Chefe invasivo

Narrado por Suely

Ao chegar em casa eu sentei no sofá deixando a bolsa em qualquer lugar, minha cabeça estava começando a doer.

— Filha está tudo bem?

Minha mãe que estava assistindo tevê me olhou preocupada.

— Está sim mãe, só foi um dia estressante no trabalho. Eu vou tomar uma ducha e relaxar!

Disse me levantando do sofá quando a porcaria do meu celular tocou, eu não atendi porque sabia bem que era o idiota do Taylor, e se ele estiver pensando que eu vou à porcaria desse jantar ele está completamente enganado. Desliguei meu celular e joguei na cama e fui direto tomar um banho.

Quando terminava de pentear meus cabelos ainda enrolada no roupão, minha mãe bateu na porta do meu quarto.

— Filha o jantar essa está pronto!

— Está bem, eu vou me vestir.

Tirei o roupão e peguei um vestidinho soltinho, ao terminar de me vestir acompanhei dona Meredtih e fui explicando o plano que tinha para hoje.

— Mãe quando terminarmos de comer desliga a televisão, apaga às luzes e vamos fingir que não tem ninguém em casa, e por acaso se o meu chefe chamar não responde que ele vai embora.

— Mas pra que tudo isso, Suely?

Perguntou receosa, eu não ia entrar em detalhes até porque por uma razão sem explicação dona Meredtih gostava daquele babaca.

— Só faz isso, por favor!

Pedi encarecidamente quando minha mãe fez uma cara e apontou para a sala, e lá eu pude ver o diabo de jaqueta e de coque samurai acenando pra mim com um sorriso torto nos lábios.

— Boa noite Suely, cheguei cedo de mais e encontrei as luzes acesa ainda.

Eu vou matar, não vai ter jeito qualquer coisa eu alego legítima defesa. Olhei para minha mãe a recriminando com os olhos e sorri mostrando os dentes ironicamente para o pesadelo do meu chefe, que já conseguiu se infiltrar na minha casa de novo.

— O que você quer aqui? Eu estou cansada, liga para a Kelly ela deve está melhor.

— O jantar foi cancelado, por motivos de força maior, precisamos concluir o designe.

— Tá maluco? Eu não vou bater cabeça com mais nada, foi você que apagou então se vira.

Taylor mordiscou os lábios de um jeito irritante, eu odiava quando ele fazia aquilo.

— Ok, eu vou me virar, mas vou precisar de você comigo. Ou a produção irá atrasar se não enviarmos isso logo cedo, eu tentei recuperar depois a arte, mas teve partes da edição que não foi salva, até chamei o pessoal da TI, mas não deu jeito.

Eu ri com vontade, porque eu não estava nem aí.

— Haha, bom trabalho você fez. Acho que não vou dormir hoje de preocupação.

— Eu estou falando sério, Suely.

— E eu também, não tenho nada a ver com isso. Se quiser pode ficar aí só não me chama que vou jantar em paz.

Sai para a cozinha e ao sentar meu traseiro na cadeira, escuto dona Meredtih convidar a visita indesejada para comer conosco.

— Pode vir seu Taylor sente-se conosco para jantar, hoje só está eu e a Suely já que o Michael foi viajar com a família do senhor Anthony.

Falou minha mãe toda sorridente, eu fechei os olhos e respirei fundo antes que jogasse minha comida na cabeça oca do meu chefe. Taylor dava um sorrisinho idiota sentando na minha frente e eu queria esganá-lo.

— Obrigada pelo convite dona Meredtih, eu adoro a sua comida.

Falou todo todo dando uma garfada no bife, eu realmente não sabia quem era o pior, se minha mãe tentando agradar meu chefe galinha que ela nem imagina a peça que é, ou o próprio puteiro ambulante que resolveu se impregnar na minha casa, como se fosse algo mais natural do mundo.

— Pode comer o quanto quiser meu filho, não faça cerimônia.

— Eu quero viu, estou com uma fome daquelas.

Encarei sua cara cínica e até podia imaginar onde ele perdeu suas energias, e não, eu não estava nem aí pra ele, mas o fato dele ficar frequentando minha casa era no mínimo abusivo e irritante.

— Dona Meredtih eu já devo ter falado que a senhora tem mãos de fada?

Disse todo cheio de pompons, tadinha da minha mãe sorria feito boba, eu só analisava a cena.

— Sempre que quiser comer uma comidinha caseira pode vir aqui em casa.

— Coff! Coff! Coff!

Engasguei nervosa, eu não estava sabendo lidar com meu chefe idiota na empresa, quanto mais ele feito assombração nas dependências do meu aconchego.

— Toma uma aguinha, cuidado!

Falou ele se levantando me trazendo um copo d'água, eu deveria jogar na cara dele se não tivesse quase morrendo, acabei tomando de um único gole.

— Filha cuidado é perigoso esses engasgos. Espera que vou pegar a jarra de suco que é melhor.

Assim que minha mãe foi até a geladeira, meu chefe passou a mão nas minhas costas fingindo uma preocupação que eu sei que ele não tinha.

— Está melhor? Desceu?

— Sabe o que vai descer? Minha mão na tua cabeça se não for embora da minha casa, você não é bem-vindo na minha casa Taylor.

— Por que não? Sua mãe parece gostar de mais de mim.