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DIGA-ME A VERDADE

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NICOLE SALAZAR

Somos recebidos por Cida, ela trabalha a anos aqui.

- Menina Nicole, a quanto tempo.

- Oi Cida, o meu pai está?

- Está sim.

Ela cumprimenta Henrique que está atrás de mim. Evito apresentá-lo como meu marido. Entramos na casa, mudou algumas coisas na decoração. Já faz um ano que não venho aqui.

- NICOLE!

A voz do meu pai soa das escadas, ele desce. O semblante dele não mudou, continua severo.

- Pai.

- O que faz aqui Nicole? E quem é este?

- Pai esse é Henrique Salazar.

- Ah! O filho de Vicente. Cresceu bastante o vi quando era adolescente. O que fazem aqui?

Meu pai continua o mesmo.

- Pai, quero te perguntar uma coisa.

- Pergunte Nicole.

Meu pai cruza os braços, esse é o jeito dele dizer que está sem paciência.

- Pai, é verdade que terei que ficar casada com Henrique por três anos sem pedir divórcio?

Meu pai revira os olhos. Coloca as mãos no queixo.

- É por isso! Veio aqui para isso... aí minha filha você não mudou nada. Então, respondendo a sua pergunta, sim é verdade. Satisfeita?

Meu pai sempre foi frio comigo. Vivemos anos sobre o mesmo teto e ele sempre evitou se aproximar de mim.

- Pai... por que o senhor me odeia?

Meu pai olha para mim e vejo ressentimento no seu olhar.

- Você lembra-me ela, a sua mãe. Agora vá embora Nicole.

Meu pai vira e sobe as escadas. Fico ali parada tentando entender sua reação a mim e a informação que ele deu. Não faz sentido.

Ele sempre me rejeitou. Sempre me tratou com frieza e desprezo. Fiquei anos estudando em colégios internos, e quando ia passar os feriados, Natal e ano novo, ele me ignorava. Nunca recebi um abraço dele.

- Vamos Nicole. (fala Henrique despertando minha mente)

Sigo Henrique até o carro, no trajeto fico com a cabeça encostada no vidro do carro, vendo a paisagem. Tudo parecia passar lentamente, vejo pessoas, animais e lojas... tudo passando...

Queria que minha vida fosse menos complicada.

Henrique para novamente na mansão. Eu fico calada ainda com a cabeça encostada no vidro.

- Chegamos Nicole. (diz ele)

Fico sem me mexer.

- Eu queria não existir. (falo)

- Não diga isso.

- Quero voltar para casa, voltar para a inexistência. Você pode me ignorar por três anos depois pedir o divórcio. (falo exausta)

- Não posso Nicole.

Viro para olhá-lo.

- Por quê? Fez isso por um ano.

Ele alisa o meu queixo. Passa os dedos em meus lábios.

- Porque agora que tenho você e senti o seu sabor, não posso mentir e dizer que não a desejo.

Henrique se aproxima e beija-me.

Ele se afasta para me olhar e não sei como agir diante desse beijo. Deveria bater nele, gritar! Mas o homem já está em um lugar que será difícil de arrancar... droga! Estou apaixonada pelo meu marido.

***

Da janela a mãe de Henrique vê o carro em que esta o casal. Ela nutri um rancor imenso por Nicole.

"Se eu não fui feliz casando obrigada, essa sonsa também não será. Ela não é melhor que eu."

Eliana não gostou de Nicole já de cara e fixou a ideia de que irá separá-los. Pela primeira vez ela queria ter o controle de algo, e decidir sobre a vida do filho.

"Você vai sofrer muito nas minhas mãos Nicole."

Pensou Eliana.

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