Werena teve que sair logo pela manhã para fazer algumas compras, e o local onde ela foi ficava perto da funerária. Decidiu então passar lá para ver Joziel.
Ela entra na funerária, e Joziel está deitado no sofá mexendo no celular.
Werena — Bom dia!
Joziel — Bom dia! (Ele se levanta e beija Werena.) O que veio fazer aqui?
Werena — Te ver! (sorri)
Joziel — Ah é?! Fico feliz.
Werena — Meu irmão saiu daqui a que horas?
Joziel — No mesmo horário de sempre. Bem cedinho, assim que o sol raiou. Estava com uma conhecida... amiga... sei lá...
Werena franze a testa e, curiosa, pergunta:
Werena — Amiga? Como ela é?
Joziel — Bonita, viu! Bem morena, cabelos cacheados e olhos negros, hipnotizantes.
Werena — Ah, pelo visto você gostou, né? (com ciúmes)
Joziel — Werena, eu só estou sendo sincero. Ela é bonita, mas eu gosto de você. (Beija Werena novamente)
Werena — Ele disse quem era essa moça?
Joziel — Disse que era uma amiga. Achei estranho, pois sei que ele gosta da Jenifer.
Werena — Ele ama a Jenifer! Ama! Mas está envolvido com essa tal de Violeta!
Joziel — Aquela das visões dele? Então era ela! Agora me lembrei!
Werena — Sim! Eu não sei o que fazer. A Jenifer não merece ser abandonada, não merece sofrer, a pobre.
Joziel — Mas acho que o Wendel não fará isso! Creio que seja só uma fase da vida dele. Amor, ela está morta. Ela não pode ficar com ele na vida real.
Werena — Sim, mas vou conversar com ele.
Enquanto Werena fala com Joziel, entram algumas pessoas para tratar de um funeral, então ela diz que irá até o cemitério e retornará depois, para não atrapalhar a família e Joziel no trabalho.
Quando ela está entrando no cemitério, Tex a avista e acena com a mão. Werena tenta seguir em frente sem falar com ele, mas ele se aproxima.
Tex — Você sumiu! O que aconteceu?
Werena — Muitas coisas para fazer, estudos, você sabe como é.
Tex nota que ela está fria e diz:
Tex — Entendi. (sem graça)
Werena — Desculpa, eu não estou muito bem. Outra hora a gente se fala, tudo bem?
Tex sente que perdeu Werena e que ela não será dele.
Enquanto isso, no quarto de Wendel, ele cai no sono. Violeta está deitada ao seu lado e percebe que ele dorme profundamente. Ela decide encontrá-lo no momento em que ele se desprender do corpo durante o sono, mas antes observa o rosto dele adormecido.
Ela passa a mão suavemente pelo rosto de Wendel e sente sua respiração. Os olhos de Violeta exploram o rosto dele, e ela o acha perfeito.
Baixinho, ela diz:
Violeta — Eu te amo! Amo este corpo atual e o de antes, mas acima de tudo amo o espírito que você é! Agradeço a Deus por ter te colocado nos planos da minha trajetória. Não sei se voltarei a te ver depois desta semana, mas agradeço a Deus por você.
Violeta beija os lábios de Wendel, de forma muito suave, e deita-se calmamente ao lado dele, concentrando-se. Logo, ela se vê em frente a uma construção antiga. O local, tanto por dentro quanto por fora, tem pouca luz; tudo parece sombrio, com cores apagadas e uma sensação de melancolia.
Ela percebe que está no Umbral, diante do lugar onde costuma ficar, uma construção que parece uma casa velha, sem portas e janelas. Wendel aparece na casa e caminha até a entrada, vendo Violeta do lado de fora, olhando para ele.
Wendel — Que lugar horrível é este?
Violeta fica em silêncio.
Wendel — Você fica aqui?
Violeta — Ficava! Daqui a alguns dias, eu não ficarei mais! (diz, séria)
Wendel olha ao redor, mas não vê muita coisa além de escuridão e névoa.
Wendel — O preço para você sair daqui é me abandonar? (diz com um certo tom de raiva)
Violeta — Eu nunca vou te abandonar. Mas tenho que seguir meu caminho.
Wendel se senta nos degraus da construção, revoltado.
Wendel — Isso não é possível! Alguém ama outra pessoa, quer estar com ela, e ainda é castigado por isso.
Violeta se aproxima de Wendel, se senta ao lado dele e o abraça, sentindo a profunda tristeza que o consome. Ela diz:
Violeta — O amor que há em você está me tirando daqui. Até Jesus, sem culpa, foi castigado por nos amar. Tudo tem um preço, meu amor, e estou pagando o meu para poder estar com você, mesmo que por pouco tempo.
Wendel tem uma ideia, mas a guarda para si. Ele olha para Violeta e a beija. Ela percebe que as energias dele mudaram, mas não entende por quê. Sentindo o ambiente pesado, ela estala os dedos e diz:
Violeta — Você precisa acordar, meu amor. Precisa ir embora daqui! (preocupada)
Wendel acorda com Violeta sacudindo-o, como se tivesse saído de um sonho. Ela olha para ele e diz:
Violeta — Tive que te acordar.
Wendel — Tudo bem.
Violeta ainda sente que ele está estranho, mas não sabe o motivo.
Wendel começa a beijá-la e a acariciar seu corpo, e Violeta acha estranho sentir prazer como se estivesse viva. Ela começa a corresponder e, mentalmente, Wendel a desnuda completamente. Violeta se entrega ao momento, mas antes de consumar o ato, percebe a intenção de Wendel.
Ela lembra do olhar desconfiado de seu mentor e, como se recebesse um sinal, desaparece, deixando Wendel sozinho na cama. Ele ouve a voz dela, invisível, em seu quarto:
Violeta — Isso que você está pensando nunca daria certo.
Wendel — Apareça!
Violeta — Se você fizer isso, sabe o que acontece?
Wendel — Do que você está falando? Fazer o quê? (diz, tentando disfarçar suas intenções)
Violeta — Se você jogar sêmen no meu corpo ectoplasmado, vai me prender no corpo de uma criança. No parto, os médicos vão pensar que a mãe morreu, mas eu passarei para o corpo do bebê. Isso nos prejudicaria.
Wendel percebe que não pode esconder seus pensamentos de Violeta e diz:
Wendel — Me desculpe, mas não sei mais o que fazer. Não quero que você vá embora. (quase chorando)
Violeta — Não posso ficar presa para sempre no Umbral, Wendel.
Violeta reaparece, senta-se na cama e o abraça.
Violeta — Me leva ao cinema?
Wendel ergue os olhos e sorri.
Wendel — Você nunca foi, né?
Ela balança a cabeça em negação.
Wendel — Deixe-me descansar só mais um pouco.
Wendel se deita, mas antes de fechar os olhos, Werena entra em seu quarto sem bater. Ela vê Violeta sentada na cama e fica espantada com a beleza da jovem, a mais linda que já viu.
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Atualizado até capítulo 22
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