Capítulo 18

Arvan.

"Portanto, você queria que eu investigasse a Mariana Cossio para isso? O que ela fez para te enfurecer?" A pessoa que acabou de entrar em meu escritório é talvez a única pessoa que posso considerar ou chamar de amigo, Draco, um famoso gênio da tecnologia e que também possui uma das maiores e mais bem-sucedidas empresas de tecnologia da informação.

- Ninguém te ensinou a bater?

Draco: E você nunca vai me receber com uma boa atitude? Sou seu único amigo.

- E daí? Não se supõe que você iria sair do país?

Draco: É verdade, mas vim deixar um presente antes.

- Me escute\, o que eu menos tenho é tempo para seus joguinhos.

Draco: Tudo bem, e eu pensei que você ficaria feliz em saber que tenho em minhas mãos todas as informações sobre Noah Montenegro e seus adoráveis filhos, que estranhamente são muito parecidos com você... - Ele evitou que eu pegasse os documentos, sei que ele quer algo, e não é difícil de adivinhar o que é.

Draco: Diga-me, não foi esse mesmo ômega que te drogou há anos?

- Há muitas coisas a esclarecer nesse incidente\, você dirá que é bobagem\, mas mesmo que Noah tenha se assumido culpado\, não consigo acreditar nele. - E\, como era de se esperar\, esse idiota começou a zombar.

Draco: Espere, você, o grande Arvan Daniel's, está admitindo que errou e que fez um inferno para um pobre ômega, que talvez tenha tido apenas má sorte?

- Se estou admitindo\, mas isso não adianta de nada\, a única razão pela qual Noah assumiu a responsabilidade é porque ele me odeia e não suporta minha proximidade.

Draco: Arvan, você está apaixonado por esse ômega? - Amor? Nunca pensei nem sequer contemplei que isso exista, mas...

- Não sei\, não reconheço a pessoa que sou quando ele está por perto\, quero que ele pare de me evitar\, que me permita redimir\, ver meus filhos\, fazer parte da vida dos três\, quero que todos que ele odeia e despreza estejam aos seus pés\, não importa se são do meu próprio sangue.

Draco: Entendi, não conhecia esse lado seu, então é por isso que você me pediu para investigar tudo sobre seu sobrinho? Pelo menos agora sei o que fará com as informações que tenho. - Ele adotou uma postura mais séria, nada a ver com sua expressão estúpida habitual, quando está assim, ele fica ainda mais irritante.

Draco: Arvan, você o marcou? Noah tem a sua marca, não é?... Não consigo encontrar outra explicação para a sua atitude, e agora que esclareceu tudo que eu queria saber, aqui está tudo o que pediu, o outro é o dossiê do seu sobrinho. - Eu peguei ambos, li primeiro a informação sobre Noah e meus filhos, não há dúvidas, ele é incrível, superou tudo e teve os nossos filhos, e também superou a si mesmo. Ele foi o melhor da sua geração.

Meus filhos nasceram em 12 de abril, há seis anos, um dia depois do meu aniversário, irônico, não? Nem sequer lembro o que estava fazendo naquele dia.

Cada coisa que leio, cada evento e momento que perdi, me fazem sentir mais arrependido.

Draco: Não é estranho? Um ômega tão bonito deve ter muitos alfas aos seus pés, não teria sido difícil substituir a sua marca, ou teria? No entanto... - Eu nem pensei, segurei-o pelo colarinho.

- Noah é meu! - Não consigo controlar esse impulso\, não consigo aceitar essa possibilidade\, mas aqui está ele para cuspir as coisas que me atormentam.

Draco: Você está se ouvindo? Você o estuprou! Ele te odeia! Ele te teme! E o mais importante, cada um desses sentimentos o faz sofrer em dobro por causa da marca que você colocou nele. Não sei se você ficou idiota, mas a única coisa que você faz é causar mais dor a ele. - Isso eu sei, posso sentir, porque sinto o mesmo, sei que se ele chegasse a me aceitar, mesmo que um pouco, não seria um sentimento real, talvez apenas por causa da minha marca que o obriga a me aceitar.

Draco: Você disse que queria se redimir ou não? Só tem uma opção...

- Cale a boca! - Eu sei o que ele vai dizer\, eu também considerei\, mas se eu fizer isso\, acabou! Ele não terá nenhum motivo para sequer me considerar\, e ele irá embora com os meus filhos\, sem que eu possa fazer nada\, não quero admitir\, mas tenho medo\, medo de perdê-los para sempre.

