Sol A Sol

Sol A Sol

Prólogo

No turbulento ano de 1999, na serena Barra da Tijuca, as paredes de uma pequena casa guardavam segredos tão profundos quanto os mistérios que ecoavam na tela da televisão. Enquanto a novela "Força de um Desejo" iluminava a sala, Joana, uma jovem deslumbrada se via refletida em um vestido de noiva, seu coração pulsando com a promessa do amor eterno. Enquanto sua mãe, Teresa, segurava em mãos trêmulas um contrato que poderia desvendar os alicerces de suas vidas. Entre o brilho hipnotizante da televisão e a tensão palpável que pairava no ar, a decisão de Teresa se tornava uma encruzilhada entre o dever e o desejo, entre a segurança e a incerteza. Enquanto Joana experimentava o vestido de noiva em frente ao espelho e com os olhos brilhando ao olhar o tecido branco através do reflexo.

— Você parece uma princesa, Joana —, comentou Teresa, sua mãe, com um sorriso nostálgico, observando-a atentamente. — Mas lembre-se, um vestido bonito não é tudo. É o que está dentro da pessoa que importa.

— Eu sei, mãe —, respondeu Joana, suspirou, ajustando a saia do vestido com um gesto nervoso, seus olhos encontrando os de Teresa no reflexo. — Mas às vezes parece que o mundo lá fora está me puxando em tantas direções diferentes. Como vou saber qual caminho seguir?

— É por isso que tenho algo para você, Joana —, disse Teresa, que se aproximou, segurando os papéis com um brilho de esperança nos olhos, estendendo os papéis na direção da filha. — Olhe, são os planos para o futuro. Nos anos 2000, tenho certeza de que coisas maravilhosas estão reservadas para nós.

— O que é isso, mãe? — Joana perguntou, com os papéis nas mãos, o coração batendo mais rápido de excitação e expectativa do que estava por vir, examinando os documentos com curiosidade.

— É uma oportunidade, Joana —, explicou Teresa, que sorriu, um brilho de orgulho em seu olhar. — Um novo começo, um caminho para o sucesso e a felicidade que tanto desejamos. Com isso, podemos construir o futuro dos nossos sonhos juntas.

— Eu estarei ao seu lado, mãe —, disse Joana, segurou a mão de sua mãe com ternura, com determinação. — Seja qual for o caminho que escolhermos, estarei aqui para apoiá-la.

— E quanto a Tomás? — Teresa perguntou, com um sorriso, sentindo-se emocionada pela demonstração de amor e apoio de sua filha, referindo-se ao noivo de Joana. — Ele vai entender?

— Tomás está se formando em breve —, explicou Joana sorriso, assentiu, um brilho nos olhos ao mencionar o nome de seu amado. — Ele está ansioso para começar nossa vida juntos e está disposto a ajudar no que for preciso. Podemos enfrentar qualquer desafio juntos, mãe.

Mãe e filha compartilhavam esse momento de união e determinação, a televisão continuava a transmitir as melodias dramáticas da novela, enquanto o destino aguardava pacientemente, pronto para revelar os desafios e triunfos que aguardavam Joana, Teresa e Tomás em sua jornada adiante.

A atmosfera na festa de despedida de solteiro de Tomás estava elétrica, com risadas ecoando pelo ar e copos brindando ao futuro do noivo. Tomás, cercado por amigos animados, sentia uma mistura de empolgação e nervosismo pela próxima etapa de sua vida. Enquanto o relógio se aproximava da virada dos anos 2000, uma figura familiar adentrou a sala. Era Vitória, a melhor amiga de Joana, a noiva. Seu sorriso radiante contrastava com a expressão de surpresa de Tomás.

— Vitória! O que você está fazendo aqui? — Tomás perguntou, perplexo.

