Sofre por si, por sentir minha falta. Mas eu compreendo tudo o que fez comigo, não gosto e nem justifico seus atos, mas entendo que minha vida mudou para sempre e não vou espernear por causa disso.

— Que bom, te agradeço por isso.

Ela rangeu os dentes, apertando os punhos, com vontade de socar aquele rosto bonito. Respirou fundo várias vezes, até conseguir relaxar, para propor o trato que queria com ele.

— Eu não tenho escolha, preciso ficar aqui e deixar você cuidar de mim, mas quero pedir algumas coisas.

— Tudo o que quiere, que não prejudique você ou nós.

— Então, a primeira coisa é que quero meu tempo livre, livre de você.

— Como assim? Não podemos ficar separados, preciso de você.

— É disso que estou falando, é só o que você precisa, só você.

Ele se levantou, andou pelo quarto, alisando seus lindos cabelos lisos e longos.

— Eu fiquei sozinho por muitos séculos e não tinha nexo pensar além de mim não estou acostumado a decidir as coisas pensando em outra pessoa. Agora, estou aprendendo.

— Entendi, então vou te conceder alguns momentos, para te ensinar. Quero que fique claro que não serei seu brinquedinho de prazer, você terá que me conquistar, se quiser ter companhia pelos próximos séculos.

— Você é má, minha companheira, mas confio em você e te amo, mesmo que não acredite. Farei o que quiser, qualquer coisa que não seja ficar sem você.

— Ái! — gritou ela, com dor.

Ele correu até ela, segurou-a nos braços e perguntou:

— O que foi, meu amor, o que foi?

— Não sei, não é muito cedo para ele estar chutando tão forte? — perguntou ela, segurando a barriga.

— Não sei, nunca vi isso acontecer. Geralmente, as vampiras que conseguem engravidar, ficam nesse estado por varios meses humanos, mais rapido um pouco, em nosso mundo, mas é uma gestação difícil.

— Mas eu ainda não sou uma vampira, como funciona, então?

— É uma total novidade, mas o servo acha que é rápido, devido ao tamanho de sua barriga. Ele acha que está crescendo muito rápido.

— Não conhece uma médica que venha em casa e faça um ultrassom?

— Vou ver com servo, mas precisamos dormir, primeiro. Já é dia. Está com fome?

— Sinto uma sede estranha, não é fome, é mais uma necessidade.

— Tá bem, deite-se.

— O que você vai fazer?

— Vamos dormir, estará melhor quando acordar, prometo que atenderei seu pedido. Agora relaxe.

Ela deitou e ele apagou a pouca luz que ainda iluminava o quarto. Deitou-se ao lado dela, puxou-a para si, cortou o próprio peito com sua unha afiada e a induziu a beber. Ela sequer percebeu que estava bebendo seu sangue e logo que parou, sem se dar conta, lambeu a ferida, que fechou e dormiu.

Aquele ato não passou despercebido a Toshiro, que considerou sua mudança bem adiantada e talvez fosse efeito do sangue do bebe. Ajeitou-se para dormir, enviou uma mensagem à mente dela, para que não acordasse antes dele e fugisse novamente. Também pediu, mentalmente, ao servo que encontrasse um médico que fizesse ultrassom em Janice.

Ao acordarem, ele alimentou-a novamente e depois de se arrumarem, saíram do quarto. Servo levou-a até um dos quartos de cima e pediu que esperasse o médico que estava chegando.

Toshiro foi a ala dos funcionários, se alimentou das mulheres e foi esperar o médico junto com Janice, que estava ansiosa.

Servo recebeu a médica, que ficou impressionada com a beleza do mordomo.

— Boa noite, doutora Brian, não esperava uma mulher. — cumprimentou servo, sorrindo com seu rosto falso.

— Muitos confundem, por causa do nome masculino. Foi uma excentricidade do meu pai. 

— Venha por aqui, a paciente espera-a em um dos quartos.

Quando a doutora entrou no quarto e viu Toshiro, ficou paralisada por sua beleza e só despertou quando Janice a chamou:

— Ei, esse aí é meu! — até mesmo ela estranhou sua posse.

Toshiro abriu um largo sorriso, feliz por Janice o reivindicar.

— Eu sou Toshiro, o pai e essa é Janive, a mãe. É ela quem precisa de sua atenção, doutora.

— Sim, boa noite. Eu sou a doutora Brian. Deite-se, senhora e abra a blusa.

A doutora examinou os batimentos cardíacos, verificou temperatura e pressão, apalpou as mamas e preparou seu ventre para o exame. Passou o gel e ligou o aparelho, iniciando o exame. Puderam ouvir o batimento rápido do feto e viram a imagem na tela, que era menor que o normal, por ser um aparelho portátil.

— Aqui está ele, está com 20 semanas e é um menino. Seu peso está bom, daqui para frente deve engordar mais, pois já está formado.

— Tudo isso, doutora? — perguntou Janice, não acreditando que o bebê já estava com tanto tempo.

— Sim, não fez nenhum exame antes?

— Não, estive no hospital,por causa do mau estar, mas ninguém desconfiou de uma gestação.

— Quando foi isso?

— O importante é que ele está bem e quanto a minha mulher, ela está bem? — interferiu Toshiro, para não levantar as suspeitas na doutora.

— Sim, vou passar umas vitaminas e aconselho uma visita por mês ao pré natal.

— Obrigada, doutora. — agradeceu Janice. 

Servo levou a doutora até a porta e se encontrou com o casal, na cozinha. Uma xícara de chá foi posta a frente de Janice, que bebeu, agradecida.

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