Perfume de carinho

Violeta olha para Werena, sem saber o que dizer, e espera que a moça tome a iniciativa.

Werena — Você... você... é... (impressionada em estar diante de Violeta).

Wendel — Minha irmã, essa é a Violeta. Eu já falei sobre ela para você.

Werena se aproxima lentamente de Violeta, que se levanta da cama e a observa atentamente. Quando Werena chega perto, Violeta estende a mão para cumprimentá-la.

Violeta — Não tenha medo, eu não mordo. (risos)

Werena — Desculpa! (abraça Violeta)

Ao abraçar Violeta, um perfume suave se espalha pelo quarto, e Werena sente uma sensação de alegria.

Werena — Como assim? Que perfume é esse? O que é isso? (sorrindo)

Violeta sorri e diz:

— É só minha forma de dizer "olá, cunhada"! (sorrindo)

Werena fica séria e pergunta:

Werena — Eu sei que você é boa e que tem uma energia do bem, mas meu irmão tem uma namorada. (olha para Wendel e completa) Não tem?

Wendel — Maninha, eu vou conversar com a Jenifer sobre isso.

Werena — Mas... como você pode estar aqui assim? (ainda impressionada com Violeta)

Violeta— Estou ectoplasmada. Estou assim por causa do seu irmão, e a energia que me mantém materializada vem toda dele. Como espírito, eu posso ir onde quiser, mas, ectoplasmada, não posso me afastar muito dele. Entendeu?

Werena — E o perfume? Como você faz?

Violeta — No seu cérebro existem registros de diversos cheiros, bons e ruins. Eu, como espírito, sei exatamente onde agir para que acredite estar sentindo este cheiro. É mais ou menos como hipnose; apenas sugiro, inconscientemente, que você sinta.

Werena — Você é linda! (mexe nos cachos do cabelo de Violeta)

Wendel — Ah, maninha! Daqui a pouco você vai querer roubar meu fantasma! (diz brincando)

Werena sorri e diz:

Werena — Ah! Pode deixar que já estou indo. Mas, por favor, não vá embora sem falar comigo!

Violeta — Não vou! (sorrindo)

HORAS DEPOIS...

Quase ao anoitecer, Werena manda uma mensagem para Jenifer, perguntando onde ela está. Jenifer responde que está na beira do rio, embaixo da árvore. Werena vai até lá.

Jenifer está sentada à beira do rio, perto do local onde dormiu certa vez e uma cobra se enrolou em seu pescoço. Naquela ocasião, ela foi salva por Violeta, mas como estava dormindo, não se recorda e só sabe disso porque Wendel contou o que aconteceu. No entanto, ela não sabe que foi Violeta quem a salvou.

Werena — Oi, amiga! O que está fazendo aí?

Jenifer — Só espairecendo.

Werena — Ah, tá! Entendi! E meu irmão?

Jenifer — Não sei! Nos últimos dias ele tem me deixado sozinha e não tem mandado muitas mensagens.

Werena — Ele vai conversar com você. Ele me disse.

Jenifer — Conversar sobre o quê? Será que vai terminar comigo?

**Werena** — Não! Duvido! Eu conversei com ele hoje\, mas não vou adiantar nada\, porque não acho certo me envolver na vida de vocês. Mas acho que é só uma fase. Logo tudo volta ao normal.

Jenifer— Eu não sou uma namorada grudenta ou pegajosa. Vou esperar ele vir falar comigo.

À NOITE, WENDEL E VIOLETA SE ARRUMAM PARA IR AO CINEMA.

Wendel — Não diga que você não tem roupa para ir? (diz brincando)

Violeta — Para, seu bobo! (risos) Eu vou como você imaginar que devo ir. Pense em algo bonito.

Wendel fecha os olhos por um momento e, num instante, Violeta está vestida com um vestido curto preto, com decote que valoriza seu corpo. Ela usa salto baixo e carrega uma bolsinha que combina com o vestido. Seu cabelo cacheado está solto, adornado com uma flor vermelha e brilhante.

Wendel — Faltou algo?

Violeta — (risos) Como sou um fantasma moderno... (pensa em um relógio dourado, que logo aparece em seu pulso)

Wendel — Vamos, vou chamar um carro pelo aplicativo para nos levar.

Eles seguem até um shopping no centro da cidade. Violeta fica impressionada com as luzes, lojas e pessoas. Ela passa por um quiosque de sorvete e pede um.

Wendel — Violeta, se você pensar em dinheiro, ele não aparece na sua bolsa?

Violeta cai na gargalhada e diz:

Violeta — Sim, amor! Mas nós não podemos fazer isso!

Wendel— Por quê? (curioso)

Violeta — (acaricia o rosto de Wendel) Porque é crime, amor. A nota não terá um número de série real, e isso vai me ser cobrado de alguma forma no mundo espiritual. Se eu quisesse, poderia induzir alguém a me dar, mas não podemos fazer isso. O livre-arbítrio é um bem sagrado e, quando um espírito interfere nisso, comete um erro no mundo espiritual. Mais cedo ou mais tarde, terá que pagar.

Wendel — Entendi.

Wendel tira a carteira do bolso e paga pelo sorvete.

Violeta — E é muito mais legal ver você comprar com o seu suor algo que eu quero. (o olhar de Violeta transmite o carinho que tem por Wendel)

Violeta experimenta o sorvete, e sua felicidade é tanta que o perfume que ela gosta se espalha pelo shopping, enquanto pétalas de rosas brancas caem em vários locais. As pessoas acreditam que é algum efeito de decoração do shopping.

Violeta vê casais de mãos dadas e se beijando. Onde passa, os casais sentem-se mais apaixonados sem saber por quê. Wendel percebe e diz:

Wendel — Violeta, pare com isso! (rindo)

Violeta — Não é proposital, eu só estou feliz.

Wendel — Está contagiando as pessoas!

Violeta— Não é pecado! Fique tranquilo! (se agarra ao braço de Wendel, em um gesto de carinho)

Naquela noite, eles assistem ao filme, e Violeta fica fascinada do início ao fim, como se fosse a primeira vez que vai ao cinema.

Ao saírem, chamam um carro pelo aplicativo. Quando passam em frente a um motel, Wendel pede ao motorista para entrar, mas ao se aproximar, Violeta sente uma energia ruim e grita:

Violeta — Não!

Wendel se assusta e pergunta:

Wendel— O que foi?

Violeta — Eu não posso entrar!

O motorista acha que Violeta está nervosa por ser jovem e aconselha Wendel a respeitá-la.

Violeta — Não, senhor... (diz ao motorista) Não é isso. Está tudo bem.

Na porta da casa de Wendel, Violeta explica:

Violeta — Eu não posso entrar lá porque está cheio de espíritos ruins e perversos, envolvidos com traições, mentiras e até morte. Essas energias me fazem mal.

Wendel — Ah, entendi! Podemos ir a outro lugar?

Violeta — Não, você não entendeu, amor. Todos os lugares assim têm essa energia pesada. Eu até posso entrar, mas corro o risco de me envolver e deixar de ser eu mesma. Entende?

Wendel — Acho que sim.

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