— Eu não poderia perder a chance de dar uma espiadinha na festa do século, não é mesmo? Além disso, eu trouxe uma surpresa especial para você, Tomás — diz Vitória, sorrindo, seus olhos brilhando com uma mistura de mistério e empolgação. Em seguida pegou algo de trás das costas e estendeu para Tomás. Era uma carta, com o selo de Joana no envelope. — Joana me pediu para entregar isso pessoalmente a você —, Vitória explicou, com um brilho travesso nos olhos. — Ela disse que é para abrir no momento certo.

Tomás pegou a carta com mãos trêmulas, sentindo o peso do momento. O barulho da festa ao seu redor parecia desvanecer, substituído pela batida acelerada do seu coração. Ele sentiu a ansiedade pulsar dentro de si enquanto segurava a carta em suas mãos. Mas antes que pudesse desvendar seu conteúdo, Vitória interveio, sua mão delicada interrompendo o movimento de Tomás.

— Deixe isso de lado, Tomás —, ela disse com um sorriso travesso nos lábios. — Hoje é o seu dia, vamos celebrar sua despedida de solteiro como nunca!

Tomás hesitou por um momento, seu olhar alternando entre a carta e o rosto radiante de Vitória. E então ele depositou a carta com cuidado sobre a mesa de centro, com um sorriso aliviado, Tomás se juntou aos seus amigos, prontos para uma noite de diversão e lembranças. Enquanto ele se entregava ao presente, Vitória aproveitou o momento de distração para agir. Com um movimento rápido e determinado, ela pegou a carta da mesa e se afastou sorrateiramente em direção a uma lixeira próxima e rasgou a carta em mil pedaços, sem hesitação, ela jogou os pedaços na lixeira. Com a missão cumprida, ela voltou para o centro da festa, seu sorriso radiante escondendo o segredo que acabou de destruir.

Horas depois. Vitória vislumbrou Tomás, já envolto pelo efeito do álcool, ela se aproximou dele, sentindo a pulsação da música invadir seus sentidos. Sem hesitação, ela o conduziu para a pista de dança, onde seus corpos começaram a mover-se em sincronia. Com um movimento ousado, ela capturou os lábios de Tomás em um beijo roubado. Tomás correspondeu com ardor, entregando-se ao momento como se não houvesse amanhã. Os dois se entregavam ao calor daquele momento, o mundo ao seu redor desapareceu, deixando apenas a promessa de um momento intenso.

...(...)...

No dia seguinte, Teresa colocava sua assinatura nos papéis que delineavam seu destino, um visitante inesperado adentrou a sala, seus olhos brilhavam com a certeza do inevitável, sua presença preenchendo o ambiente com uma eletricidade palpável.

— Ah, vejo que está prestes a dar um grande passo, Teresa —, disse ele, sua voz suave ecoando como um sussurro de destinos entrelaçados.

— Sim, é um momento importante para mim. Estou pronta para assumir esse desafio.

O homem assentiu com a sabedoria de quem já viu os ecos do futuro se desdobrarem diante de seus olhos, colocando os papéis sobre a mesa com reverência antes de estender a mão para cumprimentá-la.

— Eu não tenho dúvidas de que você está pronta. Seu trabalho duro e sua determinação falam por si só.

— Obrigada! Significa muito para mim ouvir isso —, murmurou Teresa, apertou a mão dele com firmeza, sentindo uma corrente de energia vibrante passar por ela, alimentando sua confiança recém-descoberta, os olhos fixos nos dele como se estivessem tentando decifrar o enigma de seu próprio destino.

O homem sorri, um sorriso enigmático que sugere um conhecimento além do alcance humano, recuando para permitir que Teresa completasse as assinaturas que selariam seu destino.

— Lembre-se, Teresa, o sucesso não vem sem desafios. Mas com sua determinação e habilidade, estou confiante de que você alcançará grandes coisas.

Teresa assentiu e agradeceu ao homem antes que ele fosse embora. Em seguida, Teresa se dirigia ao quarto de sua filha, Joana. A luz do sol filtrava pelas cortinas, pintando o quarto com tons dourados. Ao entrar, encontrou Joana sentada em sua escrivaninha, absorta em seus próprios pensamentos.

