Capítulo 18

Na Austrália, o tio Theo olhava para um quadro coberto de pó numa arrecadação. Limpou o pó da tela, revelando o belo rosto de sua antiga amante, Aline.

O tio Theo acabara de receber a notícia de seu assistente de que Aline havia se casado.

"Então você se casou, Aline. Espero que esteja vivendo feliz com seu marido", murmurou o tio Theo suavemente.

O tio Theo era filho adotivo; seus pais ansiavam por um filho. Como seus pais biológicos desaprovaram o relacionamento, sua mãe, Rena, foi repudiada por eles. Assim, ele legou a herança de seu pai adotivo a Marvin, que tinha direito a tudo.

Infelizmente, os desejos do tio Theo não se realizaram. Sua ex-amante, Aline, estava sofrendo muito em seu casamento com Markus; até agora, ela estava acamada, tremendo de febre, suportando dores por todo o corpo, envolta em grossos cobertores.

Uma lágrima rolou pela bochecha de Aline. Se ela não tivesse desistido, ela poderia estar vivendo feliz com Theo e sua filha, Nadine.

…

Esta noite, a família Leonardo estava jantando com a família do Sr. Dafa, o pretendente de Nadine, para discutir os planos de casamento dela com Damar.

Nadine estava em grande parte em silêncio, ouvindo a conversa de seu pai com o Sr. Dafa. Seu coração estava longe de estar alegre, invejando as mulheres que podiam escolher seus parceiros de vida livremente, dizer o que pensavam, recusar o que não gostavam e aceitar o que gostavam.

A vida de Nadine estava repleta de pressão para ser perfeita, para surpreender a todos. No entanto, ela não era tão perfeita quanto as pessoas imaginavam.

A atenção deles se voltou para a reportagem da televisão - uma descoberta chocante havia sido feita na capital.

"Hoje, a cidade foi surpreendida pela descoberta de malas carregando 10 milhões em dinheiro nas varandas de muitos cidadãos empobrecidos. O benfeitor anônimo deixou todos profundamente gratos, alguns dos quais estavam sem comida por dias por falta de dinheiro para comprar arroz. A comunidade está curiosa sobre a identidade deste misterioso Bom Samaritano."

"Isso não é tudo; hoje, recebemos relatos sobre um 'anjo da guarda' que resgatou 20 meninas das garras do tráfico humano, impedindo sua venda para o exterior. Infelizmente, o rosto do seu salvador não foi visto com clareza, e as meninas ainda não foram interrogadas devido ao trauma que vivenciaram."

O Sr. Rama assistiu às notícias com espanto: "Essas histórias podem ser falsas? Pode alguém tão heróico realmente existir neste mundo?"

O Sr. Dafa riu: "Quem sabe? É como algo saído de um conto de fadas." Mas logo seu sorriso desapareceu e ele pareceu descontente com as notícias do dia.

Sonya, por sua vez, arregalou os olhos em reconhecimento - ela tinha ouvido rumores de um homem libertando garotas sequestradas pela gangue conhecida como The Bloods.

*Quem poderia ser esse homem?* Sonya se perguntou silenciosamente.

Depois do jantar, Damar convidou Nadine para assistir a um filme. Inicialmente, ela queria recusar, mas Sonya aceitou em seu nome, forçando Nadine a acompanhar Damar ao cinema.

Nadine não gostou do filme, pois Damar egoisticamente se entregou à sua escolha sem considerar sua preferência.

Depois do filme, Nadine se assustou quando Damar estacionou seu carro em frente a um hotel.

"Por que estamos em um hotel?" Nadine questionou, franzindo a testa para Damar.

Damar sorriu maliciosamente, confiante na inocência e pureza de Nadine. "Nós dois somos adultos e tenho certeza de que você entende minhas intenções. Além disso, em breve nos casaremos, minha querida."

Nadine, horrorizada, podia sentir sua raiva aumentando. "Desculpe, eu não posso. Você já me decepcionou, Damar."

Ela prontamente abriu a porta do carro e saiu.

"Nadine, espere!" Damar a chamou, mas seu estacionamento irregular atraiu buzinas de um carro atrás dele.

…

As ruas estavam desertas, complicando a busca de Nadine por um táxi.

"Por que um táxi ainda não passou?" Nadine se irritou.

Ela poderia chamar um motorista da mansão para uma carona, mas temia enfrentar a ira de sua mãe, Sonya - a pessoa que ela mais temia no mundo, em vez de encontrar conforto na presença de uma mãe.

Nadine pensou na Srta. A, que não a havia contatado, deixando-a preocupada com a mulher que ela nunca conheceu.

Nadine enviou uma mensagem de texto para a Srta. A, mesmo que seu telefone permanecesse inativo.

[Srta. A, você está bem? Hoje, estou muito triste e sozinha.]

Suspirando, Nadine olhou para a tela do telefone antes de guardá-lo na bolsa. Ela invejou um casal que passou de mãos dadas, imaginando como seria ser mimada por alguém. Desde tenra idade, ela foi moldada para agir com maturidade, nunca tendo permissão para chorar.

O repentino barulho da chuva pegou Nadine de surpresa, forçando-a a procurar abrigo às pressas, mas nenhum estava à vista.

"Ah... por que minha sorte é sempre tão terrível!" ela lamentou.

Surpreendentemente, alguém a abrigou com um guarda-chuva por trás. Ela se virou para ver quem era, seus olhos se arregalando ao reconhecer o rosto da pessoa.

Era inimaginável para ela cruzar o caminho novamente com o homem misterioso que uma vez a ajudou, esperando nunca mais encontrá-lo.

Marvin sorriu enquanto olhava nos olhos de Nadine, tão perto dele, "Nós nos encontramos novamente, Nadine Leonardo."

Nadine engoliu em seco, imaginando se esse homem a deixaria ir se eles se encontrassem novamente.

Embora seu olhar fosse frio, ele enviou um tremor através de seu coração, um olhar que não era estranho para Nadine.

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