Capítulo 16

Noah

Enquanto observo o teto deste quarto tudo o que aconteceu antes, não sai da minha cabeça, Arvan me defendeu?, ou esse foi o plano dele desde o início?, não quis escutá-lo, porque não o quero perto de mim, só me machuca, se não fosse sua marca, poderia parar de me sentir afetado por tudo o que ele faz, não há nada de bom em suas ações, ele não é alguém com sentimentos, não se importa com mais ninguém além dele mesmo.

Jorge: senhor Noah, me perdoe, fui um inútil... —mesmo que seja verdade que não fizeram nada, tudo é culpa do Arvan.

—não direi nada disso ao meu irmão, afinal, foi culpa daquele sujeito.

Jorge: mas...

—é suficiente, não quero falar sobre isso, e menos ainda ouvir você se culpar, o responsável é apenas um, e não é você, me leve para casa.

Jorge: como desejar, senhor. —me ajudou a levantar, me obriguei a caminhar sozinho pelos corredores, é estranho, mas não ouvi nenhuma fofoca às minhas costas, após o que aconteceu, pensei que as fofocas piorariam, mas é o contrário, o que está acontecendo?... Bem, não é como se eu me importasse, quero ir para casa, ver meus filhos e descansar.

—Jorge, Zoe e Joe...

Jorge: estão indo para casa, meus homens já me informaram.

—obrigado, vamos, preciso vê-los —como sempre que sinto que meu mundo está desmoronando ou que as coisas não fazem sentido, apenas um abraço dos meus pequenos me faz sentir completo novamente.

Cheguei em casa, a pequena Zoe foi a primeira a correr para os meus braços, Joe parecia estar fazendo algo, mas parou e também me abraçou.

Joe: papi, está tudo bem?

—sim, querido, apenas cansado.

Zoe: vem, vamos cantar para você enquanto dorme.

Joe: primeiro, você precisa comer.

—na verdade, não estou com fome.

Joe: você sempre nos diz para comer, então você também deve seguir.

—tudo bem, tudo bem, você está certo, senhor Joe —depois de comer, sem muita vontade, deitei, apoiando minha cabeça no colo de Joe, enquanto Zoe me penteava e cantava uma de suas músicas.

Não pensei que pentear me faria bem, mas era muito relaxante.

Joe: papai, quando vamos voltar? —mal conseguia ouvir o que Joe estava me dizendo, na verdade, também estou com medo de quanto tempo vamos ficar aqui, sei que Arvan não se importará com minha vida, mas a possibilidade de ele descobrir meus filhos me aterroriza.

—muito em breve, eu prometo.

Zoe: eu gosto daqui, mas também quero voltar.

—eu também —acabei dormindo, quando acordei, meus anjinhos estavam dormindo abraçados a mim, já eram mais de 10 horas da noite, estava com muita sede, desci para a cozinha.

Jorge: senhor Noah, não consegue dormir?

—sim, embora o problema seja que eu dormi muito bem.

Jorge: você só dormiu algumas horas.

—tenho distúrbio do sono há alguns anos, às vezes passo dias sem conseguir dormir mais de 1 hora, então para mim dormir 4 ou 5 horas é como o paraíso.

Jorge: ouvi dizer que esse tipo de coisa é causado por causas muito graves, traumas, doenças... Desculpe, estou falando demais e não se trata disso.

—não se preocupe, você tem razão, isso não veio do nada, costumava ter pesadelos terríveis que não me deixavam dormir, e embora com o tempo eles tenham desaparecido, ainda não me livrei completamente desses medos.

Jorge: espero não estar sendo imprudente, mas é por isso que você não suporta a proximidade dos alfas? —mesmo que ele se desculpe, ele não fica enrolando, mas mesmo que normalmente odeie falar sobre isso, não me sinto assim agora.

—sim, é por isso —foquei minha atenção em seu rosto, e me senti culpado ao vê-lo machucado, levei minha mão à sua bochecha.

—esse cara é um selvagem, como ele pôde te fazer isso?, sinto muito mesmo. —sua mão segurou a minha.

Jorge: está tudo bem, não se desculpe, não foi sua culpa, protegê-lo é meu dever, e foi o que eu não fiz hoje, não acontecerá de novo, eu prometo.

—eu sei, você é muito confiável, deixe-me cuidar do seu rosto.

Jorge: não é necessário, já cuidei disso quando cheguei.

—não se ofenda, mas você é péssimo nisso.

Jorge: não me ofendo, você está certo.

—mas fique tranquilo, sei o que estou fazendo, já curei feridas por causa das travessuras dos gêmeos muitas vezes, e elas foram piores, você não vai parecer um galã, mas pelo menos poderá ter um rosto mais ou menos decente amanhã.

Jorge: está tão ruim assim? —levei minha mão para o ferimento em seu lábio.

—um pouco, embora poderia ter sido pior. —retirei minha mão ao encontrar seu olhar de surpresa e confusão, o que eu estava fazendo?

—Desculpe, vou pegar o kit de primeiros socorros. —espero que isso não fique estranho daqui pra frente, quando voltei, ele se levantou de onde estava antes, suponho que por costume.

—aqui está, humm, tem várias coisas que eu não faço ideia para que servem, mas isso foi preparado pelo exagerado do Elián, então não tem jeito.

Jorge: ele cuida muito de vocês.

—sim, ele é um ótimo irmão, os dois são, agora senta por favor, você é alto demais pra mim, meus braços vão doer assim. —ele se sentou e eu me concentrei em seu rosto, embora ele não parasse de me olhar, parecia que queria dizer algo a todo custo, achei um pouco engraçado.

—pode falar agora!!

Jorge: bem é que... Suas mãos são muito gentis.

—bem, só tenho experiência cuidando dos meus filhos.

Jorge: isso explica, e seus olhos, eu achei que fosse um efeito da luz, mas eles têm realmente duas cores, um tom mais claro que o outro. —me concentrei em guardar tudo, já tinha terminado, além de que lembrei que Caled e algumas pessoas falavam sobre como eles são estranhos.

Jorge: é incrível, com todo o respeito, mas são lindos!, nunca vi algo assim, e não entendo como só agora estou percebendo.

—talvez seja consequência dos golpes hum até amanhã. —ah céus, eu queria ir embora, mas derrubei tudo, tinha fechado mal por causa da pressa de sair, fiquei nervoso só porque elogiaram meus olhos?

Jorge: deixe-me ajudar, por favor.

Joe: papai, —fui até ele rapidamente, me serviu para sair dessa situação estranha.

—querido, o que você está fazendo acordado?

Joe: estava te procurando.

—entendido, vamos para a cama. —o peguei no colo, me despedi de Jorge e fomos embora.

Joe: papai?

—sim, querido?

Joe: eu gosto do Jorge.

—haha, é óbvio, ele sempre está atendendo aos seus caprichos, mas agora vai dormir.

Joe: você não gosta?

—ele é um ótimo segurança e uma boa pessoa, se eu não gostasse, ele não estaria conosco.

Joe: até amanhã, papai.