— Joana, querida —, chamou Teresa, sua voz carregada de emoção contida.

— O que foi, mãe? — perguntou Joana, virou-se, seus olhos brilhando com curiosidade e uma faísca de expectativa.

— O futuro já começou para nós, minha querida — Teresa se aproximou e sentou-se ao lado dela, envolvendo-a em um abraço caloroso. — O futuro para nós é um passo em frente para um novo começo.

— Isso é incrível, mãe! — Joana começou, um sorriso radiante se formando em seus lábios enquanto ela retribuía o abraço de sua mãe. — Eu mal posso esperar para ver o que está por vir.

— Lembre-se, querida, o futuro é algo que nós construímos com nossas próprias mãos, com determinação e coragem

— Eu sei, mãe. — Joana assentiu, seus olhos refletindo uma determinação igual à de sua mãe. — E estou pronta para enfrentar qualquer desafio que vier em nosso caminho.

...(...)...

Alguns dias depois... Teresa encontrou Joana em seu quarto, vestida com seu deslumbrante vestido de noiva, admirando-se no espelho com uma mistura de nervosismo e êxtase. O tecido fluía ao seu redor como um véu de sonhos tecido em seda. Com o coração transbordando de emoção, Teresa se aproximou lentamente, observando sua filha com uma mistura de orgulho e nostalgia.

— Oh minha filha, você está muito linda!

— Obrigada, mãe!

— Está pronta para o grande dia, minha querida?

— Sim, mãe. — Joana virou-se para encarar sua mãe, um brilho de emoção nos olhos. Seu sorriso irradiava uma mistura de felicidade e antecipação. — Estou pronta, mãe... mal posso esperar para começar esta nova jornada ao lado do amor da minha vida.

— Você está deslumbrante, Joana. — Teresa envolveu Joana em um abraço reconfortante, e continuou. — Este é o começo de um capítulo maravilhoso em sua vida. Aproveite cada momento.

— Eu vou sim, mãe... e obrigada por estar sempre ao meu lado, me apoiando em todos os momentos importantes.

Com um último olhar de carinho, mãe e filha se encararam, compartilhando um momento de conexão que transcendeu as palavras.

Enquanto isso. Na pequena igreja, Tomás aguardava ansiosamente a chegada de sua futura esposa, Joana, ao pé do altar. De repente, seu mundo parou quando Vitória, surgiu diante dele, seus olhos se arregalaram em choque quando ela parou em sua frente, segurando algo em suas mãos trêmulas.

— Tomás, precisamos conversar —, Vitória começou, sua voz carregada de emoção contida. Mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, Vitória revelou a notícia que abalou seu mundo em sua essência. — Estou grávida, Tomás... grávida de você! Fiz um teste de gravidez e deu positivo.

— Isso... é... é... isso é verdade? — perguntou Tomás, ao olhar para o teste de gravidez em estado de choque, incapaz de acreditar no que estava vendo. — Isso não pode estar acontecendo, você não pode estar grávida de mim, foi apenas uma noite

— Sim, Tomás. — Vitória assentiu, lágrimas brilhando em seus olhos. — Eu não sabia como te contar, mas eu precisava que você soubesse. Pra mim foi mais que uma noite, foi um momento mágico e lindo. Me perdi com você e você foi meu primeiro homem.

— Mas como... como isso aconteceu? — o choque se espalhou por todo o corpo de Tomás, seu coração acelerou, uma enxurrada de emoções conflitantes inundando. — Eu não tô acreditando!

— Foi durante a sua despedida de solteiro antes de você se casar com a Joana... —, Vitória respirou fundo, tentando controlar suas próprias emoções enquanto explicava. — Eu não queria te contar antes, mas não posso mais esconder a verdade.

Tomás sentiu um turbilhão de sentimentos dentro de si, sua mente girando com a enormidade das consequências dessa revelação. A cerimônia continuava a se desenrolar ao seu redor.

