09

HENRIQUE SALAZAR

Eu e Daniel fomos para o escritório da casa, ali trabalhamos um pouco. Tenho uma visita importante para fazer em dois dias na cidade vizinha. Repassei os últimos detalhes e fechamos o cronograma. Se eu conseguir esse contrato com os Alemães, meu pai ficará orgulhoso.

Depois que Daniel foi embora, busquei por Nicole. Tinha que resolver de uma vez por todas essa questão de Henrico e Henrique.

Encontrei Paula subindo as escadas.

- Paula viu Nicole?

- Sim, senhor. Ela está com o irmão no jardim.

- O irmão?

- Sim, chegou a pouco dizendo que queria vê-la.

- Ok.

Fico um pouco desconfiado e vou até o jardim. A família de Nicole a abandonou, segundo disse-me Daniel. Chego lá e vejo Nicole chorando, enquanto o suposto irmão agarra o seu braço apertando com força. Uma onda de fúria subiu-me.

Ele não pode maltratar Nicole desse jeito.

- Me solta Carlos. (diz ela)

- Você vai conseguir o que eu quero Nicole. Não me interessa que você não tenha...

Cheguei perto deles e grito.

- LARGA O BRAÇO DELA.

O rapaz olha-me com deboche.

- Quem é você para se meter na conversa de família. (diz ele)

- Não se preocupe Henrico, eu cuido disso. (fala Nicole)

- Quem é esse Nicole? (diz o homem)

- Meu cunhado.

- Cunhado? Haha! Não tem a atenção do marido, mas tem o substituto.

- Cala a boca Carlos, vai embora. (diz ela)

- Consiga o que te pedi Nicole.

Fico furioso porque ele não larga o braço dela. Então o agarro pelo pescoço. Instantaneamente ele larga a Nicole.

- Olhe aqui seu monte de merda. Não encoste na Nicole de novo. Eu quebro a sua cara. Aqui nesta casa você não é bem-vindo. Fora daqui!

Comecei a empurrar o homem que caiu na grama. Chamo os seguranças.

- Tirem esse homem daqui.

Falo para os meus seguranças.

Ele grita.

- Não conseguiu agarrar o marido, mas deu pro cunhado. Gostou de comer a minha irmã?

Parti para cima do homem, Nicole começou a gritar.

- Não! Briguem! Por favor...

Travamos uma batalha de socos e chutes.

- Parem! Parem! Vão ficar olhando? Separem eles. (diz Nicole)

Meus segurança intervém, levam o irmão de Nicole embora.

Estou de costas olhando ele ir, quando me viro vejo Nicole chorando agachada no chão. Vou até ela.

- Nicole? Ele te machucou?

Ela não diz nada apenas me abraça chorando.

Meio relutante, abraço Nicole. Alguns minutos passam...

Levo Nicole para dentro da casa, vamos direto para o quarto dela. Ela senta na cama ainda fungando e com os olhos vermelhos pelo choro.

Ver Nicole assim me lembrou de Isabela, e da noite do nosso término. Ela chorou por horas abraçada a mim.

Olho para Nicole e a vejo limpar os resquícios de lágrimas.

- Ele é seu irmão?

- Sim.

- O que ele queria?

Nicole desvia o olhar.

- Dinheiro. Carlos é viciado em jogo e achou que eu poderia ajudá-lo a conseguir mais para jogar. Parece que meu pai bloqueou a conta dele.

- Ele precisa se tratar do vício. Ele te machucou.

Fico ajoelhado diante de Nicole.

Olho para o braço dela a onde ele apertou está roxo.

- Vai sarar logo. (diz ela)

- Sinto muito por isso Nicole. Eu proibi a entrada dele. E vou garantir que ele nunca mais te incomode.

- Obrigado Henrico. Eu só queria que minha família me amasse... eles veem-me como um objetivo de alcançar mais dinheiro.

- Família e complicado. Meu pai não é diferente.

- Será que eles não nos amam? Estranho um pai não desejar a felicidade dos seus filhos.

Ela fala com a voz embargada de tão frágil.

Essa não é a Nicole que conheço, a rebelde e desafiadora. Tenho que reverter essa situação.

- O dia está lindo. Quer sair para tomar sorvete?

Ela limpa as lágrimas. E olha-me meio desconfiada.

- Sorvete?

- Sim, aqui perto tem uma sorveteira. Podemos ir andando se quiser.

Ela abre um sorriso. O rosto vermelho todo vermelho. Cruza os braços e diz:

- O Henrico Salazar sendo gentil? Essa e nova!

Reviro os olhos .

- Vou retirar o convite. (falo levantando)

- Não fique bravo. Eu aceito.

- Então vamos.

Estendo a mão para ela, e Nicole a pega. A puxo para que ande.

- Não gosto de chocolate. (diz Nicole)

- Eu não gosto de baunilha, milho e maracujá.

Vamos conversando animadamente andando pela rua. Dois seguranças nos seguem a pé e dois de carro logo atrás.

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