Draco: Talvez você não tenha percebido, mas eles não são seus, nem o Noah, nem seus filhos, além disso, tenho certeza de que eles nem sabem que você existe, o pai deles não os registrou, você não tem nenhum direito sobre eles. - Eu sei, e é por isso que estou tão apreensivo.

- Mas são meus filhos\, e ele é meu ômega.

Draco: Não é assim, talvez sejam seus filhos, mas você não tem direito de ser o pai deles. Se você realmente quer se redimir, deixe-o ir, retire sua marca dele, se depois disso conseguir que eles o aceitem, então será verdadeiramente merecedor deles.

- Me deixe sozinho.

Draco: Como quiser, mas se você continuar sendo levado por esse impulso, você vai machucá-lo ainda mais. - Ele saiu, eu sei que ele está certo, mas mesmo assim não posso simplesmente aceitar suas palavras.

Peguei a outra pasta e sorri, era mais do que eu precisava.

Sendo sincero, sempre fui muito distante da minha família, essa tem sido a minha forma de ser e viver. Por isso, apesar de dirigir as empresas por decisão do meu pai, tenho meus próprios negócios, que rendem três vezes mais do que todo o Grupo Daniel's pode oferecer.

E com isso, Caled acaba de jogar no lixo toda a reputação e renome que ele ganhou às minhas custas. Não vou parar nem por um segundo, mas antes disso, ele terá que me contar a verdade.

Isso não é suficiente, um castigo sim, mas ainda falta muito para ser perfeito.

Joguei em sua mesa todos os documentos que chegaram às minhas mãos, ele levantou o olhar furioso, mas quando me viu, sua expressão mudou. Ele está irritado com o que aconteceu com o infeliz do Mauricio, todos na família estão, tomara que alguém tenha coragem de me dizer algo na cara.

Caled: Isso não é verdade, tio! Eu juro que são mentiras! Eu nunca... - Ele estava realmente assustado, além de usar sua posição na empresa para conseguir novos fornecedores, ele também ousou nos enganar.

O inútil (que agora não é tão inútil) estava arrecadando dinheiro para uma falsa fundação, apenas para financiar seus próprios vícios (jogos, mulheres e álcool).

- Você acha que sou estúpido? As provas estão aí\, o Grupo Daniel's não vai pagar ou apoiar suas estupidezes. Quando isso vier à tona\, você vai para a prisão\, você vai se afundar sozinho.

Caled: Você não pode fazer isso comigo, tio, por favor...

- Tudo bem\, me diga a verdade do que aconteceu anos atrás\, na mansão dos seus pais.

Caled: Eu já te disse, foi o Noah... - Segurei-o pelo colarinho.

- Se você não quer que a todos os crimes que vão te imputar se some o exílio familiar\, e qualquer outra acusação que te faça passar mais alguns anos na prisão e ser brinquedo de algum louco na cadeia\, me diga a verdade. Noah já me contou tudo\, não ouse mentir para mim.

Caled: Tudo bem, entendi, escuta, a Mariana odiava o Noah pela forma como ele ganhava popularidade com todos ao seu redor, ela se incomodava por ele ser mais popular do que ela e até mesmo por seu pai ter mais esperanças nele do que nela. Então nós planejamos algo, fizemos isso várias vezes, era o nosso jogo, eu me divertia com os ômegas que o atrapalhavam e zombávamos deles com nossos amigos.

Naquela noite, a Mariana colocou algo na bebida do Noah, ele não deveria estar por perto, mas a droga agiu devagar e ele ouviu nós dois falando sobre um plano contra você.

- Vocês drogaram a água do meu quarto.

Caled: Só íamos te fazer dormir! Eu juro, era para fazer uma brincadeirinha e pronto, te deixar caído no corredor para parecer bêbado, isso ia ferir seu orgulho.

- E o que vocês pretendiam fazer com o Noah?

Caled: A mesma coisa que com todos, a mesma coisa que fizeram com você. - Dei um soco nele.

Caled: Desculpe, eu não sabia que a Mariana tinha confundido as drogas, a que o Noah bebeu era para você e ela deu a sua para o Noah. - Maldito infeliz, queria acabar com ele na pancada, mas isso seria fácil demais, essa mulher também não teve o suficiente.

Saí, tenho coisas para resolver, além das várias ações legais que virão, ela não vai ter nem um centavo quando chegar a vez dela de pagar.

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