...Alguns dias se passaram e o burburinhos pela empresa só aumentavam. Cada um tinha uma opinião diferente para o futuro da empresa, alguns só pensavam em como seria se ficassem desempregados....
...Eu tentava não pensar, segui fazendo o meu trabalho e evitava passar pela sala da presidência, até que fui convocada para a abertura do testamento que seria feita lá. Fiquei sem entender o que eu poderia ter haver com aquele momento familiar, mas compareci na hora marcada....
...Bati levemente na porta e fui recebida pelo advogado da família, que pediu para que eu me sentasse. Cumprimentei gentilmente a D. Carlota, sua filha Pietra e quando me virei para cumprimentar seu filho Vicente, percebi que me olhava lentamente dos pés a cabeça, e quando seu olhar chegou ao meu rosto, encontrou uma expressão séria que o fez realinhar sua postura e estender sua mão para um cumprimento formal....
...
Vicente Rossini, 26 anos...
...— Você é a... ? — Perguntou ainda segurando a minha mão....
...— Essa é a Manuela, ela é designer no setor de criação. — Dr. Otávio, o advogado, respondeu antes que eu tivesse a chance de dizer qualquer coisa. Retirei minha mão da sua e sentei-me no local indicado....
...— E o que ela faz aqui, Otávio?— Compartilhamos da mesma dúvida, estava me sentindo totalmente constrangida no meio daquela família....
...— Vocês já vão saber, vamos nos sentar para começar.— O advogado fez toda a leitura dos bens, como imóveis, investimentos, e várias outras coisas que não me interessavam e que ainda não deixava claro o motivo de eu estar ali. Até que chegou a minha vez, o advogado me entregou um envelope branco de carta, nele estava escrito o meu nome e eu reconhecia aquela letra....
...Minhas mãos tremiam e respirei fundo para conter as minhas lágrimas. E além do envelope que eu não tinha condições de abrir naquele momento e que o Otávio disse se tratar de uma carta escrita dias antes do falecimento, me foi entregue uma caixa com ao logo da empresa e quando abri, vi um conjunto caro e exclusivo que tinha desenhado a um tempo atrás e que ele tinha dito que eram as peças mais lindas que eu já tinha criado, me emocionei passando os dedos suavemente pelos brincos e pelo colar. Mas me dei conta do valor daquelas peças e quando estava pronta para dizer que ficaria com a carta, mas que não queria o conjunto, Vicente se levantou bruscamente, e se pôs a minha frente do outro lado, apoiando as mãos na mesa para que seu rosto ficasse na mesma altura do meu....
...— Desde quando?...
...Por quanto tempo você foi amante do meu pai?— Seu olhar era raivoso. Olhei na direção de sua mãe e irmã e vi espanto e confusão em seus rostos....
...— Vicente, por favor, não torne esse momento ainda mais doloroso. — D. Carlota lhe pediu....
...Mesmo completamente indignada com a sua pergunta, me levantei e me coloquei na mesma posição que ele, olhando diretamente em seus olhos, bem próximo ao seu rosto....
...— Você não conhecia o seu próprio pai, está julgando o caráter dele pelo seu, e a única coisa que posso sentir de você é pena....
...Eu não quero joia nenhuma. Tudo que conquistei até hoje foi pelo meu esforço e pela minha competência, diferente de você. — Seus olhos se arregalaram e não conseguiu dizer uma só palavra, mas seu olhar me fulminava....
...Peguei a minha carta e corrigi minha postura antes de voltar meu olhar para o advogado que nos observava como se já soubesse que seria assim....
...— Dr. Otávio, eu não quero isso, preciso que me oriente como devo proceder.— Colocando a caixa na sua frente....
...— O Sr. Rossini já sabia que negaria e estou impressionado por assistir à cena que ele me descreveu no hospital....
...Mas ele pediu para lhe dizer que não tome essa decisão antes de ler a carta.— Olhei novamente para a carta em minhas mãos e assenti....
...— D. Carlota, me desculpe por essa cena, tenho certeza que sabe da índole do seu marido e sabe que nunca tivemos nada além de um relacionamento profissional e amizade, ele era um bom amigo. — Ela não disse nada, apenas abaixou seus olhos que estavam marejados....
...Senti o olhar raivoso do Vicente sobre mim, mas mantive a minha postura, mesmo que a minha vontade fosse chorar e sair correndo dali. Pedi licença ao advogado e sai da sala segurando a caixa que ele não aceitou que devolvesse, respirei fundo ao fechar a porta atrás de mim....
...— Está tudo bem Manuela?...
...Você está pálida! — Lilian, a secretária, perguntou ao me ver encostada na porta....
...— Vou ficar bem, obrigada! — Caminhei rapidamente até a minha sala, guardei a caixa na gaveta da minha mesa, peguei a minha bolsa e sai da empresa decidida a nunca mais voltar. Não suportaria trabalhar para aquele garoto mimado que além de me ofender, ofendeu a memória do pai, que era um dos homens mais decentes que já conheci....
...Ao sair da empresa, resolvi não ir para casa antes de ler aquela carta. Entrei na confeitaria que fica em frente ao prédio da empresa, e para a minha sorte, não estava muito cheia. Escolhi a mesa mais afastada e me sentei. Eu gosto de vir pensar aqui, é um lugar calmo, com um astral bom e os funcionários são simpáticos. Principalmente o Max, que sempre faz questão de me atender e tenta puxar conversa, tenho certeza que se ele me conhecesse a alguns anos atrás, seríamos grandes amigos, mas não quero mais ninguém fazendo parte da minha vida....
...Pedi um café e tomei coragem para abrir a carta....
Continua...
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Atualizado até capítulo 93
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Comments
Fatima Vieira
ele é ridículo
2024-12-02
1
Juliete Figueiredo
mas só isso? pensei que na leitura ele indicaria que o traste só poderia assumir se fosse supervisionado por Manuela
2024-12-02
1
Amélia Rabelo
eita que a história é boaaaaa
2024-09-23
0