Capítulo 8

Narra Kilian.

Não importa o quanto eu tente contatá-lo, ele nunca atende o telefone, não apareceu no escritório e adiei minha volta ao exterior porque preciso que ele pense novamente.

Anos atrás, quando Elian bêbado me confessou que gostava de mim, eu não lhe dei atenção; entretanto, 5 anos depois, nada melhorou.

E acho que o fato de ter confessado meus sentimentos a Noah não ajudou em nada.

Sinto que não o conheço mais cada vez mais, e agora percebo que não sei absolutamente nada sobre ele, não sei quem são seus amigos, seus lugares favoritos, nada. E é por isso que, mesmo após 4 dias dessa ligação, não consegui encontrá-lo.

Maldito seja Elian, quando você vai parar de me preocupar e fazer com que eu trabalhe mais do que devo? Estou furioso, não vou permitir que ele desista, nunca.

Arvan.

Nos últimos dias, ele tem dado muito o que falar, os quatro sócios das empresas Montenegro que foram penalizados por fraude e que entraram em falência quase imediatamente depois.

Além disso, ele adquiriu para sua empresa importantes associados; foi uma grande surpresa que rompessem acordos com as Indústrias Ajax e com a SOS, isso foi manejado de forma bastante discreta, parece que o acordo ao qual chegaram agradou a todos. Devo dizer que por semanas esperei que nossa empresa recebesse a notificação e uma parte de mim o desejava, assim não teria que ficar atento a cada maldita coisa que ele faz, nem silenciar cada maldito fofoque de corredor que se espalha.

Não sou assim, mas depois de alguns dias de sua chegada, a sensação de que algo me mantém ligado a ele não me deixava em paz, contudo, não conseguia conectar os pontos. Por que sempre me tratava como se eu fosse a maldita praga que deve ser evitada? Normalmente, sou eu quem faz isso com eles, não o contrário. Segundo, sua maneira de falar e olhar para mim, uma parte de mim se sentia culpada? Miserável? E ansiosa? Não gostava nada do que este ômega me causava, nenhum desses sentimentos são próprios de mim, era irritante e desesperador.

Até que eu entendi. Tolamente, pensei que há mais de 6 anos ele tinha morrido quando eu o rejeitei daquela maneira. Sabia que levava minha marca, mas não foi algo que desejei, foi produto daquela maldita droga que ele mesmo plantou; não me lembro de nada daquela noite, é a verdade, minha mente está em branco depois do que...

Não importa, o mito é falso, um ômega não morre se seu alfa o rejeita. Com certeza encontrou alguém que ocupasse meu lugar, é assim que eles são.

Mas me incomoda, quais são suas intenções ao se apresentar aqui? Ele veio se vingar? Se é assim, por que não está fazendo nada? Ele tem o poder ou não? Ele me odeia mais do que qualquer um no mundo, eu posso ver, ele quer que eu esteja o mais longe possível. Então, por que ele fica lá parado sem fazer nada?

Estou ficando louco esperando alguma ação da parte dele, mas desde que soube quem ele era já faz um mês, e nada mudou, ele continua vivendo sua vida, ignorando completamente minha existência. Hoje, quando fui ao seu escritório, não entendi meu comportamento depois do que vi.

Ele e aquele guarda-costas metido estavam muito próximos, seu sorriso ao ver o que quer que aquele idiota lhe mostrava fez meu coração bater, mas eu senti o impulso de matar a razão daquela expressão tão genuína de sua parte. Que diabos está acontecendo comigo? Eu não sou assim!

Virei-me e voltei ao meu escritório, não conseguia tirar aquele momento da minha cabeça.

"Arvan? Estou falando com você, o que está murmurando tanto? Quem é esse Noah?" Maldição, a última coisa que esperava. Esta mulher não entende que não a quero aqui, só aceitei que fosse minha noiva porque é a melhor opção para ter meus filhos, não existe tal coisa como um relacionamento romântico entre nós.

—Fora daqui! Já te disse para não aparecer na minha empresa.

"Vou ser sua esposa em breve, o que há de errado em vir te ver?" De verdade, ela acha que usar essa voz canhesta tem algum efeito em mim? Eu sei o que ela quer, ela levou sua mão à minha gravata para soltá-la, eu a impedi.

"O que há? Só quero te ajudar a relaxar." Ela leva suas mãos às minhas calças e as abre, eu não a impeço dessa vez, tenho que admitir que ela sempre foi uma boa distração, e é disso que preciso agora, parar de pensar nele.

Só que, ao contrário de outras vezes, não são as ações dela que me excitam, mas sim pensar na expressão de Noah.