Enquanto isso, do lado de fora, Joana desce do carro, os primeiros pingos de chuva começam a cair. Seu vestido de noiva, antes imaculado e radiante, agora está sendo molhado pelas gotas de água da chuva. Com o coração apertado de expectativa, Joana avança em direção à entrada da igreja, seu olhar fixo na porta. Mas então, ela vê algo que a faz congelar no lugar, seus olhos se arregalam em choque e horror. Lá, saindo da igreja de mãos dadas, Tomás e Vitória. A chuva cai implacavelmente, envolvendo Joana, que se aproxima lentamente de Tomás e Vitória enquanto luta para processar o que está vendo.

— O quê?... o que está acontecendo? Porque vocês estão de mão dadas?

— Joana — começou Tomás, mas sua voz soava distante e impessoal. — Isso é o melhor para todos nós. Me desculpe, Joana. Eu não vou mais me casar com você.

— Mas... o que vocês estão fazendo?

— Estamos apaixonados, minha amiga... e agora vamos ficar juntos. Não foi culpa de ninguém que nos apaixonamos

— Como vocês puderam fazer isso comigo? Meu noivo… e minha melhor amiga? — o som dos trovões ecoando. As lágrimas misturadas à chuva no rosto de Joana. — Tomás! Meu amor, não... não me abandona, por favor, não.

A chuva caía forte, Tomás evitou olhar nos olhos dela, virou o rosto, puxou Vitória pela mão e começou a se afastar. Joana observava, sem fôlego, enquanto caminhavam juntos em direção de um carro. Em seguida, Joana joga o buquê no chão com força, fazendo-o cair em uma poça d’água. Joana passa a mão na barriga em desespero. Então, ela cai de joelhos, rasgando seu vestido de noiva com raiva. A agonia toma conta do rosto de Joana. Ela de joelhos em frente à igreja, o vestido rasgado encharcado e colado ao seu corpo. As lágrimas se misturavam à chuva, indistinguíveis no rosto já molhado.

Seus cabelos grudavam na testa e nas bochechas, e ela mal conseguia ver através do véu de água que caía de seus cílios. O som da porta do carro fechando ecoou como um sino de despedida, marcando o fim de tudo que Joana conhecia e amava. Enquanto o carro se afastava, Joana ficou ali, ainda de joelhos, sentindo o peso esmagador da traição e do abandono. A chuva continuou a cair, lavando as lágrimas e a dor. Finalmente, depois do que pareceu uma eternidade, Joana se levantou e começou a andar, deixando para trás o que restava de seu vestido rasgado e da vida que ela conhecia.

...{...}...

Horas depois... Joana estava no quarto, o vestido de noiva, agora um símbolo de promessas quebradas. Sua mente girava em torno da traição dupla. As lágrimas escorriam pelo seu rosto, misturando-se ao tecido branco que caía ao chão. Então, a porta se abriu silenciosamente. Um homem entrou, seus olhos refletindo a empatia e a determinação que contrastavam com a tristeza de Joana. Ele não hesitou; aproximou-se dela com passos firmes, mas suaves, como se não quisesse assustá-la.

— Joana — sua voz era baixa e suave, mas carregada de uma firmeza inabalável. — Sei que este é o momento mais difícil da sua vida. Sei o que aconteceu e entendo sua dor.

Joana olhou para ele, surpresa e desconfiada, ainda segurando um pedaço do vestido rasgado. Antes que pudesse dizer algo, ele continuou.

— Quero fazer uma proposta. Sei que parece estranho, mas quero que se case comigo. Venha morar comigo no interior de Cerro Corá. Lá, você terá um lugar seguro e tranquilo para recomeçar. Eu sei que parece insano. Mas acredite, estou aqui para te ajudar. Prometo que cuidarei de você e do seu filho.

Ao ouvir a palavra "filho", Joana instintivamente colocou a mão na barriga. Em seguida, ela olhou lentamente para ele e respondeu

— Aceito!...

O homem sorriu, um sorriso que continha a promessa de um novo começo. Depois, ele estendeu a mão, e Joana a pegou, sentindo um pequeno lampejo de esperança.

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