—Maldição! —interrompi as ações de Gena e a virei contra a minha escrivaninha, levantei seu vestido e removi sua calcinha, coloquei um preservativo e entrei nela para liberar toda essa maldita frustração que este homem está me causando, mas quanto mais eu tentava tirá-lo da minha cabeça, mais vivo estava seu lembrete, e não só de agora, imagens daquela noite vinham à tona. Saí de dentro de Gena.

"O que está acontecendo?" —sei quanto ela é insaciável e quanto gosta de minha brutalidade, mas...

—Já não quero mais te tocar, me deixe sozinho. —olhei para ela irritado, ignorei isso e indiquei a saída. Ela pegou sua calcinha, se arrumou e saiu.

—6 malditos anos sem lembrar o que aconteceu naquela noite, e tudo veio à tona de uma vez, e em uma situação dessas... Depois do que fiz, sua atitude é muito normal.

Ainda restava o fato de ele ter orquestrado tudo, então, o fato de ter sido ele que eu ataquei poderia ser visto como justiça poética.

Mas seus pedidos de clemência e súplicas e a forma como ele jurava ser inocente martelam na minha cabeça a tal ponto que invalida tudo mais.

E se ele falou a verdade? E se foi outra pessoa e ele acabou envolvido em tudo isso?

—Ah, maldição, por que essas memórias não voltaram antes? —mas seria diferente se assim fosse? Talvez eu não o tivesse machucado daquela maneira com a pura intenção de lhe dar um terrível fim. Talvez eu tivesse compensado e cuidado dele por ter sido minha vítima e o teria libertado da minha marca quando ele estivesse melhor.

Mas agora, o que posso fazer? Jamais pedi perdão por algo, e ainda falta provar que ele de fato é inocente.

Noah

"Você? O que faz na minha empresa? Vá embora!" Bem, isso é mais cordial do que eu esperava, depois de invadir sua reunião de família como se nada estivesse acontecendo, depois dos gritos do meu tio Mariano, vieram os abraços da minha mãe.

"Filho, graças a Deus você está vivo, todos esses anos estive tão angustiada e rezando pelo seu bem-estar." Ela rezou por mim? Passei um mês hospitalizado antes de sair do país, e nem mesmo uma ligação alguém perguntou se eu estava vivo. Afastei-a de mim, e Jorge tornou-se novamente meu escudo.

—Você tem razão, graças a Deus! Que me enviou um anjo, porque pela minha família, eu teria morrido como um cão de rua.

"Filho, por favor..."

—Chega, senhora, tenho certeza de que vocês sabem por que estou aqui, é a mesma razão pela qual vocês estão reunidos. —lanço os documentos na frente do meu tio, que após lê-los empalidece.

Mariano: isso é ridículo, você não pode fazer isso conosco, somos sua família, fui eu quem alimentou você por anos quando seu pai inútil nos abandonou, fui eu quem pagou seus estudos e tudo que você precisava.

—E é em honra dessa gratidão que você não está sendo tirado daqui pela polícia, algemado e com a imprensa internacional ao vivo. Este é o acordo que te ofereço: pague às empresas Montenegro tudo o que roubou nos últimos anos, mais a compensação estipulada por quebrar a sociedade e você ficará livre. Terá perdido a galinha dos ovos de ouro, mas pelo menos não irá para a prisão e sua família não perderá tudo.

Mariano: Eu entendo, errei, por favor Noah nos ajude, não podemos pagar essa quantia, ficaremos arruinados de qualquer maneira, somos uma família, sua mãe ainda depende de nós, pense nela. —de verdade?, pensar nos outros?

—Pensar na minha mãe e em vocês porque são minha família, certo? Assim como vocês pensavam em mim 6 anos atrás, quando me viraram as costas, me expulsando da família Cossio e me entregando a um CEO sanguinário? Assim mesmo?

"Filho, por favor, entenda, não podíamos fazer nada contra Arvan Daniel's, ninguém poderia te livrar dele"

—Entendo, mãe, da mesma forma eu também não posso livrá-los dos Montenegro, ou pagam essa quantia ou Mariano vai para a prisão por seu crime e toda família Cossio será nada.

Mariano: Ainda assim, se cumprirmos essas exigências, teríamos que nos declarar falidos.

—Esse não é meu problema, tio. Se você conseguiu roubar por tantos anos, pelo menos deveria ter sido mais inteligente e economizar.

"O que aconteceu com você, filho?"

—A vida, isso que aconteceu. Tio, aconselho a encontrar alguém mais para fraudar ou peça a sua amada filha, ela está indo bem, não está? Ou ao seu brilhante futuro genro. Para eles sim acreditaram que os salvassem dos Montenegro. Têm 15 dias para pagar ou já sabem as consequências. —saio daquele lugar o mais rápido possível, precisando urgentemente de ar fresco.

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